Top 10 Filmes de 2014
Por Obi-Wan
2014 foi um ótimo ano para o cinema e para os cinéfilos. Tivemos a estreia de filmes sobre os quais já se tinha uma enorme expectativa, desde o anúncio de seu primeiro trailer, e que certamente não decepcionaram, filmes como por exemplo Gone Girl e "Guardiões da Galáxia". Tivemos também continuações que conseguiram atingir muito mais do que seus filmes antecessores, como por exemplo o segundo filme do reboot de O Planeta dos Macacos e "Capitão América: O Soldado Invernal". Como se não bastasse, tivemos ainda a estreia de ótimos filmes dos quais nada se esperava de grandioso, como por exemplo "No Limite do Amanhã". Obviamente tivemos algumas leves decepções (sim, estou falando de "Interstellar") e péssimos filmes, como por exemplo "O Espetacular Homem-Aranha 2", que conseguiu ser ainda pior que seu antecessor (melhor parar Sony, melhor parar).
Importante lembrar que podemos avaliar somente os filmes que já estrearam no Brasil, infelizmente tivemos de deixar de lado filmes que já estrearam nos Estados Unidos e vieram recebendo críticas extremamente favoráveis, como por exemplo "Birdman" e "O Jogo da Imitação", e que esperamos ansiosamente para assistir em 2015 (mas isso é assunto para uma outra lista). Também deixei de fora alguns incíveis filmes que estrearam no Brasil no começo do ano, como por exemplo "Ela" e o "Lobo de Wall Street", por considerar que estes são filmes de 2013.
10 - "Operação Invasão 2" (The Raid 2: Berandal)
Direção: Gareth Evans
Distribuidora: XYZ Films
O primeiro The Raid
foi produzido por Gareth Evans com o intuito de financiar a história que agora dá origem ao segundo filme da franquia. Se o primeiro The Raid já possuía inúmeras cenas de ação insanas e
maravilhosamente bem coreografadas, já era de se esperar que o segundo filme da trilogia planejada
por Evans levasse tudo para uma escala ainda maior.
Começando exatamente no ponto em que termina o filme anterior, o roteiro de The Raid 2 parte daquela velha premissa do policial que se infiltra na máfia com o objetivo de derrubá-la de dentro. Sim, a premissa é clichê, mas sinceramente, quem se importa? O objetivo de The Raid 2 nunca foi o de inovar na história que se propõe a contar, mas sim em seu aspecto visual. Enquanto o primeiro The Raid apresenta uma premissa um pouco mais interessante e original, o segundo aposta em um número ainda maior de cenas de ação, envolvendo um número ainda maior de atores. Sim, o motivo de algumas dessas lutas às vezes pode parecer um pouco banal e forçado, mas elas são tão bem coreografadas e filmadas, que você logo se esquece do porquê elas estão acontecendo. The Raid 2 guarda o melhor para o final, quando acompanha seu personagem principal, Rama, em uma batalha no melhor estilo "guerra de um homem só", tendo direito até a uma luta com dois "minibosses" para poder enfrentar o personagem do filme que realmente faz frente à Rama, tendo como resultado uma das melhores cenas de ação de todos os tempos. Em um 2014 com fraquíssimos filmes de ação sendo produzidos em Hollywood, como "O Protetor" (2014) o tailandês The Raid 2 dá uma verdadeira lição de como se fazer um verdadeiro thriler de ação.
Começando exatamente no ponto em que termina o filme anterior, o roteiro de The Raid 2 parte daquela velha premissa do policial que se infiltra na máfia com o objetivo de derrubá-la de dentro. Sim, a premissa é clichê, mas sinceramente, quem se importa? O objetivo de The Raid 2 nunca foi o de inovar na história que se propõe a contar, mas sim em seu aspecto visual. Enquanto o primeiro The Raid apresenta uma premissa um pouco mais interessante e original, o segundo aposta em um número ainda maior de cenas de ação, envolvendo um número ainda maior de atores. Sim, o motivo de algumas dessas lutas às vezes pode parecer um pouco banal e forçado, mas elas são tão bem coreografadas e filmadas, que você logo se esquece do porquê elas estão acontecendo. The Raid 2 guarda o melhor para o final, quando acompanha seu personagem principal, Rama, em uma batalha no melhor estilo "guerra de um homem só", tendo direito até a uma luta com dois "minibosses" para poder enfrentar o personagem do filme que realmente faz frente à Rama, tendo como resultado uma das melhores cenas de ação de todos os tempos. Em um 2014 com fraquíssimos filmes de ação sendo produzidos em Hollywood, como "O Protetor" (2014) o tailandês The Raid 2 dá uma verdadeira lição de como se fazer um verdadeiro thriler de ação.
