terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Crítica: "Selma: Uma Luta Pela Igualdade"

Selma: Uma Luta Pela Igualdade
(Selma)
Biografia/Drama/História- 2014 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil: 05/02/2015
Direção: Ava DuVernay
Distribuidora: Paramount Pictures


        "Selma" narra um dos episódios mais importantes na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, a campanha empreendida por Martin Luther King para assegurar igualdade nos direitos de votos através de uma grande marcha pacífica indo da cidade de Selma até Montgomery, Alabama, no ano de 1965. Em um panorama geral, o maior acerto de "Selma" no que concerne a narrativa é não apresentar uma simplesmente uma biografia de King, mas sim colocá-lo em meio a todo um complexo cenário político que envolve a luta diária que empreende pela igualdade de direitos civis.

           Como não poderia deixar de ser, Martin Luther King é o personagem principal do filme, porém o mais interessante é que a narrativa do filme não gira em torno do personagem. Prova disso é a escolha dos produtores por um episódio em específico de sua luta, ao invés de narrá-la do começo ao fim. É essa escolha que faz de "Selma" um grande filme, pois a limitação do escopo dá o tempo necessário ao roteiro para desenvolver de maneira mais do que satisfatória todos os personagens, assim como os eventos que vão se desenrolando no ritmo certo até culminarem na cena final, que inteligentemente mistura cenas do filme com cenas filmadas na época da marcha.
           Um grande trunfo de "Selma" é a visão que o filme consegue transmitir sobre todos os importantes personagens históricos que tiveram alguma participação nos eventos de 1965. Enquanto a relação existente dentre os líderes do movimento funciona muito bem, conseguimos entender muito bem o porquê de cada decisão ser tomada em cada circunstância. Além disso, o filme não julga de maneira maniqueísta as atitudes do presidente Lyndon Johnson, o mostrando como um político que tenta agradar a todos os lados, até que inevitavelmente percebe a verdadeira justiça presente nas reivindicações do movimento liderado por King.
          O outro lado da moeda, daqueles que lutaram contra o direito constitucional dos negros de votarem, são demonstrados no filme da única maneira possível: como hipócritas que não possuem nenhum verdadeiro argumento que fundamente suas acusações. Isso fica muito bem centrado pelo filme na figura do governador do Alabama, George Wallace, que afundado em sua visão irracional e preconceituosa, é incapaz de admitir sua derrota de maneira pacífica, obrigando o movimento a levar suas reivindicações ao tribunal. 
        Contribuem muito para a construção de cada um desses complexos personagens as ótimas atuações de cada membro do ótimo elenco de "Selma". Porém, quem realmente rouba todas as atenções quando aparece em cena é David Oyelowo, pois seu trabalho é mais do que incrível performance que faz justiça ao legado de Martin Luther King. A cada cena, Oyelowo dá à audiência uma cada vez maior a impressão de que se tornou King, principalmente nos emocionantes discursos que consegue reproduzir em cena. A não indicação do ator a categoria de Melhor Ator no Oscar de 2015 é certamente uma grande injustiça.
      No aspecto técnico "Selma" também não decepciona, sendo um filme muito bem produzido, editado e dirigido. Apesar de ser um pouco lento em algumas cenas, o filme tem um ritmo e um tom muito bem definidos, que evoluem de maneira gradual e serena, passando por alguns momentos de grande tensão até a vitória final. Outro aspecto muito interessante de "Selma" está na direção de Ava DuVernay, principalmente nas comoventes cenas que mostram a repressão violenta às pacíficas manifestações em Selma. Os motivos pelos quais DuVernay também deveria ter sido indicada vão muito além da perda da oportunidade de fazer história como a primeira diretora negra a ser indicada na categoria de Melhor Diretor. DuVernay merecia a indicação por ter feito um trabalho muito mais memorável do que a maioria dos indicados, Morten Tyldum ("O Jogo da Imitação"), por exemplo.
           No fim das contas, "Selma" é um dos maiores e melhores filmes de 2014, tocando com consciência e sensibilidade incríveis um dos temas mais delicados da História dos Estados Unidos, e do mundo. Infelizmente, problemas na distribuição do filme e campanha contrária promovida por gente muito influente em Hollywood tiraram boa parte do peso que "Selma" deveria ter tido no Oscar de 2015. Duas indicações foi muito pouco frente ao potencial demonstrado pelo filme.

 



Excelente

Por Obi-Wan

Um comentário:

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