sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Crítica: "Corações de Ferro"

Corações de Ferro
(Fury)
Guerra/Ação- 2014 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil: 05/02/2015
Direção: David Ayer
Distribuidora: Sony Pictures Releasing


        A Segunda Guerra Mundial é um dos assuntos que mais renderam filmes em Hollywood. Ainda assim, a premissa da qual parte"Corações de Ferro" consegue trazer originalidade ao explorar um lado muito pouco mostrado em todos esses filmes: o interior de um tanque de guerra. E, o que é igualmente interessante, o arco do filme se passa em Abril de 1945, período em que os aliados já avançavam suas tropas em direção a Berlim e o Nazismo dava seus últimos suspiros. Porém, como é muito bem explorado pelo filme e vendido em seus pôsteres, "a guerra nunca acaba de maneira silenciosa".

            Logo na primeira cena do filme já somos levados para o interior de Fury, tanque de guerra onde o Sargento Don "Wardaddy" Collier e o resto de sua tripulação vem há anos operando sua fortaleza ambulante em combate aos soldados alemães. É aparentemente nessa batalha  que um desses 5 membros perde sua vida, fazendo com que Norman Ellison, interpretado por Logan Lerman, seja designado para substitui-lo.
           É na dinâmica entre esses 5 homens, principalmente quando estão em combate dentro de Fury, que "Corações de Ferro" tem seus melhores momentos. Todos os cinco atores, Brad Pitt, Michael Peña, Jon Bernthal, Shia LaBeouf (sim, até ele) e principalmente Logan Lerman dão aqui ótimas performances, conseguindo criar um bom entrosamento entre seus personagens. Infelizmente, o roteiro do filme desenvolve de maneira individual apenas os personagens de Don e Norman. Enquanto o sempre ótimo Brad Pitt consegue dar uma grande profundidade ao experiente e endurecido veterano de guerra, Lerman mostra aqui verdadeiro potencial ao interpretar o novato Norman, um jovem de 19 anos sem nenhuma experiência de combate, mas que rapidamente aprende a primeira regra de qualquer guerra: "ou ele ou eu".
          Mantendo-se fiel a sua premissa original, a relação entre os 5 tripulantes de Fury evita a cansada fórmula do "Irmãos de Guerra", mostrando os inúmeros conflitos que fatalmente vão surgir entre homens que estão há anos lutando por suas vidas, em seu extremo limite emocional e psicológico. Soldados em uma guerra se protegem e morrem lado a lado, mas isso não significa que sua relação seja sempre pacifica. O que "Corações de Ferro" faz é eliminar aquela situação clichê do soldado de outro batalhão que provoca o novato, nesse caso Norman, sem nenhum motivo aparente, fazendo com que seus companheiros venham em sua defesa. O que ocorre aqui é uma instável linha entre a provocação e agressividade, que  partem dos membros de sua própria tripulação para com Norman. O personagem acaba tendo seu arco muito comprimido e apressado, mas a incrivelmente rápida evolução que demonstra em tela é compreensível, dada a constante situação de vida ou morte em que se encontra.
          A produção de "Corações de Ferro" é incrivelmente bem feita, assim como seus efeitos visuais, constituindo juntos um dos melhores elementos do filme. Vemos em tela uma violência visceral, inevitável para filmes que se dedicam a mostrar a linha de combate na Segunda Guerra. A direção de David Ayer começa muito bem, dando um estilo muito particular para o filme, porem acaba por cair um pouco de qualidade, principalmente durante o clímax, que apresenta conflitos extremamente confusos (alguém ai viu aquele céu escurecer?). A trilha sonora soa exagerada em vários momentos do filme, principalmente em dado momento quando acaba por glorificar a execução de um oficial da SS, deixando a cena um incômodo ar de sadismo.
        "Corações de Ferro" apresenta um sério problema de ritmo. O filme, que começa de maneira eletrizante, vai perdendo gás ao longo do caminho, arrastando-se demais em seu segundo ato e apresentando um clímax que não empolga da maneira como deveria. Porem, o filme acaba com um saldo positivo, principalmente pela inovação que traz ao mostrar a dinâmica dentro de um tanque de guerra, e o ainda pouco explorado ultimo ano da Segunda Guerra Mundial.

PS: evite assistir o trailer do filme, ele entrega demais da trama, principalmente do clímax.

 
         



Ótimo

Por Obi-Wan

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