9 - "No Limite do Amanhã" (Edge of Tomorrow)
Direção: Doug Liman
Distribuidora: Warner Bros.
Se alguém disser que esperava mais de "No Limite do Amanhã" do que
um filme mediano, essa pessoa está provavelmente mentindo. Quando o filme foi anunciado, na hora
me lembrei de "Oblivion" (2012) e imaginei que este seria mais um filme
de ficção científica sem graça com Tom Cruise no papel principal. Quando de fato assisti o filme, o que encontrei foi a maior surpresa de 2014.
O que mais me interessou sobre a premissa básica de "No Limite
do Amanhã" é que o personagem de Tom Cruise, Col. Bill Cage, não é nenhum herói com treinamento para combate, mas sim um arrogante
publicitário de guerra, que acaba indo parar no lugar errado, na hora
errada. E é justamente o ponto de partida do filme, de fazer Cage reviver
sempre seus últimos momentos de vida que faz com que Cage aprenda a ser um herói, algo muito semelhante à "O
Feitiço do Tempo" (1993). Melhor ainda é o fato de Cage aprender tudo isso com Rita, muito bem
interpretada por Emily Blunt, essa sim uma verdadeira heroína de guerra,
que já esteve presa no mesmo loop temporal no qual se encontra
Cage. A relação entre os dois é muito bem construída ao longo do filme, e
apesar de um final fraco, "No Limite do Amanhã" se mantém como um dos melhores do ano.
Direção: Antonhy e Joe Russo
Distribuidora: Walt Disney Studios Motion Pictures
Distribuidora: Walt Disney Studios Motion Pictures
"Capitão América 2" é uma daquelas raras sequências que tem a
felicidade de superar seu antecessor em todos os aspectos possíveis.
Enquanto o primeiro filme do Capitão fez um ótimo trabalho em
desenvolver o personagem e encaixá-lo no universo cinematográfico da Marvel, "Capitão
América 2" parte de onde o personagem se encontra para contar uma excelente história, envolvendo o
personagem em seu melhor cenário: as tramas de espionagem da
S.H.I.E.L.D. O aspecto que mais agrada do filme é a sua capacidade de fazer com que nos esqueçamos de que se trata de
um filme de super-herói, mostrando sua muito bem vinda faceta de um
filme de espionagem moderno. O que "Capitão 2" consegue fazer é criar um filme de gênero dentro do sub-gênero de filmes de super-herói, uma variação extremamente bem vinda para os filmes do estúdio Marvel.
Porém, aliados a essa ótima trama de espionagem estão vários dos melhores
elementos que fazem uma história de super-herói, como por exemplo um dos
maiores trunfos do filme: seu icônico vilão, o Soldado Invernal.
Enquanto consegue conectar-se bem com o que acontece no filme anterior,
"Capitão América 2" se utiliza muito bem do personagem de Bucky Barnes,
envolvendo-o em uma trama maior. Muito bem filmado pelos irmãos Russo, o
filme possui algumas das melhores cenas de ação do ano, sabendo
muito bem como se utilizar de um personagem que não dispara lasers pelos
olhos, mas certamente sabe como vencer uma briga.
Direção: Joon-ho Bong
Distribuidora: The Weinstein Company
Distribuidora: The Weinstein Company
Não se deixe enganar pela péssima tradução do título do filme para o português, Snowpiercer está
longe de ser mais um clichê do gênero ficção científica. Isso se dá graças à premissa do filme, que, diferentemente da maioria
dos filmes que tratam de um futuro distópico, causado por problemas
ambientais, não cai na tentação de nos mostrar uma
megalomaníaca história sobre como tudo isso aconteceu, se limitando a
"apenas" contar uma excelente história, utilizando-se desse universo
como pano de fundo.
