segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

O Globo de Ouro 2015

E a temporada de prêmios de 2015 dos Estados Unidos começou. Na noite do ultimo domingo (11/1/2015) a entrega dos prêmios do Globo de Ouro ocorreu, com poucas surpresas e muitos momentos divertidos (afinal a festa é open bar...) a premiação mais reforçou do que revelou as opiniões da crítica e da imprensa.
Como boa parte dos filmes que foram indicados ainda não tiveram sua estréia no Brasil (Boyhood e Whiplash ainda por cima estrearam com um numero ridículo de salas de cinema no país), não temos muito o que comentar a não ser baseados numa grande expectativa para as próximas estréias. Com o tempo esperamos poder postar críticas de todos os principais filmes do ano.
Mas então, vamos aos destaques da premiação:

Na categoria de melhor ator coadjuvante o vencedor foi J.K. Simmons por sua atuação em Whiplash como mestre de um grande conservatório de música. A crítica especializada afirma que é um filme sensacional e uma atuação também de alto nível.



O prêmio de melhor atriz coadjuvante foi para Patrícia Arquette por sua atuação de 12 anos no filme Boyhood. Criar um personagem e manter a sua lógica psicológica enquanto o desenvolve ao mesmo tempo é um trabalho dificílimo. Agora tente fazer isso durante mais de uma década. Arquette criou uma personagem complexa e de sensibilidade tocante.

A atriz Amy Adams acabou por conquistar o prêmio de melhor atriz em filme de comédia ou musical por sua atuação em Big Eyes. O filme ainda não estreou no Brasil também, mas aparentemente se trata de um filme sensível e muito mais contido de Tim Burton, famoso por fazer grandes construções estéticas baseadas no gótico e no expressionismo. Amy Adams é uma atriz belíssima e de um talento muito acima da média e vem se tornando figura constante em premiações por suas grandes atuações.

Na categoria de melhor ator em filme de comédia ou musical não houve qualquer surpresa, foi vencida por Michael Keaton em sua atuação em Birdman e parece estar incrível nesse novo trabalho. Um prêmio que não fala só pela atuação de Keaton como também numa “ressurreição” da carreira deste ator. Foi muito bonito ver a emoção do ator após vencer o prêmio enquanto tentava segurar as lágrimas.

Julianne Moore venceu como melhor atriz em filme de drama. A atriz, já muito indicada e de grandes atuações, ontem contava com duas indicações em categorias diferentes, atriz em comédia e musical e atriz em drama, e a sua consagração era quase certa, a única que corria forte junto de Moore era Rosamund Pike. Um prêmio merecido numa atuação extremamente complexa de uma atriz talentosa e que melhora a cada trabalho.

A grande surpresa da noite ficou para a categoria também mais disputada da noite. Eddie Redmayne venceu o prêmio de melhor ator em filme de drama por sua interpretação de Stephen Hawking no filme A Teoria de Tudo. Na concorrência vinha Jake Gyllenhaal, David Oyelowo, Steve Carell e, quem aparentemente era o favorito, Benedict Cumberbatch, com tal concorrência batida a Teoria de Tudo despertou, e muito, o meu interesse.

O premio de melhor roteiro foi para Birdman. Particularmente, esta categoria não me agrada muito no Globo de Ouro por juntar roteiros adaptados com originais. Garota Exemplar possui uma adaptação quase perfeita e é um roteiro excelente, porém Birdman é um roteiro original (não adaptado) e, aparentemente, venceu por sua “originalidade” da história.

Outra grande surpresa veio com a vitória de O Grande Hotel Budapeste vencendo como melhor filme de comédia ou musical. Todos os sinais apontavam para mais uma vitória de Birdman na noite, porém a comédia sobre contar história de Wes Anderson conseguiu uma vitória inesperada, mas ninguém pode dizer que foi desmerecida.

Em direção e melhor filme de drama deu-se a lógica. Richard Linklater foi o grande vencedor da noite com o seu belo filme Boyhood. Se certos diretores se perdem no seu tom de narrativa e controle do filme em produções de poucas semanas ou meses, imagine a dificuldade de manter este controle durante 12 anos. Sim, o filme é muito mais do que isso, tal característica vem sendo usada como marketing forte para o filme, mas em questão de premiação, nas mais diversas questões técnicas, tal aspecto é fundamental para uma avaliação. Boyhood foi escolhido por este Blog como o melhor filme do ano e assim aplaudimos muito as vitórias desta obra sensacional.



O prêmio Cecil B. Demille do ano foi para George Clooney pelo conjunto da obra... Sinceramente, Clooney é um ator e diretor extremamente talentoso, mas vencer um prêmio pela sua obra quando ele tem apenas 51 anos de idade é quase inexplicável. Quase, pois a verdade é que George Clooney é o ator recordista em indicações no Globo de Ouro, ele é amado pelo evento, e todo ano investe em projetos como ator, diretor e produtor. Já foi indicado e venceu por vezes que não merecia (Os Descendentes... Sério???) e essa consagração me soa forçada e equivocada mesmo que eu reconheça, e muito, o seu talento.



O Globo de Ouro é um prêmio com um grande histórico de política e intenções individuais influenciando em sua premiação.  O caso do filme Perfume de Mulher que ganhou como melhor filme drama, após uma viajem para Paris paga pela Universal para aos votantes com a justificativa de que era para “divulgar” o filme (sendo que este não se passava no país em questão), é vergonhosamente marcante. Assim, também reforço que Globo de Ouro não serve pra medir o Oscar, são votantes diferentes e a dinâmica da votação também é muito diferente, por isso não é só porque um filme foi vencedor em uma categoria quer dizer que ele vencerá em todas as outras premiações. O Globo de Ouro é uma festa divertida porém não é parâmetro para os próximos prêmios, ficamos no aguardo nas próximas consagrações de grandes artistas.

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