E a temporada de prêmios de 2015 dos Estados Unidos
começou. Na noite do ultimo domingo (11/1/2015) a entrega dos prêmios do Globo
de Ouro ocorreu, com poucas surpresas e muitos momentos divertidos (afinal a
festa é open bar...) a premiação mais reforçou do que revelou as opiniões da
crítica e da imprensa.
Como boa parte dos filmes que foram indicados ainda não
tiveram sua estréia no Brasil (Boyhood e Whiplash ainda por cima estrearam com
um numero ridículo de salas de cinema no país), não temos muito o que comentar
a não ser baseados numa grande expectativa para as próximas estréias. Com o
tempo esperamos poder postar críticas de todos os principais filmes do ano.
Mas então, vamos aos destaques da premiação:
Na categoria de melhor ator coadjuvante o vencedor foi
J.K. Simmons por sua atuação em Whiplash como mestre de um grande conservatório
de música. A crítica especializada afirma que é um filme sensacional e uma
atuação também de alto nível.
O prêmio de melhor atriz coadjuvante foi para Patrícia
Arquette por sua atuação de 12 anos no filme Boyhood. Criar um personagem e manter a
sua lógica psicológica enquanto o desenvolve ao mesmo tempo é um trabalho
dificílimo. Agora tente fazer isso durante mais de uma década. Arquette criou
uma personagem complexa e de sensibilidade tocante.
A atriz Amy Adams acabou por conquistar o prêmio de melhor
atriz em filme de comédia ou musical por sua atuação em Big Eyes. O filme ainda
não estreou no Brasil também, mas aparentemente se trata de um filme sensível e
muito mais contido de Tim Burton, famoso por fazer grandes construções
estéticas baseadas no gótico e no expressionismo. Amy Adams é uma atriz
belíssima e de um talento muito acima da média e vem se tornando figura
constante em premiações por suas grandes atuações.
Na categoria de melhor ator em filme de comédia ou musical
não houve qualquer surpresa, foi vencida por Michael Keaton em sua atuação em
Birdman e parece estar incrível nesse novo trabalho. Um prêmio que não fala só
pela atuação de Keaton como também numa “ressurreição” da carreira deste ator.
Foi muito bonito ver a emoção do ator após vencer o prêmio enquanto tentava
segurar as lágrimas.
Julianne Moore venceu como melhor atriz em filme de drama.
A atriz, já muito indicada e de grandes atuações, ontem contava com duas
indicações em categorias diferentes, atriz em comédia e musical e atriz em
drama, e a sua consagração era quase certa, a única que corria forte junto de
Moore era Rosamund Pike. Um prêmio merecido numa atuação extremamente complexa
de uma atriz talentosa e que melhora a cada trabalho.
A grande surpresa da noite ficou para a categoria também
mais disputada da noite. Eddie Redmayne venceu o prêmio de melhor ator em filme
de drama por sua interpretação de Stephen Hawking no filme A Teoria de Tudo. Na
concorrência vinha Jake Gyllenhaal, David Oyelowo, Steve Carell e, quem aparentemente era o favorito, Benedict Cumberbatch, com tal concorrência batida a
Teoria de Tudo despertou, e muito, o meu interesse.
O premio de melhor roteiro foi para Birdman.
Particularmente, esta categoria não me agrada muito no Globo de Ouro por juntar
roteiros adaptados com originais. Garota Exemplar possui uma adaptação quase
perfeita e é um roteiro excelente, porém Birdman é um roteiro original (não
adaptado) e, aparentemente, venceu por sua “originalidade” da história.
Outra grande surpresa veio com a vitória de O Grande Hotel
Budapeste vencendo como melhor filme de comédia ou musical. Todos os sinais
apontavam para mais uma vitória de Birdman na noite, porém a comédia sobre
contar história de Wes Anderson conseguiu uma vitória inesperada, mas ninguém
pode dizer que foi desmerecida.
Em direção e melhor filme de drama deu-se a lógica. Richard
Linklater foi o grande vencedor da noite com o seu belo filme Boyhood. Se
certos diretores se perdem no seu tom de narrativa e controle do filme em
produções de poucas semanas ou meses, imagine a dificuldade de manter este
controle durante 12 anos. Sim, o filme é muito mais do que isso, tal
característica vem sendo usada como marketing forte para o filme, mas em
questão de premiação, nas mais diversas questões técnicas, tal aspecto é fundamental
para uma avaliação. Boyhood foi escolhido por este Blog como o melhor filme do
ano e assim aplaudimos muito as vitórias desta obra sensacional.
O prêmio Cecil B. Demille do ano foi para George Clooney
pelo conjunto da obra... Sinceramente, Clooney é um ator e diretor extremamente
talentoso, mas vencer um prêmio pela sua obra quando ele tem apenas 51 anos de
idade é quase inexplicável. Quase, pois a verdade é que George Clooney é o ator
recordista em indicações no Globo de Ouro, ele é amado pelo evento, e todo ano
investe em projetos como ator, diretor e produtor. Já foi indicado e venceu por
vezes que não merecia (Os Descendentes... Sério???) e essa consagração me soa
forçada e equivocada mesmo que eu reconheça, e muito, o seu talento.
O Globo de Ouro é um prêmio com um grande histórico de
política e intenções individuais influenciando em sua premiação. O caso do filme Perfume de Mulher que ganhou
como melhor filme drama, após uma viajem para Paris paga pela Universal para aos
votantes com a justificativa de que era para “divulgar” o filme (sendo que este
não se passava no país em questão), é vergonhosamente marcante. Assim, também
reforço que Globo de Ouro não serve pra medir o Oscar, são votantes diferentes
e a dinâmica da votação também é muito diferente, por isso não é só porque um
filme foi vencedor em uma categoria quer dizer que ele vencerá em todas as
outras premiações. O Globo de Ouro é uma festa divertida porém não é parâmetro
para os próximos prêmios, ficamos no aguardo nas próximas consagrações de
grandes artistas.
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