quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Não Viu? Eu Recomendo! - "Wal-Mart: The High Cost of Low Price"

Wal-Mart: The High Cost of Low Price
Direção: Robert Greenwald
Disponibilidade: Netflix/Download/Online

Por Obi-Wan



      Em direto contraste com as políticas da empresa sobre o qual o filme trata, "Wal-Mart: The High Cost of Low Price" (2005) (ou "o alto custo do baixo preço") é logo de cara extremamente honesto sobre suas pretensões. Do começo até o fim, este documentário é cercado por uma clara atmosfera de denúncia. Em sua duração de aproximadamente 98 minutos, o longa se estrutura de maneira extremamente inteligente: nos momentos inicias acompanhamos um discurso proferido pelo CEO da companhia, Lee Scott, no qual ele destaca várias práticas positivas promovidas pela companhia para qual trabalha. A partir disso, o diretor do filme, Robert Greenwald, vai desmentindo em tela cada uma das afirmações que Scott é mostrado fazendo. Assim, Greenwald não acusa somente as absurdas práticas promovidas pela gigante empresa, mas também aponta sua aparentemente infinita hipocrisia.

       Declaradamente um esquerdista, o que nos Estados Unidos já soa como uma acusação por si só, a filmografia de Greenwald contém importantes documentários que denunciam práticas políticas de seu país. Esses filmes falam sobre diversos assuntos tabus nos Estados Unidos, como a política do uso de drones e as guerras no Iraque e no Afeganistão. Nesse documentário de 2005, o diretor se debruça sobre um tema também extremamente controverso, as gigantes corporativas estado-unidenses, que além da óbvia monopolização de vários mercados, são responsáveis pelas mais absurdas práticas, que contam com a vista grossa de inúmeras esferas governamentais. As denúncias são todas muito bem fundamentadas, utilizando-se de estatísticas e principalmente entrevistas de pessoas que já trabalharam ou ainda trabalham nas redes Wal-Mart. A variedade de práticas abomináveis promovidas pela companhia é impressionante, indo desde descriminação racial, sexual (em muitos casos os dois), práticas danosas ao meio ambiente, monopólio, condições de trabalho completamente sub-humanas em subsidiárias chinesas e indianas, etc. Há até casos de crimes praticados nos estacionamentos das lojas, que não tinham nenhuma câmera externa ou vigias.
       A posição de Greenwald fica clara desde o começo, e não poderia ser diferente, porém, sua voz não é ouvida em nenhum momento do filme, deixando os entrevistados e estatísticas falarem por si. É óbvio que não podemos ser ingênuos em acreditar que a montagem e seleção destas não expõe sua opinião pessoal, mas há algumas contradições interessantes nas entrevistas. A mais divertida dela é o dono de uma pequena loja do interior dos Estados Unidos falando sobre como foi obrigado a fechar as portas depois da chegada do Wal-Mart na região. Porém, em dado momento ele assume ser um republicano conservador. Isso é irônico demais para deixar passar: como reclamar de monopólio comercial de uma gigante corporativa logo depois de assumir uma posição de direita? Isso é justamente o neoliberalismo posto em prática, empresas enormes engolindo empresas pequenas familiares em todos os cantos.
         Em seus minutos finais, "Wal-Mart: The High Cost of Low Price" (2005) nos mostra vários exemplos de pequenas comunidades que se organizaram internamente e lutaram contra a construção dessas enormes lojas em sua comunidade, conseguindo barrá-las. É com esse tom otimista e claramente pedindo pela união contra as práticas abusivas corporativistas que Greenwald encerra seu documentário, não só recomendável pela importância das denúncias que faz, mas também por ser extremamente bem dirigido, editado e realizado.



Han e Obi- Wan recomendam!

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