A premissa básica de Snowpiercer
é a de um total congelamento do planeta Terra, sendo que a única
maneira de manter-se vivo é habitando dentro de um trem, que mantém-se
sempre em movimento, mantendo seus "moradores" seguros. O nome de tal
trem dá o título ao filme, e é dentro dele que se desenrola toda a trama. O mais interessante sobre o filme é como ele
representa uma divisão social que persiste ao apocalipse, apenas em um
cenário menor. Aquelas poucas pessoas que não
tiveram condições econômicas para pagar sua passagem, mas acabaram conseguindo subir à bordo, vivem na parte de
trás do trem, isolados dos mais ricos. Snowpiercer funciona como
um filme de ação divido em vários estágios, acompanhando o personagem de
Chris Evans, Curtis, em sua tentativa de chegar à frente do trem.
Confiando sempre na ótima performance de seu protagonista e na excelente visão de seu diretor para cenas de ação, Snowpiercer é um filme recheado de momentos memoráveis.
6 - "O Abutre" (Nightcrawler)
Direção: Dan Gilroy
Distribuidora: Open Road Films
Nightcrawler é
um daqueles filmes que tem a incrível de capacidade de servir como um
espelho para a situação atual de nossa sociedade. O roteiro do filme,
provavelmente aquele que tenha o conceito mais original do ano, se utiliza de seu
personagem principal, Louis Bloom como um prisma para a audiência,
escancarando a podridão de todo um submundo formado pelos bastidores daqueles noticiários de fim de tarde, que se
interessam apenas em cobrir crimes violentos, qualquer que seja o custo.
Porém, o mais interessante de Nightcrawler é
o quanto Bloom representa a própria audiência, que, afinal de contas, é a grande
responsável por financiar e incentivar tal tipo de cobertura. As ações
do personagem ao longo do filme, assim como a brilhante performance de Jake Gyllenhaal, servem para que paremos e pensemos a que
ponto somos capazes de ir para conseguir uma informação.
Quanto mais sangrento, melhor.
Para mais informações, leia nossa crítica sobre o filme: http://historiaem35mm.blogspot.com. br/2014/12/o-abutre.html
Para mais informações, leia nossa crítica sobre o filme: http://historiaem35mm.blogspot.com. br/2014/12/o-abutre.html
5 - "Planeta dos Macacos: O Confronto ("Dawn of the Planet of the Apes)
Direção: Matt Reeves
Distribuidora: Twentieth Century Fox
Distribuidora: Twentieth Century Fox
"O Planeta dos Macacos" (1968) é um dos maiores e mais bem sucedidos filmes de ficção
científica de todos os tempos. Portanto, naturalmente, uma nova versão do filme era praticamente inevitável. Porém, após o terrível filme dirigido por Tim
Burton em 2001, pouquíssimos esperavam alguma coisa de "Planeta dos
Macacos: A Origem" (2011), nova tentativa da Fox de recomeçar a
franquia. Por conta disso, o filme surpreendeu positivamente a todos,
logo gerando uma enorme expectativa em torno de sua sequência.
"O Planeta dos Macacos: O Confronto" (uma péssima tradução para o
português, vide o título original do filme, que aponta um "amanhecer") certamente não decepciona, na verdade, trata-se
facilmente de um dos melhores filmes do ano. E muito disso deve-se
certamente à nova direção que o diretor Matt Reeves trouxe à franquia. O
plano original do estúdio era seguir com o diretor do primeiro filme,
Rupert Wyatt, e contar a história do que teria se seguido logo após os
acontecimentos do filme anterior. Porém, Reeves teve a enorme sacada de
começar seu filme um longo período depois dos últimos acontecimentos, 10
anos depois, dando um enfoque muito maior nos macacos. Com isso, o diretor tem a oportunidade de nos mostrar
exatamente o que queríamos ver após o filme anterior: Caesar e o despertar de uma nova sociedade por ele liderada.
O
grande enfoque do filme é a evolução de uma sociedade de macacos liderada
por Caesar, que se torna tão similar à uma sociedade humana, que passa a
sofrer dos mesmos problemas de uma, representados pela ganância e o
ódio descontrolado de Koba, chegando a de fato entrar em confronto com
uma cidade de sobreviventes humanos localizada a poucos quilômetros de
distância. Devido à grande visão de seu diretor, e à assustadora
humanidade presente em Caesar, tanto em suas atitudes, quanto na
magnífica performance por captura de movimentos de Andy Serkis, que já
merece há muito tempo uma indicação ao Oscar por melhor ator, "Planeta
dos Macacos: O Confronto" é uma grande adição à mitologia da série,
tanto do filme original quanto do novo reboot.
