domingo, 21 de dezembro de 2014

Crítica: "Êxodo: Deuses e Reis"

Êxodo: Deuses e Reis
(Exodus: Gods and Kings)
Ação/Aventura- 2014 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil: 25/12/2014
Direção: Ridley Scott
Distribuidora: 20th Century Fox


      Com  "Êxodo: Deuses e Reis", o diretor Ridley Scott chega à seu quarto épico histórico. Quando o filme foi anunciado, meu primeiro pensamento foi: será um "Gladiador" (2000) ou um "Robin Hood" (2010)? Digo isso pois os filmes do diretor vem demonstrando uma grande escala decrescente após do ótimo filme que conta a história do general Maximus. Porém, infelizmente o novo filme de Scott tem muito mais semelhanças com a decepcionante película sobre o príncipe dos ladrões.


       O primeiro aspecto incômodo do filme é a escalação do elenco. Uma enorme polêmica teve origem em torno disso, muito antes da estréia do filme, por conta da opção da produção do filme por contratar atores brancos que aturariam sob pesada maquiagem para parecerem mais "egípcios", ao invés de atores negros ou árabes. Devo confessar que considero isso um um grande erro, porém a má escalação vai além da aparência dos atores, pois a maioria deles simplesmente não entra em uma boa sintonia com o personagem que está interpretando. John Turturo é um grande ator, mas é impossível não olhar para ele e pensar: "o que um italiano está fazendo no antigo Egito?". São pequenas coisas que desviam a atenção dos diálogos do personagem. Além disso, não consigo entender o porquê de colocar uma grande atriz como Sigourney Weaver no filme e dá-la um personagem com pouquíssimo tempo de tela e que pouco influencia a trama. Christian Bale convence como Moisés, mas não consegue ir muito além disso, talvez por conta do fraco arco de seu personagem durante o filme. Acredito que o único destaque individual fique aqui para Joel Edgerton, que se sai muito bem como Ramsés, e consegue extrair muito de diálogos fracos.
     Os filmes mais recentes de Ridley Scott tem tido um grande problema em comum : mau desenvolvimento de personagens. Simplesmente não conseguimos nos conectar com os personagens, tornando difícil desenvolver qualquer tipo de empatia com suas motivações e com seus sofrimentos. Grandes roteiros conseguem fazer com que seus personagens nos marquem de alguma maneira. Certamente sempre me lembrarei da força de vontade de Maximus de e Ripley (só para manter-me dentro da filmografia de Scott). Porém, isso certamente não é o que ocorre aqui. Nenhum dos personagens chega a realmente marcar presença, quem dirá permanecer na memória.
        O aspecto redentor de "Êxodo" fica por conta de seu visual. Apesar de suas sucessivas falhas no que concerne à roteiros, Ridley Scott é um grande diretor, já tendo provado várias vezes que é capaz de prover boas cenas de combate e interessantes enquadramentos de cena. Os efeitos visuais do filme são extremamente bem construídos, e o Egito Antigo nunca me pareceu tão vivo e verossímil como em "Êxodo". Além disso, o diretor encontra soluções visuais muito interessantes para as cenas que envolvem acontecimentos de natureza mais metafísica, como por exemplo as famosas 10 pragas do Egito e a divisão do mar vermelho.
             Tirando a parte visual do filme, que realmente acrescenta algo para o gênero de filmes históricos, "Êxodo" acaba sendo um enorme "mais do mesmo". O roteiro do filme joga seguro e não faz nenhuma adição ou alteração relevante em relação ao já conhecido conto bíblico. A impressão que tive é que o filme não passa de um "O Príncipe do Egito" live action e com a adição de algumas cenas de ação, e todos já vimos esse filme, milhares de vezes. Acredito que o filme resuma perfeitamente o estado atual da filmografia de Ridley Scott, que parece feliz em continuar dirigindo filmes "no automático".



Regular


Por: Obi-Wan 


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