quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Crítica: "Sniper Americano"

Sniper Americano
(American Sniper)
Ação/Biografia/Guerra - 2014 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil: 19/02/2015
Direção: Clint Eastwood
Distribuidora: Warner Bros.



        Em 1915, D.W. Griffith criava um filme importantíssimo para a linguagem cinematográfica com grandes méritos técnicos e artísticos, um filme ao mesmo tempo reverenciado e repudiado da mesma maneira, se trata do primeiro épico histórico “O Nascimento de Uma Nação”.  Baseado numa peça de teatro racista, o filme focava na guerra civil americana e tratava os negros (representados por atores brancos com “Black face”) como inimigos preguiçosos enquanto a Klu Klux Klan era retratada como a salvadora da pátria formada pelos brancos heróis.

        Por que eu estou começando citando a infame, porém relevante, obra de Griffith? Porque é exatamente assim que este novo trabalho de Clint Eastwood se apresenta. Um filme tecnicamente maravilhoso e que merece aplausos por sua construção e pela complexidade de seu personagem principal, mas que possui uma mensagem racista extremamente repugnante.
        O filme conta a história real de Chris Kyle (Bredley Cooper), um atirador de elite das forças especiais da marinha americana. Acompanhamos a história do protagonista, que num intervalo de 10 anos matou mais de 150 pessoas servindo à “Guerra ao Terror”, assim como as suas relações familiares desde a infância até sua vida casado.
          Ao contrário do que acontece em muitas cinebiografias, Sniper Americano não se rende a uma trama episódica como se fosse uma construção dos “melhores momentos” do personagem principal. O roteiro, muito bem construído por Jason Dean Hall a partir da biografia de Kyle, estabelece de forma perfeita os seus atos nos apresentando ao personagem principal e seu universo, passando para as suas missões e forma com que este lida com elas, caminhando para um final de recuperação psicológica do personagem, trabalhando de forma maravilhosa o desenvolvimento do personagem.
        Bredley Copper, em uma atuação que garantiu a sua terceira indicação seguida ao Oscar (Quem diria?), faz um trabalho realmente muito bom transformando Kyle em uma figura no mínimo interessante devido a sua dualidade: o personagem sente falta de casa, mas ao mesmo tempo quando está com sua família se sente extremamente deslocado; Kyle se torna obstinado em fazer o seu serviço “patriótico” mesmo que isso o transtorne de maneira quase irrecuperável. Assim, Chris Kyle é tratado como um herói que vê o ato de matar uma criança justificável por ser o seu trabalho proteger os demais soldados, mesmo que tal fato devesse ser tratado como um sinal psicopatia.
         Eis aqui o maior problema “ideológico” do filme que retrata os inimigos árabes dos Estados Unidos como figuras traiçoeiras e sem “ética”. O veterano diretor Clint Eastwood realiza, como de costume, um trabalho muito bom atrás das câmeras sabendo criar um clima de tensão ao mesmo tempo em que retira muita energia das cenas que envolvem as mortes executadas por Kyle, porém, Eastwood, um conservador republicano, mantém todas as atitudes dos Estados Unidos justificadas como parte do trabalho de proteger o mundo do terrorismo. Além disso, é repugnante notar como que o atirador de elite do “lado inimigo” é retratado como um assassino cruel que possui uma morte merecida enquanto Kyle é um protetor e vingador herói.
            Não que tematicamente o filme não possua seus belos momentos, pois possui (como na forma com que Kyle se preocupa com seu irmão), e não que ele seja tecnicamente irrepreensível (o segundo ato se arrasta um pouco mais do devia em seu ritmo). Porém, de uma forma geral, Sniper Americano é um filme muito bom em questão de técnica, porém reprovável em sua visão ideológica. Seus elementos cinematográficos funcionam extremamente bem o que talvez torne a sua mensagem racista muito mais perigosa.











Ótimo

Por Han Solo

Um comentário:

  1. Uma autobiografia, excelente recreação. Sem dúvida, os melhores filmes de guerra dos últimos anos. Daqueles filmes que começa assim que você é certeza de emoção.Sniper Americano, ele foi um dos melhores filmes do Oscar 2015 é minha fita favorita, reaprto e história são de qualidade. Se você está procurando por ação, este filme é perfeito.

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