Direção: James Gunn
Distribuidora: Walt Disney Studios Motion Pictures
Distribuidora: Walt Disney Studios Motion Pictures
Mais um acerto da Marvel Studios nessa lista, e que acerto. Atualmente, o
estúdio parece capaz de extrair leite de qualquer tipo de pedra, sendo capaz
transformando um de seus mais obscuros super grupos em um estrondoso
sucesso de bilheteria, chegando à arrecadar perto de 100 milhões de
dólares nos Estados Unidos, apenas em seu fim de semana de
estreia.
Tratando-se de uma bem sucedida espécie de mistura entre Star Wars e Indiana Jones, "Guardiões
da Galáxia" foi certamente o filme mais divertido do ano, me fazendo
sair do cinema com aquele velho sorriso de orelha à orelha, já
tradicional de experiências anteriores com filmes da Marvel. A
comparação mais óbvia aqui é com Vingadores (2012), o filme de
supergrupo anterior do estúdio. E acredito que "Guardiões da Galáxia"
seja melhor em vários aspectos.
Enquanto tivemos a oportunidade de acompanhar as histórias solo de quase
todos os personagens integrantes dos Vingadores em filmes anteriores do estúdio,
"Guardiões" tem pouquíssimo tempo para desenvolver cada um de seus
personagens, mas consegue fazê-lo com maestria. O filme possuí alguns
poucos elos fracos, estes muito semelhantes aos de "Os Vingadores", como por
exemplo a falta de um vilão com uma presença mais marcante, porém tem um
sucesso ainda maior em escondê-los. O sentimento de um enorme clímax de
duas horas que tive ao assistir o filme fez com que fosse praticamente
impossível detectar suas falhas.
3 - "O Grande Hotel Budapeste" (The Grand Budapest Hotel)
3 - "O Grande Hotel Budapeste" (The Grand Budapest Hotel)
Direção: Wes Anderson
Distribuidora: Fox Searchlight Pictures
"O Grande Hotel Budapeste" é um daqueles raros filmes que, com um orçamento relativamente modesto, consegue se tornar um grande sucesso de bilheteria, convertendo-se em um
filme extremamente lucrativo para seu estúdio. O oitavo filme do
diretor Wes Anderson, certamente seu mais lucrativo até agora, possuí
todos os elementos que definem um filme do diretor, que acabou
praticamente criando um gênero próprio para seus filmes, destacando-se
sempre elementos muito identificáveis, tanto em suas histórias como em
suas escolhas de enquadramento de tela, se estendo até à paleta de cores
que o diretor costuma usar em seus filmes.
A trama do filme se desenrola em linhas temporais diferentes,
começando com um velho autor lembrando de sua estada no Grande Hotel
Budapeste, quando conheceu o dono do lugar, Zero Mustafa, que lhe conta a
história de quando trabalhava no Budapeste juntamente à M. Gustave.
Toda a trama do filme se apoia muito no carisma do personagem de
Gustave, bem como na inspiradíssima performance de Ralph Fiennes e
ultimamente, com seus sucessivos recuos temporais, o que o filme se propõe a abordar, e certamente consegue, é a nostalgia presente em se falar sobre tempos já inexistentes.
Direção: David Fincher
2 - "Garota Exemplar" (Gone Girl)
Direção: David Fincher
Distribuidora: Twentieth Century Fox
Gone Girl foi certamente o grande thriler
de 2014. Em seu novo filme, o diretor David Fincher exibe
novamente sua incrível capacidade de manter cada um de seus
telespectadores sentados na ponta de seus assentos, tentando
desesperadamente adivinhar o que virá a seguir.
