quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Crítica: "Para Sempre Alice"



Para Sempre Alice
(Still Alice)
Drama- 2014 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil: 12/03/2015
Direção: Richard Glatzer e Wash Westmoreland
Distribuidora: Sony Pictures Classics


       "Para Sempre Alice" conta a fictícia história de Alice Howland, uma renomada professora da Universidade de Columbia que vai aos poucos tendo sua memória deteriorada por um raro tipo de Alzheimer. O filme começa mostrando simples lapsos de memória e acompanha a personagem por vários estágios de desenvolvimento de sua doença, focando-se na relação de Alice com sua família.
      Como é de se esperar a partir da sinopse, "Para Sempre Alice" se apoia muito em um bom roteiro e principalmente em uma incrível performance de sua protagonista, Juliane Moore, atriz que recebeu pelo filme sua quinta indicação ao Academy Awards e é a favorita absoluta para ganhar o prêmio. Basta alguns minutos de "Para Sempre Alice" para descobrirmos  o porquê. A performance de Moore é absolutamente convincente, expondo em tela cada mínimo traço da personalidade de Alice, seus medos, suas preocupações. Os melhores momentos da atriz, e do roteiro, se dão nos primeiros estágios da doença, quando Alice precisa enfrentar a assustadora perspectiva de ir aos poucos se transformando em outra pessoa.

        Apoiado na fenomenal performance de Moore, o roteiro tem alguns excelentes momentos de uma incrível sensibilidade, sempre acompanhando Alice a cada nova dificuldade enfrentada pela personagem. A já mencionada relação da personagem principal com seus familiares também tem seu mérito, e contribui muito para a construção da personagem principal em vários momentos. O problema é a inconstância com que isso acontece. O filme parece se esquecer completamente de alguns personagens, não lhes dando uma suficiente continuidade em tela, impossibilitando um maior desenvolvimento. Os dois coadjuvantes que recebem mais atenção da narrativa são o marido de Alice, John e uma de suas filhas Lydia. Ambos os atores, Alec Baldwin e Krinsten Stewart (me surpreendo muito por dizer isso) mostram relances de ótimos personagens, mas são logo cortados pelo roteiro, que não lhes dá oportunidades o suficiente para nada muito elaborado.
         Como estamos falando de um filme que observa a deterioração de seu personagem principal, a comparação de "Alice" com "A Teoria de Tudo" é inevitável, e muito bem vinda. Enquanto o filme sobre Stephen Hawking exagera na leveza com que encara as dificuldades de seu personagem principal, "Para Sempre Alice" faz o oposto. Claro, o filme aborda um tema extremamente delicado e triste, porém sinto que o tom do filme é depressivo cedo demais, com uma trilha sonora muito pesada em lamentação, que aparece logo nos primeiros minutos e se mantém uma constante através de todo o filme. O filme deveria ter mostrado mais a Alice Howland bem sucedida e feliz, para dar nos dar uma maior amostra do sentimento de pesar que a personagem sente ao pensar em perder aquela vida.
       "Para Sempre Alice" é um filme que consegue explorar de maneira extremamente sensível as aflições de alguém que vê aos poucos perder todos os traços de sua própria personalidade. Pequenos deslizes de roteiro e de direção certamente não tiram a força deste poderoso filme, que certamente merece ser assistido e ficará por um bom tempo na memória de quem o fizer.








Ótimo

Por Obi-Wan

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