terça-feira, 8 de setembro de 2015

Não Viu? O Stuart Recomenda! - "Valente"

Valente
(Brave)
Direção: Mark Andrews e Brenda Chapman
Disponibilidade: Download/Online

Por Obi-Wan



         Lançado pouco tempo depois da compra da Pixar pela Disney, "Valente" virou uma espécie de símbolo dessa transação. Carregando o selo de uma produção da Pixar, "Valente" é completamente diferente de tudo que o famoso estúdio havia feito antes, e não apenas por ser seu primeiro filme com uma protagonista mulher, ou ser o único a se passar completamente no passado. A estrutura narrativa do filme não tem nada de parecido com filmes como "Toy Story", alinhando-se muito mais com as clássicas fábulas e histórias sobre reinos dos filmes da Disney. Porém, "Valente" também não se encaixa perfeitamente nessa fórmula, pois sua protagonista, Merida, não é uma princesa comum, mas uma jovem que se rebela contra aquilo que ditam seus pais e a tradição de seu povo, recusando-se a fazer tudo que sua mãe considera que uma princesa deveria fazer, incluindo casar-se com um dos filhos dos líderes dos 3 clãs subordinados a seu pai.

         É nessa mistura de elementos de ambos os estúdios, a fórmula de história de princesa da Disney e as inovadoras ideias da Pixar, que "Valente" encontra sua essência, e seu sucesso. Essa interseção entre dois estilos de se fazer animação dá aos criadores do filme a oportunidade de libertar sua imaginação, criando personagens interessantes e, principalmente, um cenário muito diferente e intrigante, uma Escócia antiga (acredito que por volta do século VIII ou IX) que mistura elementos reais e ficcionais, história e lenda. Dois aspectos são cruciais para essa competente construção: as vozes dos personagens e a tecnologia empregada no filme. Todas as vozes foram muito bem escolhidas pela produção, pois além de combinarem perfeitamente com os personagens, a maior parte dos atores são realmente escoceses e empregam seus sotaques reais na dublagem, criando um importante senso de naturalidade. O maior exemplo disso é a dublagem perfeita feita por Kelly Macdonald, que apesar de ter mais de 30 anos quando o filme foi produzido, consegue convencer como uma personagem adolescente. O outro elemento que considero fundamental para o sucesso de "Valente" é a tecnologia. O visual do filme nos impressiona logo de cara, com seus vastos cenários extremamente detalhados e bem construídos. Mas o verdadeiro destaque é a absurda fidelidade de detalhes do cabelo da protagonista, que parece genuinamente ter vida própria. Isso tudo tem um custo: o orçamento do filme é estimado em 185 milhões de dólares, sendo que os animadores desenvolveram novas tecnologias especificamente para construir este filme.
           No sentido da narrativa, "Valente" possui e alcança menores pretensões. Com 3 atos muito bem demarcados, Merida passa pela clássica jornada que o cinema hollywoodiano reserva para abordar o relacionamento entre mãe (pai) e filha(o). No primeiro ato Merida entra diversas vezes em conflito com sua mãe, demarcando suas (muitas) diferenças. No segundo, ela faz algo insensato na esperança de eliminar os conflitos, apenas para se arrepender no terceiro ato e descobrir a si mesma e o amor que tem por sua mãe, aprendendo a lidar com as diferenças. Portanto, há em "Valente" uma clássica "moral da história" característica das fábulas, mas não se pode esperar do filme a mesma profundidade de reflexão sobre sentimentos humanos presente nos melhores filmes da Pixar. "Valente" pretende ser uma divertida história de um tempo passado, com alguns ensinamentos. Nisso o filme é bem sucedido, fazendo sua curta duração de 1 hora e 30 minutos passar praticamente despercebida, diluída em uma animação extremamente divertida, a qual eu (e o Stuart) recomendamos. (este texto é fruto de um pedido e uma sugestão de um leitor, Stuart, que desde o começo tem nos apoiado em nossas desajeitadas empreitadas. A ele, dedicamos este texto e nosso mais sincero agradecimento)






Han, Obi- Wan (e Stuart) recomendam!

Nenhum comentário:

Postar um comentário