segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Não Viu? Eu recomendo! - "Senhores do Crime"

Senhores do Crime
(Eastern Promises)
Direção: David Cronenberg
Disponibilidade: Netflix/Download/Online

Por Obi-Wan



       Por uma série de motivos, "Senhores do Crime" não é (apesar do clichê título brasileiro) um típico filme de máfia. O primeiro desses motivos é o cenário: o filme se passa em Londres, não nos Estados Unidos. O segundo está no protagonista: Nikolai (Viggo Mortensen) não faz parte de nenhuma família importante da máfia russa, mas é um policial infiltrado pela inteligência de seu país, com a missão de ir galgando posições na linha de comando. Esta narrativa é bastante arquetípica e havia sido executada com perfeição no ano anterior por "Os Infiltrados" (2006). No entanto, o que torna o filme de Cronenberg interessante e diferente são os vários pontos de vista que podemos acompanhar no desenrolar da trama. Nikolai gradativamente transforma-se em protagonista, mas isso não é estabelecido logo no começo (ele está tão bem infiltrado que nem nós, assistindo o filme, percebemos que ele é um espião). Não temos nenhuma narração por parte de tal personagem, não vemos sua história antes de chegar a Londres e nem como ele se conseguiu se infiltrar em um círculo tão pequeno e cheio de regras. Esse mistério em relação ao protagonista é um elemento extremamente interessante.

sábado, 29 de agosto de 2015

Crítica: "It Follows"

Corrente do Mal
(It Follows)
Horror/Suspense
Data de estréia no Brasil: 27/08/2015
Direção: David Robert Mitchell
Distribuição: RADiUS-TWC


    Ahhhhhh, as adaptações de título brasileiras e sua compulsiva atração pelo clichê. É impressionante observar o estritíssimo padrão seguido: grande parte dos títulos difíceis de se traduzir ganham um complemento genérico, que é geralmente "do amanhã" para as ficções-científicas, "do amor" para comédias românticas e "do mal" para os filmes de terror. Seguindo essa lógica, "It Follows", título que define de maneira perfeita sobre o que o filme se trata e o clima geral de suspense que o cerca, virou por aqui o genérico "Corrente do Mal", que não se mantém verdadeiro ao filme e induz uma audiência desatenta a acreditar que este se trata de um terror no sentido mais estrito do termo, cheio de ação e cenas aterrorizantes, algo que "It Follows" definitivamente não é.

domingo, 23 de agosto de 2015

A Cruzada (2005): Uma pequena redenção de Hollywood


Por Obi-Wan

         Não deve ser novidade para ninguém que Hollywood vem há pelo menos 50 anos construindo uma imagem vilanesca e caricata do povo árabe. Sempre que um muçulmano é personagem de algum filme norte-americano, ele é quase sempre o vilão, cruel, terrorista, fanático religioso e desprovido de compaixão. Ou então é um alívio cômico, um personagem ignorante e ultrapassado, abaixo do nível dos outros personagens do filme e que serve para fazê-los rir. Os motivos dessa absurda caricaturização de um povo inteiro são principalmente políticos, visto que esta teria ficado mais forte nos anos 70, depois da crise do petróleo. Porém, antes disso já se existia uma enorme ignorância em relação ao "Oriente". "Lawrence da Arábia" (1962), um dos melhores épicos de todos os tempos, representa os árabes durante a Primeira Guerra Mundial como tribalistas violentos que não conseguiriam ter paz entre si sem a presença salvadora do homem branco britânico. Já na década de 90, após a Guerra do Golfo, temos o claro exemplo de "True Lies" (1994), onde os árabes são tanto vilões sem almas quanto ignorantes, e Schwarzenegger parece descarregar o ódio de toda uma nação em cima do personagem árabe. Para ver tudo isso de forma detalhada, basta assistir "Reel Bad Arabs: How Hollywood Vilifies a People", excelente documentário sobre o tema, disponível no YouTube.



terça-feira, 18 de agosto de 2015

John Hughes "Curtindo a Vida Adoidado"


Por: Han Solo

Começando com dramas pesadíssimos como “Touro Indomável” e “Gente Como a Gente”, indo até a câmera frenética de Assassinos por Natureza e os dramas humanistas e tocantes “Meu Pé Esquerdo” e “Sociedade dos Poetas Mortos”, os anos 80 representam um período de superprodução do sistema hollywoodiano (algo que culminaria com a retomada de força do cinema independente dos anos 90, mas isso é assunto para um outro post), sendo esta uma época na qual o desenvolvimento tecnológico advindo dos Blockbusters dos anos 70 e o refinamento artístico de mais de meio século puderam abrir espaço para uma imensa possibilidade temática e visual nas produções da época.


sábado, 15 de agosto de 2015

Crítica: "Missão: Impossível - Nação Secreta"

Missão: Impossível - Nação Secreta
(Mission: Impossible - Rogue Nation)
Ação/Aventura - 2015 (Estados Unidos)
Data de Estréia no Brasil: 13/08/2015
Direção: Christopher McQuarrie
Distribuidora: Paramount Pictures


