(Mad Max: Fury Road)
Ação/Aventura- 2015 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil: 14/05/2015
Direção: George Miller
Distribuidora: Warner Bros.
No final do ano passado, ao escrever uma lista de minhas maiores expectativas para 2015, coloquei "Mad Max: Estrada da Fúria" em segundo lugar, na frente inclusive de "Vingadores: A Era de Ultron", ficando atrás somente, e por motivos óbvios, do novo Star Wars. Toda essa expectativa gerada em torno do novo filme do Road Warrior se deu principalmente por conta dos maravilhosos trailers criados pela Warner para divulgar o filme. Após toda essa expectativa, posso garantir que o material promocional do filme não é, de maneira alguma, enganosa. E irei muito além, fazendo questão inclusive de destacar: "Mad Max: Estrada da Fúria" é, até agora, O MELHOR FILME DE AÇÃO DO SÉCULO XXI. E isso é em grande parte devido a George Miller, o homem que começou essa franquia no final da década de 70 e que vem desde 1999 tentando tirar este projeto do papel.
Como não poderia ser diferente em se tratando de um filme de Max Rockatansky, apenas alguns minutos de "Estrada da Fúria" se passam próximos de algum aglomerado populacional. O restante da trama se desenrola nas maiores companheiras da humanidade dentro deste universo: a estrada, a areia e a poeira. Apesar disso, o roteiro do filme desenvolve de maneira primorosa a Cidadela, certamente o local com a maior densidade populacional visto até agora em todos os filmes da franquia. O líder dessa cidade, Immortan Joe, tem a seus pés uma complexa e altamente hierarquizada sociedade, onde vários homens adultos lutam inconsequentemente nas estradas por combustível, acreditando que uma morte honrada os levará ao Valhalla, enquanto o restante da população espera sedenta pelas rajadas de água liberadas após os discursos de Joe, o que representa um interessantíssimo instrumento de poder.
É justamente esse um dos maiores trunfos de "Estrada da Fúria": esconder algo extremamente complexo e desenvolvido sob uma camada de simplicidade intencional, que permite que a trama se mova de maneira absurdamente rápida, dando espaço para o brilhante aspecto visual e gráfico. As cenas de ação desta obra-prima do cinema moderno são tão assustadoramente competentes e malucas que mal consigo encontrar palavras para descrevê-las. Portanto, deixarei que você as veja por si mesmo, e me focarei análise de sua produção e direção. Começando pelos efeitos visuais que, como pode ser visto nos trailers do filme, constroem um incrível mundo pós-apocalíptico, com direito a uma gigantesca tempestade de areia e incontáveis explosões (por favor, aprenda Michael Bay). A cinematografia do filme é também extremamente competente, usando tons de cores que ressaltam um mundo seco e insano. George Miller, além de nos surpreender a cada minuto com enquadramentos de câmera cada vez mais maravilhosos, usa no filme uma técnica arriscada, que pareceria patética se mal aplicada. Felizmente, esse não é o caso, e acelerando um pouco a velocidade dos frames em algumas certeiras cenas, Miller cria um aspecto de emergência e insanidade, extremamente condizente com todo o filme e seus personagens.
Insano, um adjetivo que usei já algumas vezes nessa crítica, mas que provavelmente não poderia ser substituído por nenhum outro que descrevesse tão bem "Estrada da Fúria". O filme sofreu inúmeros atrasos, aumentos exponenciais em seu orçamento, e tudo isso culmina em algo que todos os idealizadores de filmes de ação sonham em ter: mais tempo para planejar e coreografar todas as cenas de ação. E nesse filme, elas são inúmeras, e envolvem sempre engenhosos mecanismos para lutas em perseguição sobre quatro rodas. Sinto que "A Estrada da Fúria" foi um parque de diversões para George Miller, que sempre foi extremamente competente com o modesto orçamento dos filmes anteriores da franquia, e aqui se deleita com os 150 milhões de dólares investidos pelo estúdio. Após muitos minutos de adrenalina sem parar, pensei em dado momento: "mais carros vindo, outra cena de perseguição, ainda tô empolgado mas tá muito na cara o que vai acont... @&#*!#*!!! Não!!! acredito!!!". Justamente quando você acha que está cansando de ação, o filme joga mais um elemento extremamente criativo e alucinante bem na sua cara. Só para ter uma ideia de que não estou exagerando, além dos já tradicionais tambores de guerra, há no grupo dos guerreiros da Cidadela um responsável por tocar uma guitarra de dois braços, conectada a enormes caixas de som. Uma das melhores cenas de ação de todo o filme envolve justamente essa guitarra.