Logo ao começo do filme somos apresentados à tradicional
história de assassinato de uma esposa em sua própria casa, tendo seu próprio
marido como o principal suspeito. Porém, o que acompanhamos em Gone Girl
não é a tradicional jornada do detetive encarregado de solucionar o
caso, mas somos levado à acompanhar a jornada do principal suspeito em sua
tentativa de provar sua inocência. Também, através de uma série de flashbacks, somos levados a observar
a trajetória do casal formado por Nick e Amy Dunne, e a partir disso
tentamos ir encaixando as peças do que se desenrola no tempo presente
da trama. O mais interessante é que o filme se vira para uma direção
extremamente inesperada, mais de uma vez, conseguindo sempre prender a
atenção de seu espectador.
1 - "Boyhood: Da Infância à Juventude" (Boyhood)
Direção: Richard Linklater
Distribuição: IFC Films
Distribuição: IFC Films
Confesso que não estava ansioso para a estreia de Boyhood, na realidade, eu mal sabia da existência de tal projeto. O filme, de baixo orçamento, teve uma estreia extremamente limitada no Brasil, apenas algumas salas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Porém, aqueles que puderam assistir, presenciaram uma das maiores conquistas cinematográficas dos anos 2000. Desde que assisti Boyhood, tive a certeza de que estaria no topo da minha lista de melhores filmes de 2014.
E isso vai muito além do planejamento de filmagem do filme, que se estendeu ao longo de 12 anos, pois, sem o maravilhoso roteiro escrito por Richard Linklater, tudo não teria passado de uma gigantesca perda de tempo. É da combinação da inovadora ideia de transportar o envelhecimento e amadurecimento real dos atores para as telas, aliada ao fantástico roteiro, que deriva a grandeza de Boyhood. A trama pensada por Linklater parte sempre de acontecimentos corriqueiros, que poderiam acontecer com qualquer pessoa que viveu durante o período no qual o filme foi gravado.
Porém, é partindo de uma premissa aparentemente simples que deriva a genialidade de Boyhood. O que o filme consegue captar na tela é justamente a essência de se viver nos anos 2000. A atualidade do filme está sempre presente, seja por conta da trilha sonora utilizada, que será certamente identificada por qualquer um de nós, seja pelos elementos de cultura popular discutidos ao longo do filme, como quando Mason Jr. e seu pai discutem a possibilidade de um novo filme de Star Wars (agora com lançamento marcado para o fim de 2015). Porém, o filme não se limita a nos intrigar com o amadurecimento do personagem principal do filme, mas vai além, expondo de maneira magistral a vida de toda sua família, apoiando-se muito, como em todo filme de Linklater, na enorme capacidade de seu elenco principal, que entrega caso performances de altíssimo nível (principalmente Patricia Arquette).
O filme já recebeu 5 indicações ao Globo de Ouro, e tenho certeza que chegará como um dos favoritos para vencer o Oscar de Melhor Filme, bem como o de direção, e provavelmente alguma das categorias de atuação. Porém, acredito que o alcance de Boyhood seja muito maior, tratando-se de um daqueles filmes que permitirá às gerações futuras terem uma absurdamente viva visão de como se foi viver nos anos 2000, algo que Boyhood consegue capturar como nenhum outro filme jamais conseguiu.
Este
filme foi o escolhido por mim dentre tantos exemplos de grandes obras do cinema
nacional desse ano para mostrar como que a idéia de que filme brasileiro é só
favela, prisão ou comédias da globofilms é uma idéia retrograda. Pois então
entenda que este é apenas o representante dentre tantas outras obras incríveis,
seja pelo “O Lobo Atrás da Porta” ou “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, Entre Nós
é um filme maravilhoso e mostra como estamos perfeitamente de acordo com o
nível das produções cinematográficas de diversas partes do mundo (ou você
acredita que do cinema Iraniano e Argentino nós vemos alguma pérola nível
Leandro Hassun sendo exportada pra ca? E sim, existem produções nesse nível
nesses países).
Não
há como negar que 2014 reservou certas surpresas no quesito Blockbuster. É
ainda mais difícil de argumentar que Guardiões da Galáxia tenha sido o melhor
exemplo dessa surpresa. Saindo de uma HQ relativamente desconhecida pelo
publico, apostando no humor e no tom de aventura que se viu poucas vezes no
cinema dos ultimas anos (que saudades de Star Wars e Caçadores da Arca
Perdida), Este novo longa da Marvel se mostrou uma empreitada muito bem
realizada por seus idealizadores.
