A Chegada
(Arrival)
Drama/SciFi
Data de Estreia no Brasil: 24/11/2016
Direção: Denis Villeneuve
Distribuição: Sony Pictures
(Arrival)
Drama/SciFi
Data de Estreia no Brasil: 24/11/2016
Direção: Denis Villeneuve
Distribuição: Sony Pictures
Em um ano como 2016, de
acontecimentos terríveis tanto no cinema, política, catástrofes naturais e etc,
seria fácil para que um filme como “A Chegada” caísse num cinismo ácido, ou
mesmo que demonstrasse propensões sentimentalistas extremamente artificiais (estou
olhando para você, Interestelar!). Felizmente, estamos falando do mais novo longa
de Denis Villeneuve, que é um diretor talentoso que consegue abordar temas
extremamente humanos e complexos enquanto cultiva uma narrativa coesa e de
atmosfera melancólica e inquietante. Com uma disposição para explorar tanto o
intelecto quanto o emocional de sua protagonista, o filme é desde já um dos
melhores do ano e com toda certeza um dos favoritos para abocanhar alguns
prêmios na próxima temporada.
Se
desenvolvendo a partir do roteiro de Eric Heisserer, adaptado de um conto de
Ted Chiang, “A Chegada” se assemelha muito ao jovem clássico “Contato”, de 1997, tanto na forma com que enxerga na humanidade uma natureza explosiva quanto ao desconhecido,
mas ainda mais no que diz respeito a suas protagonistas. Enquanto no filme de
Robert Zemeckis a personagem principal demonstrava uma determinação
intelectual tremenda ao
fazer um primeiro contato com uma raça alienígena, ao mesmo tempo que a morte
de seu pai e a importância deste em sua vida era retomado pelo filme ao passo
que a narrativa avançava, neste longa de 2016 seguimos Dr. Louise Banks (Amy
Adams), uma renomada linguista que é chamada para tentar fazer contato com
seres extraterrestres após estes terem posicionado 12 naves ao redor do globo.
Nossa protagonista ainda é bombardeada por lembranças envolvendo sua filha,
desde o nascimento até a morte desta.
Ao partir do ponto de vista de uma linguista, a película consegue estabelecer questionamentos importantes quanto a própria forma com que encaramos o nosso mundo e utilizamos da nossa própria vivência para medir o desconhecido. Assim, constantemente a Dr. Banks se vê tendo de explicar seus métodos de abordagem com os aliens para o coronel Weber (Forest Whitaker, imponente), já que estes se assemelham aos usados para alfabetizar crianças – E não poderia ser diferente, já que logo a Dra. descobre uma não linearidade na forma de escrita dos alienígenas, o que reflete na própria dificuldade dos cientistas de compreender a forma com que as habilidades cognitivas dos seres visitantes se constroem.
Ao partir do ponto de vista de uma linguista, a película consegue estabelecer questionamentos importantes quanto a própria forma com que encaramos o nosso mundo e utilizamos da nossa própria vivência para medir o desconhecido. Assim, constantemente a Dr. Banks se vê tendo de explicar seus métodos de abordagem com os aliens para o coronel Weber (Forest Whitaker, imponente), já que estes se assemelham aos usados para alfabetizar crianças – E não poderia ser diferente, já que logo a Dra. descobre uma não linearidade na forma de escrita dos alienígenas, o que reflete na própria dificuldade dos cientistas de compreender a forma com que as habilidades cognitivas dos seres visitantes se constroem.
Compreendendo
como balancear o aspecto intimista com uma trama de “invasão” globalizada, Villeneuve
estabelece uma narrativa cíclica de maneira dinâmica e completamente funcional
graças ao fato de que o espectador parte do ponto de vista da personagem de
Adams. Assim, ouvimos apenas o que ela poderia ouvir, temos um verdadeiro
vislumbre das naves somente quanto ela entra em real contato com uma delas, e
muitas vezes partimos para uma câmera subjetiva que nos coloca literalmente no
lugar da linguista, fazendo com que possamos nos relacionar com esta, ao mesmo
tempo em que quando Louise chega a alguma conclusão, ou compreende alguma
revelação importante na estória, nós participamos e recorremos com a memória da
moça para compreender que atitudes tomar.
Contudo,
nada destes elementos funcionaria se não fosse pela performance espetacular e
muito bem dosada de Amy Adams, que aqui se entrega ao papel sem grandes
monólogos, mas com uma composição complexa e melancólica que nunca destoa da
personagem. Nesse sentido, o personagem de Jeremy Renner, Ian Donnelly,
funciona bem para equilibrar o tom tenso da narrativa estabelecendo um alívio
cômico que soa sempre como um ser humano fazendo comentários divertidos em
momentos de tensão, não para soar um mero engraçadinho, mas por isso fazer
parte da personalidade dele.
Montado
de forma inteligente a partir de movimentos de câmera deliberadamente lentos de
seu diretor, mas trazendo uma concisão narrativa de extrema importância, o
trabalho de cinematografia de Bradford Young (“Selma” e “O Ano Mais Violento”)
é também perfeito em suas composições belíssimas na contraluz em momentos chaves da
narrativa - E o fato de Villeneuve
enquadrar a personagem como presa num retângulo, formado pelos batentes da
porta e da janela, em determinadas cenas é uma pista visual perfeita do contraste entre o mundo linear "fechado" (representado pela caixa) para a nova
forma com que a Dra. encarará o mundo após o contato com a não linearidade da
escrita alienígena (sendo a comunicação destes se dando em formas de círculos).Young ainda trabalha bem com Villeneuve na longa tomada de helicóptero que nos apresenta o local onde se encontra a nave, soando poética e impactante.
Some
a tudo isso uma direção de arte e efeitos especiais que são utilizados para
contar a estória sem parecer mero espetáculo visual e você perceberá que “A
Chegada” é o que Interestelar tentou ser, mas fracassou (até mesmo o designe e a mixagem de som podem ser um exemplo magnifico disso). Não que este seja um
filme perfeito, pois não é: a tensão interacional entre países é utilizada da
maneira arbitrária pelo filme, e enquanto os maiores países "inimigos" dos EUA tomam decisões equivocadas, o Tio Sam parece se utilizar destas somente
quando em estado de emergência - Algo que o filme consegue contornar ao mostrar o estado de histeria atingindo até mesmo soldados norte americanos.
Mas
ainda assim, é impossível sair da sala de cinema indiferente a este “A Chegada”,
que, me perdoem o trocadilho, mas chegou em excelente hora nesse ano fraco. Levantando temas como
amor, tempo, memória, finitude humana e nossa própria incapacidade de nos comunicarmos, nos compreendermos e nos ajudarmos, o filme ainda termina numa nota agridoce que
ressalta uma perspectiva bastante otimista quanto a humanidade, mas ainda assim
dolorosa no que diz respeito a subjetividade humana. E qualquer filme de
drama/SciFi que consegue tão bem explorar a temática deste segundo para revelar
tanto do primeiro, já merece aplausos, nossa atenção e os prêmios que
conquistar.
Excelente
Por Han Solo
É interessante, não? Também achei uma excelente produção! Conheço o trabalho de Jeremy Renner já faz um tempo, na verdade é um dos meus diretores preferidos, e faz pouco tempo que vi o Filme A Chegada e fiquei encantada, esta muito bem feita e muitas das cenas que fazem são ótima e belas Tenho certeza que você vai gostar, é um bom filme.
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