Prova do quanto o filme é competente em explorar suas sequências de ação, quase me esqueci de comentar sobre os personagens e atores. Além dos incrivelmente complexos Immortal Joe e seus guerreiros, a narrativa ainda nos traz uma interessante adição à mitologia da franquia na persona de Furiosa (Charlize Theron), personagem no melhor estilo da filha pródiga de outro clã, sequestrada por Joe, que se destaca em seu exército, apenas esperando uma oportunidade de fugir. Quando o faz, leva todas as esposas escravas de Joe, que simbolizam na trama uma pureza que já é quase inimaginável naquele mundo, e representam uma figura de esperança. Em uma ótima estratégia do roteiro, se destaca muito Nux, um dos guerreiros de Joe que acaba por ser convencido a ajudar Furiosa, e que nos dá uma boa ideia da manipulação ideológica e lavagem cerebral pelas quais passam esses guerreiros desde muito jovem. Em contraste com os filmes anteriores, "A Estrada da Fúria" não se trata de uma jornada de um homem só, mas que, apesar de reduzir seu tempo de tela, não tira o brilho de seu personagem principal. No melhor estilo Max Rockatansky, Tom Hardy mal tem a chance de abrir a boca na pele do personagem principal, mas trabalha de maneira impecável com o que tem as mãos, e não consigo pensar em outro nome melhor para assumir a tocha passada por Mel Gibson
Eu poderia ficar horas escrevendo, e por maior que fosse o número de parágrafos dessa crítica quando eu a terminasse, teria passado longe de descrever por completo todos os elementos que me deixaram extasiado em "Estrada da Fúria". Esse novo filme não se trata de um reboot da franquia, mas apenas uma continuação que troca de cara, mas não perde a essência. Apesar de não ser necessário assistir os outros Mad Max para entender este novo, recomendo fortemente a trilogia original, que possui uma das melhores metáforas do cinema sobre um mundo pós guerra nuclear. No cenário atual do gênero de ação, dominado por diretores medíocres, como Michael Bay e franquias inacabáveis e cansativas, como Velozes e Furiosos, "Estrada da Fúria" é extremamente inovador, mesmo se tratando de um filme recheado de ação do começo ao fim. O septuagenário George Miller dá uma aula de direção, e espero que um sucesso comercial o permita explorar todas as suas capacidades em novas sequências. Finalmente, meu vocabulário de adjetivos foi praticamente esgotado pela grandiosidade do que acabei de assistir. Porém, ainda me resta um último adjetivo:
É justamente esse um dos maiores trunfos de "Estrada da Fúria": esconder algo extremamente complexo e desenvolvido sob uma camada de simplicidade intencional, que permite que a trama se mova de maneira absurdamente rápida, dando espaço para o brilhante aspecto visual e gráfico. As cenas de ação desta obra-prima do cinema moderno são tão assustadoramente competentes e malucas que mal consigo encontrar palavras para descrevê-las. Portanto, deixarei que você as veja por si mesmo, e me focarei análise de sua produção e direção. Começando pelos efeitos visuais que, como pode ser visto nos trailers do filme, constroem um incrível mundo pós-apocalíptico, com direito a uma gigantesca tempestade de areia e incontáveis explosões (por favor, aprenda Michael Bay). A cinematografia do filme é também extremamente competente, usando tons de cores que ressaltam um mundo seco e insano. George Miller, além de nos surpreender a cada minuto com enquadramentos de câmera cada vez mais maravilhosos, usa no filme uma técnica arriscada, que pareceria patética se mal aplicada. Felizmente, esse não é o caso, e acelerando um pouco a velocidade dos frames em algumas certeiras cenas, Miller cria um aspecto de emergência e insanidade, extremamente condizente com todo o filme e seus personagens.
Insano, um adjetivo que usei já algumas vezes nessa crítica, mas que provavelmente não poderia ser substituído por nenhum outro que descrevesse tão bem "Estrada da Fúria". O filme sofreu inúmeros atrasos, aumentos exponenciais em seu orçamento, e tudo isso culmina em algo que todos os idealizadores de filmes de ação sonham em ter: mais tempo para planejar e coreografar todas as cenas de ação. E nesse filme, elas são inúmeras, e envolvem sempre engenhosos mecanismos para lutas em perseguição sobre quatro rodas. Sinto que "A Estrada da Fúria" foi um parque de diversões para George Miller, que sempre foi extremamente competente com o modesto orçamento dos filmes anteriores da franquia, e aqui se deleita com os 150 milhões de dólares investidos pelo estúdio. Após muitos minutos de adrenalina sem parar, pensei em dado momento: "mais carros vindo, outra cena de perseguição, ainda tô empolgado mas tá muito na cara o que vai acont... @&#*!#*!!! Não!!! acredito!!!". Justamente quando você acha que está cansando de ação, o filme joga mais um elemento extremamente criativo e alucinante bem na sua cara. Só para ter uma ideia de que não estou exagerando, além dos já tradicionais tambores de guerra, há no grupo dos guerreiros da Cidadela um responsável por tocar uma guitarra de dois braços, conectada a enormes caixas de som. Uma das melhores cenas de ação de todo o filme envolve justamente essa guitarra.