Meu
colega Obi Wan já se expressou tudo o que se deveria falar sobre esse filme sem
um spoiler alert, por isso me aterei a um comentário breve.
Fazer
um drama que envolva pessoas com problemas mentais é um desafio. Fazer uma
comédia conceitual e de humor refinado é outro grande desafio. Fazer um filme
que consiga conciliar tão bem esses dois elementos é para se fazer qualquer
tipo de elogio. Some a isso ainda uma interpretação corporal e de voz
sensacional de Michael Fassbender e você terá Frank.
Direção: Denis Villeneuve
Denis Villeneuve, junto com Bennett Miller, acabou por se tornar um daqueles diretores de que espero muito mesmo tendo poucos filmes lançados, graças aos seus dois últimos longas “Os Suspeitos” e este belíssimo filme que é “O Homem Duplicado”.
Top 10 Filmes de 2014
Por: Han Solo
10 - Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1
Direção: Francis Lawrence
Distribuidora: Paris Films
Este filme
teve de ser incluído em minha lista primeiramente por um simples motivo: estamos
falando de uma série de filmes de ação que tem como base de fãs um publico
jovem e que destinou grande parte de seu tempo para desenvolver muito mais os
seus personagens, e o abrangente mundo de questões políticas destes, do que
meras sequencias de ação. Esse é o ponto principal da série Jogos Vorazes
afinal de contas, a abordagem política que faz referencia a questões políticas
da antiguidade clássica ao mesmo tempo que projeta características totalmente
atuais em relação a mídia e cultura.
Um dos grandes expoentes de
Blockbusters deste ano (mais adiante teremos o maior expoente), “A Esperança –
Parte1”, porém, não decepciona também nas sequencias de ação culminando com um
resultado excelente em vista do fato de alguns Transformers da vida ainda sendo
produzidos por ai (sério Michael Bay, já deu...). Um belo trabalho que cria
expectativas para o próximo filme.
9 - Entre Nós
Direção: Pedro Morelli, Paulo Morelli
Distribuidora: DOWNTOWN Filmes
A
trama envolvendo um grupo de amigos, um acidente terrível e cobiça, nos leva
para fora da sala de cinema numa auto-avaliação gritante fazendo-nos recordar
de memórias doloridas e tocantes de grupos de amigos na nossa vida. Entre Nós é
um exemplo maravilhoso de que quando se fala de questões humanas num filme
humano é impossível se tornar distante da história.
8 - Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy)
Direção: James Gunn
Distribuidora: Walt Disney Studios Motion Pictures
O
filme possui tudo o que um Blockbuster das décadas de 70 e 80 apresentavam em
abundancia: personagem principal carismáticos, humor físico e conceitual,
trilha sonora sensacional (a melhor desde Pulp Fiction) uma trama bem resolvida
em relação a aventura dos personagens e
um vilão realmente temível. Aguardamos por mais.
7 - O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
Direção: Wes Anderson
Distribuidora: Fox Searchlight Pictures
Wes
Anderson em seu melhor estilo. Esta eu acho que é a melhor definição de O
Grande Hotel Budapeste já que este longa possui tudo o que é marca registrada
do cineasta. Movimentos de câmera suaves, enquadramentos perfeitamente centrais
de personagens, simetria minimalista, cores berrantes que preenchem o filme e
um humor bem... “diferente” (?). Este
ultimo longa metragem de Anderson consegue ainda reunir grandes atores para
viverem seus personagens com atuações realmente muito boas.
A
história se desenrolar em diversas linhas temporais ainda surge como um
elemento cativante por podemos sentir como palpáveis os sentimentos de seus
personagens e toda a relação destes com o Hotel. Um filme que me surpreendeu
(não sou propriamente um fã de Wes Anderson embora reconheça, e muito, o seu
talento) e que com toda certeza merece ser lembrado como um dos melhores
trabalhos deste ano.
6 - Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes)
Direção: Matt Reeves
Distribuidora: Twentieth Century Fox
Da mesma forma que me senti obrigado a colocar a primeira
parte de “A Esperança” nesta lista devido seu conteúdo político somado à ação,
o mesmo ocorre com este novo exemplar da franquia Planeta dos Macacos, porém em
níveis superiores criando um filme realmente mais denso, sujeito a
interpretações e servindo de alegoria política e social muito forte.
