(Fifty Shades of Grey)
Erótico/Drama/Romance - 2015 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil: 12/02/2015
Direção: Sam Taylor-Johnson
Distribuidora: Universal Pictures
(Obs.: Eu não
li as obras originais da autora E.L. James, logo esta crítica não leva em
consideração a adaptação do livro. De qualquer modo, a minha analise se dá em
relação ao filme e não aos livros, sendo tal leitura irrelevante
para essa crítica.)
Cinquenta
Tons de Cinza é um filme que se vende pelas cenas de sexo, que se constrói em
um drama amoroso e que falha miseravelmente em ambos. O filme apresenta problemas
de roteiro, plot, atuações e tom de narrativa ao mesmo tempo em que representa
tudo o que há de mais errado com a indústria Hollywoodiana: Um filme ruim,
feito para um público alvo sedento por uma adaptação “fiel”, que ganhará
milhões e lucrará ainda mais com suas continuações.
Adotando uma
estrutura absurda de praticamente dois atos, o roteiro do filme se desenrola da
seguinte forma: um ato de 10 minutos para “apresentar os personagens” e criar a
relação deles e um segundo ato que se estende pelo resto do tempo com a absurda
dinâmica de mais de uma hora e meia de idas e vindas que inexplicavelmente não dizem nada dos personagens
que nós já não tivéssemos notado na primeira cena do casal juntos. Ela é tímida
e com uma péssima auto-estima e ele é controlador que trata tudo como objeto.
Qualquer informação maior dos personagens é irrelevante visto que elas parecem
estar ali muito mais para suas futuras continuações do que para nos dar
qualquer carga psicológica dos personagens.
Tudo isso
ainda poderia ser interessante se as atuações funcionassem, mas nem isso o
filme nos dá. Ainda que Dakota Johnson se esforce, mesmo, para tentar criar algo
interessante com sua Anastasia Steele a partir do péssimo roteiro, Jamie Dornan
cria um Christian Grey que faz com que o Edward de crepúsculo seja o cara com
mais expressão facial do mundo, já que as suas emoções variam entre um olhar severo e
um sorriso que tenta mostrar charme. E já que falei das atuações principais,
devo dizer que fazia tempo que não via um casal tão sem química quanto Anastasia
e Christian, em todas as cenas os dois parecem desconfortáveis, não parecem um
casal verossímil, e em qualquer filme que gire em torno de uma história de amor
(?) é vital que não só simpatizemos com os personagens como ainda assim
torçamos para estes, algo que aqui não acontece de maneira alguma.
Como se já
não bastasse entediar em sua dinâmica, o filme ainda apresenta um grande
problema em relação ao seu tom. Parece que os realizadores não sabiam o que
fazer entre as cenas de sexo e ficaram tateando em busca de alívios cômicos e
frases de efeito. O resultado é um só: Nem uma das piadas que o roteiro utiliza
funciona de verdade, por outro lado, as frases de efeito, essas sim, funcionam
como um grande alivio cômico. Como não rir quando Christian Grey manda um “Até
mais tarde, baby”?; Como não sentir vergonha alheia quando o mesmo fala a
pavorosa frase “Como eu queria morder essa boquinha!”?; ou, como não gargalhar
ao ricaço mandar a perola “Eu não faço amor. Eu fodo... Forte!”?.
Mesmo os
elementos de sadomasoquismo e problemas psicológicos que poderiam representar
bons momentos, no longa são utilizados de forma ridiculamente simples. No final
das contas temos uma visão de que as tais práticas sexuais só são feitas por pessoas perturbadas e nunca possuímos uma visão real do que as motiva para tais práticas (prazer e trauma se intercalam), tratando ainda as mulheres como submissas á qualquer homem bonito
e com dinheiro, mesmo que este não possua um pingo de escrúpulos. E, ainda
assim, quando as cenas de sexo chegam estas são feitas de forma mecânica e sem
inspiração nenhuma. Não chocam, não se mostram sensuais, não representam nada de
novo em relação aos filmes que trabalham com uma temática sexual. Em outras
palavras, as cenas de sexo são chatas tornando o restante do filme insuportável.
Surgindo
desde os seus momentos iniciais como uma produção que se rende ao óbvio, iniciando a projeção com um céu cinza e apresentando a característica de "estabanada" da
protagonista com um tropeço, esta abominação em forma de filme talvez seja uma obra incompreendida e possa, na verdade, ser um exercício metalinguístico realmente eficiente: transformou
aos poucos o meu prazer de ver filmes em uma experiência dolorosamente ruim.
Horrível!
Por Han Solo
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