segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Crítica: "A Teoria de Tudo"

A Teoria de Tudo
(The Theory of Everything)
Biografia/Drama/Romance - 2014 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil: 29/01/2015
Direção: James Marsh
Distribuidora: Focus Features


     "A Teoria de Tudo" conta história de vida do mundialmente famoso físico inglês Stephen Hawking. Começando em sua juventude e focando principalmente na evolução de sua doença e na relação de Hawking com sua família, principalmente sua esposa, o filme foi indicado à 5 categorias do Academy Awards de 2015.     
       2014 foi um ano recheado de biografias, ou filmes inspirados em fatos reais. Só para termos uma ideia, na categoria de Melhor Ator, o único indicado a representar um personagem completamente fictício é Michael Keaton, por "Birdman". Portanto, como "A Teoria de Tudo" consegue se destacar dentro desse cenário?

     O principal ponto positivo de "A Teoria de Tudo" é a extrema fluidez que seus criadores conseguiram dar à narrativa. Roteiro, direção, e principalmente edição, contribuem para construir um filme surpreendentemente dinâmico. Digo surpreendente, pois conseguir atingir tal fluidez em uma biografia sobre uma das mais brilhantes mentes da história da Física é um feito verdadeiramente considerável. Como dito anteriormente, credito isso principalmente à edição do filme (que estranhamente não recebeu uma indicação ao Oscar), que não permite que nenhuma cena se arraste por muito tempo, e que as conecta de maneira muito inteligente, principalmente quando há alguma passagem de tempo. O que o filme consegue é passar por vários momentos da história de vida de Hawking, sem que pareçam isolados, mas sim construindo uma história única sobre esses personagens.
         Outro aspecto que deve ser comentado sobre "A Teoria de Tudo" é seu excelente elenco. Os dois protagonistas, Eddie Redmayne (Stephen Hawking) e Felicity Jones (Jane Hawking) fazem um tremendo trabalho, merecendo cada um sua indicação à categoria de melhor ator. Redmayne incorpora Hawking e consegue convencer como o cientista desde a primeira cena do filme, sensação que só aumenta durante a transformação física do personagem durante o filme. Jones por sua vez, consegue o notável feito de dar uma incrível profundidade à sua personagem, que normalmente fica, dentro do gênero biográfico, relegada ao papel de mera coadjuvante, servindo apenas de apoio ao personagem principal.
            Contudo, o maior problema de "A Teoria de Tudo" está no seu tom. O filme opta por um inesperado caminho de uma narrativa mais leve, com mais momentos engraçados do que dramáticos. O lado bom dessa escolha é a notável e bem-vinda ausência daquele tipo de sentimentalismo barato presente em muitas biografias, e que era extremamente esperado nesse filme, levando em conta a doença crônica de Hawking, que gradualmente degrada seu corpo. Porém, a escolha por uma maior leveza acaba levando o filme a uma certa falta de profundidade em vários momentos, principalmente em relação à intelectualidade de Hawking e a relação do físico com sua família mais para o final do filme. A impressão final é que os diversos problemas de Hawking são meros pequenos empecilhos em seu brilhante caminho. Interessante e muito inspiracional, mas que acaba por dar uma espécie de resistência sobre humana ao cientista, fazendo com que o jeito que ele encare suas dificuldades pareça um pouco forçado e superficial.
             Em um balanço final, "A Teoria de Tudo" é um filme que certamente surpreende, felizmente mais de maneira positiva do que negativa, e que se apoia em um ótimo elenco, de maneira geral, para trazer às telas a incrível história de superação de Hawking, que faz justiça e homenageia seu legado. Por mais que seu corpo tenha se deteriorado, seu brilhantismo intelectual continua sempre em ascensão.






Ótimo

Por Obi-Wan

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