terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Crítica: "Mapas para as Estrelas"

Mapas para as Estrelas
(Maps to the Stars)
Drama- 2014 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil: 26/02/2015
Direção: David Cronenberg
Distribuidora: Focus World


        O novo filme de David Cronenberg, "Mapas para as Estrelas" se passa inteiramente em Hollywood, e assim como uma série de outros filmes, é repleto de pesadas críticas  ao modo de vida dos artistas integrantes desse mundo regado à futilidade e remédios. O próprio nome do filme faz referência aos "Mapas de Estrelas" utilizados por visitantes em Hollywood como uma espécie de guia para a localização das celebridades. Essa metáfora é utilizada como título, pois a narrativa do filme gira em torno de fictícios integrantes do mundo das estrelas, em sua maioria pessoas atormentadas que tem seus problemas expostos pelo "mapa" do filme de Cronenberg.

        O grande problema do filme é não conseguir encontrar um rumo próprio. Os arcos dos personagens expostos em tela parecem ser desenvolvidos de maneira um tanto quanto aleatória, e se conectam de maneira muito forçada. O roteiro do filme alterna constantemente entre duas histórias que correm paralelas e acabam se ligando, de maneira muito débil, através de Agatha, personagem interpretada por Mia Walikowska, e que divide o protagonismo do filme com a personagem de Juliane Moore, Havana Segrand.
         Certamente, as duas personagens tem muitos elementos em comum, como por exemplo a tentativa constante das duas de imitar atos da vida de seus pais, mesmo que sejam esses atos justamente os maiores causadores de seus problemas. Enquanto Havana insiste tenta de maneira obsessiva interpretar em um remake um personagem que sua mãe interpretou anteriormente, mesmo a odiando, Agatha teve as primeiras amostras de sua esquizofrenia ao descobrir que seus pais são irmãos, e por conta disso aparentemente tenta um suicídio junto ao seu irmão após um casamento fantasioso entre os dois. Ainda que semelhantes, essa oscilação entre os arcos individuais de cada uma dessas duas personagens ocorre de maneira muito brusca, cortando logo para o outro arco quando o anterior estava prestes a engrenar.
      Com essas mudanças bruscas de narrativa, "Mapas para as Estrelas" acaba tendo também uma enorme inconsistência de tom e ritmo, mesclando cenas extremamente exageradas que parecem ter sido extraídas diretamente de uma sátira, com momentos de um tenso suspense psicológico, marca registrada de Cronenberg. Por falar em marcas, a do diretor é deixada logo na primeira cena do filme, com seu característico estilo visual e narrativo. É justamente deste suspense psicológico que o filme consegue extrair seus melhores e mais memoráveis momentos, passando pelos sérios e pesados problemas desse mundo da indústria cinematográfica, como o abuso de drogas e o perigo de se colocar muita responsabilidade nas costas de um ator jovem demais, exemplificado pelo filme no irmão de Agatha, Benjie, que claramente não possuí a estrutura psicológica para lidar com as situações que lhe são jogadas por essa vida.
        Algo de extremamente desconcertante sobre "Mapas para as Estrelas" está nas atuações de seu elenco. É muito estranho ver atores que já provaram sua incrível competência, principalmente Juliane Moore, construindo aqui personagens tão exagerados e caricatos, provavelmente por conta de uma má orientação dos responsáveis pelo filme. É justamente a mistura de elementos tão reais, como as críticas pesadas ao mundo de Hollywood e as citações de alguns famosos atores (incluindo uma participação de Carrie Fisher interpretando ela mesma), com momentos tão exagerados e surreais que coloca o filme em uma espécie de limbo entre uma sátira e um suspense psicológico. No fim das contas, "Mapas para as Estrelas" é um filme que acaba se perdendo dentro de si mesmo.







Regular

Por Obi-Wan

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