Prova do quanto o filme é competente em explorar suas sequências de ação, quase me esqueci de comentar sobre os personagens e atores. Além dos incrivelmente complexos Immortal Joe e seus guerreiros, a narrativa ainda nos traz uma interessante adição à mitologia da franquia na persona de Furiosa (Charlize Theron), personagem no melhor estilo da filha pródiga de outro clã, sequestrada por Joe, que se destaca em seu exército, apenas esperando uma oportunidade de fugir. Quando o faz, leva todas as esposas escravas de Joe, que simbolizam na trama uma pureza que já é quase inimaginável naquele mundo, e representam uma figura de esperança. Em uma ótima estratégia do roteiro, se destaca muito Nux, um dos guerreiros de Joe que acaba por ser convencido a ajudar Furiosa, e que nos dá uma boa ideia da manipulação ideológica e lavagem cerebral pelas quais passam esses guerreiros desde muito jovem. Em contraste com os filmes anteriores, "A Estrada da Fúria" não se trata de uma jornada de um homem só, mas que, apesar de reduzir seu tempo de tela, não tira o brilho de seu personagem principal. No melhor estilo Max Rockatansky, Tom Hardy mal tem a chance de abrir a boca na pele do personagem principal, mas trabalha de maneira impecável com o que tem as mãos, e não consigo pensar em outro nome melhor para assumir a tocha passada por Mel Gibson
Eu poderia ficar horas escrevendo, e por maior que fosse o número de parágrafos dessa crítica quando eu a terminasse, teria passado longe de descrever por completo todos os elementos que me deixaram extasiado em "Estrada da Fúria". Esse novo filme não se trata de um reboot da franquia, mas apenas uma continuação que troca de cara, mas não perde a essência. Apesar de não ser necessário assistir os outros Mad Max para entender este novo, recomendo fortemente a trilogia original, que possui uma das melhores metáforas do cinema sobre um mundo pós guerra nuclear. No cenário atual do gênero de ação, dominado por diretores medíocres, como Michael Bay e franquias inacabáveis e cansativas, como Velozes e Furiosos, "Estrada da Fúria" é extremamente inovador, mesmo se tratando de um filme recheado de ação do começo ao fim. O septuagenário George Miller dá uma aula de direção, e espero que um sucesso comercial o permita explorar todas as suas capacidades em novas sequências. Finalmente, meu vocabulário de adjetivos foi praticamente esgotado pela grandiosidade do que acabei de assistir. Porém, ainda me resta um último adjetivo:
Excelente
Por Obi-Wan
SPOILERS
ResponderExcluirO filme é perfeito, realmente não seria capaz de nomear um único elemento que pudesse aumentar o nível dessa produção espetacular, senão, quem sabe a parte que max some com gasolina e uma faca e mata 5 sujeitos em um um carro; seria essa uma saída forçada do diretor?
Além disso o final deixa algo a desejar, pois não deixa claro o que acontece com os meia vida que ficaram no desfiladeiro, não deixa claro o que acontece com a fazenda da bala e vila gasolina.. apesar de deixar uma forte impressão de 'final feliz'.
Melhor ação do século XXI, falou tudo.
Anthon, obrigado pelo comentário, assim podemos expandir as considerações sobre o filme. A cena de Max voltando me parece ser aquela clássica saída de roteiro de deixar a lenda falar por seu próprio personagem, não mostrando a ação, apenas as consequências. Sobre o final, acho que a parte "feliz" é bastante enganosa. Aparentemente Furiosa é a nova líder, mas ela vai derrubar todas as estruturas daquela sociedade de uma hora para outra? Improvável, talvez ela seja tão corrompida pelo poder quanto o próprio Joe. Isso seria algo interessantíssimo de aparecer em uma futura sequência...
ResponderExcluirAcharia bastante plausível, já que poder absoluto corrompe absolutamente. Porém todos daquela sociedade pareceram felizes com a morte do tirano, portanto abertas a mudanças.
ExcluirSPOILER
Quanto a frase que aparece antes dos créditos, algum comentário?