       Chega aos cinemas brasileiros nessa semana "Nação Secreta", quinto filme da série Missão Impossível. Pouquíssimas franquias conseguem chegar a essa grande quantidade de filmes. Fazer isso e ainda conseguir que o quinto filme seja o melhor de todos é um feito ainda mais considerável. Assim como Velozes e Furiosos, Missão Impossível conseguiu achar uma maneira de se reinventar, ressuscitando uma franquia que parecia não poder mais render bons frutos. Desde o terceiro filme, dirigido por J.J. Abrams, novos diretores assumem a difícil tarefa de trazer algo novo, ainda que mantendo-se dentro de uma certa fórmula que sempre foi marca de todos os filmes da franquia. "Nação Secreta" segue, portanto, o tradicional padrão de um Ethan Hunt e sua equipe agindo de maneira independente, sempre cortados da IMF por algum motivo. Nesse caso, a própria agência é temporariamente desligada e Hunt deixado sozinho em sua luta contra o Sindicato, tornando-se um fugitivo (de novo).

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Não Viu? Eu Recomendo! - "Wal-Mart: The High Cost of Low Price"

Wal-Mart: The High Cost of Low Price
Direção: Robert Greenwald
Disponibilidade: Netflix/Download/Online

Por Obi-Wan



      Em direto contraste com as políticas da empresa sobre o qual o filme trata, "Wal-Mart: The High Cost of Low Price" (2005) (ou "o alto custo do baixo preço") é logo de cara extremamente honesto sobre suas pretensões. Do começo até o fim, este documentário é cercado por uma clara atmosfera de denúncia. Em sua duração de aproximadamente 98 minutos, o longa se estrutura de maneira extremamente inteligente: nos momentos inicias acompanhamos um discurso proferido pelo CEO da companhia, Lee Scott, no qual ele destaca várias práticas positivas promovidas pela companhia para qual trabalha. A partir disso, o diretor do filme, Robert Greenwald, vai desmentindo em tela cada uma das afirmações que Scott é mostrado fazendo. Assim, Greenwald não acusa somente as absurdas práticas promovidas pela gigante empresa, mas também aponta sua aparentemente infinita hipocrisia.

sábado, 8 de agosto de 2015

Crítica: "Quarteto Fantástico"

Quarteto Fantástico
(Fantastic Four) 
Ação/Aventura - 2015 (Estados Unidos)
Data de Estréia no Brasil: 06/08/2015
Direção: Josh Trank
Distribuidora: Twentieth Century Fox Film Corporation


     No início dos anos 2000, certamente incentivada pelo enorme sucesso dos dois primeiros filmes da franquia X-men, a Fox deu início à produção do filme que traria para as telas a origem do outro supergrupo dos quadrinhos da Marvel comprado pelo estúdio nos anos 90. Assim surgia, em 2005, um dos piores filmes de super-herói já feitos (sendo que a mesma Fox já havia lançado o péssimo "Demolidor"). Em mais uma decisão surpreendentemente estúpida do estúdio, chega aos cinemas em 2007 a sequência, que conseguiu a façanha de ser pior que seu antecessor. Bem meus caros, a Fox havia conseguido se superar. Quando foi anunciado que que mais um filme da já extremamente danificada franquia estava em produção, surgiu entre todos nós a esperança de que um excelente filme poderia nos fazer esquecer dos péssimos filmes anteriores, quem sabe levando até a crossovers no cinema com os X-men. Aparentemente tudo estava saindo como planejado, o estúdio contratou um ótimo jovem diretor, acertou nas escalações dos atores e lançou um bom primeiro trailer. As expectativas estavam altas e... adivinhem? Eles conseguiram de novo! Sim, esse filme me fez esquecer os anteriores, porque conseguiu ser ainda pior. Essa franquia está absolutamente morta. Mas como paguei meu ingresso para assistir essa atrocidade em forma de filme, vou pelo menos tentar tirar algum proveito em falar mal sobre ele.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Não Viu? Eu Recomendo! - "The Death of Superman Lives"

The Death of "Superman Lives": What Happend?
Direção: Jon Schnepp
Disponibilidade: Download/Online

Por: Obi-Wan



          Nada resume melhor os filmes de super-herói nos anos 90 do que aquela bizarra foto de produção, que circula na internet de tempos em tempos, mostrando um cabeludo Nicholas Cage vestindo o traje do Superman. Aquele filme, que teria Tim Burton como diretor, esteve muito mais perto de acontecer do que acredita-se, contando com quase todos os estágios de produção prontos para a filmagem quando foi cancelado. É essa incrível história de bastidores que nos conta "The Death of Superman Lives", dirigido pelo grande nerd Jon Schnepp, que admite logo no começo do filme a fascinação que sempre teve pela história do projeto. Schnepp faz com este documentário uma incrivelmente extensa compilação de entrevistas, desenhos conceituais, fotos e vídeos de produção, conseguindo de maneira extremamente competente juntar todos esses elementos em uma narrativa coesa que tenta decifrar a essência do que teria sido certamente o filme de super-herói mais mirabolante já feito.