Se o
primeiro filme desse novo reboot representava uma surpresa estonteante , este
novo longa é a confirmação de maturidade de uma idéia bem desenvolvida por seus
realizadores.
5 - Frank
Direção: Leonard Abrahamson
Este
filme é uma peça diferente de qualquer outro filme que vi em 2014 (sério mesmo)
e ele me acompanhou por semanas em suas discussões psicológicas e sequencias
músicas muito bem filmadas. O filme conta ainda com um final perfeito, daqueles
que você consegue sentir o corte final vindo, as emoções vão emergindo e tudo
se “encaixa” nos dramas dos personagens. Um filme que passou despercebido pelo
Brasil, mas que vale muito a pena uma conferida.
4 - O Abutre (Nightcrawler)
Direção: Dan Gilroy
Distribuidora: Open Road Films
Além
de possuir uma discussão extremamente atual acerca da mídia sensacionalista,
este filme consegue deixar o espectador totalmente incomodado, conseguindo um
lugar de destaque em minha lista e com certeza em diversas premiações do ano
que vem. Jake Gyllenhaal com certeza é o que movimenta o filme com sua atuação
digna de todos os elogios e ele deve ser o principal elemento que será
impulsionado para tais premiações.
Um
filme instigante, denso e tenso, com grandes atuações e uma discussão com
contornos de denuncia, merece um lugar seguro na lista “Quero Ver” de qualquer
pessoa que goste do bom cinema.
3 - Garota Exemplar (Gone Girl)
Direção: David Fincher
Distribuidora: Twentieth Century Fox
Ao
sair da sessão de Garota Exemplar eu estava com uma sensação maravilhosamente
angustiante de que o filme tinha me tocado de alguma maneira. Eu precisava
ligar para alguém, andar, pensar e, acima de tudo, ler o livro. Este longa
mostrou mais uma vez que quando David Fincher se volta para personagens
complexos e extremamente racionais, o resultado é o de melhor qualidade
possível.
Talvez
Fincher acabe abocanhando algum Oscar de Boyhood como um “mea culpa” da
academia após aquele ano deplorável no qual o Discurso do Rei e Tom Hooper
levaram para casa os prêmios da Rede Social por pura propaganda. Porém, nada
disso realmente importa, já que o diretor de Clube da Luta e Seven parece
realmente só interessado em trabalhar. Uma grande obra do maior diretor
contratado dos Estados Unidos.
2 - O Homem Duplicado (Enemy)
Denis Villeneuve, junto com Bennett Miller, acabou por se tornar um daqueles diretores de que espero muito mesmo tendo poucos filmes lançados, graças aos seus dois últimos longas “Os Suspeitos” e este belíssimo filme que é “O Homem Duplicado”.
Cheio de simbologias e metáforas psicológicas, esta
adaptação do livro de José Saramago infelizmente foi catalogada por muitas
pessoas como pedante, confuso, pretensioso e chato. O que é uma pena, já que
este filme representou pra mim um dos melhores momentos do cinema em 2014.
A
maior lastima talvez seja mesmo o fato de que pelo segundo ano consecutivo este
jovem direto Canadense irá passar despercebido pelas premiações mais
tradicionais.
Obs.: O filme foi lançado em festivais em 2013 nos EUA, porém resolvi inclui-lo por sua estreia em cinemas ser datada do meio deste ano (2014).
1 - Boyhood - Da Infância à Juventude (Boyhood)
Direção: Richard Linklater
Distribuição: IFC Films
Um
jovem clássico instantâneo, um roadmovie no qual a vida é a estrada. Quem não
assistiu ainda pode pensar que o fato do filme ter sido gravado em 12 anos é um
mero detalhe que não faz muita diferença, ou que é pouco importante, mas não se
engane. Boyhood, em sua simplicidade, é um dos filmes mais sofisticados e
tocantes já feitos pelo cinema. Sim, a sua idéia da utilização do tempo como
ferramenta cinematográfica não é original, mas aqui tal idéia atinge níveis
inimagináveis.
Difícil pensar em algo que eu não gostei no filme, as
interpretações são excelentes, o tom contemplativo me agrada muito, os
diálogos, que soam quase como improvisos de tão realistas, são sensacionais e
se há algum filme para o qual eu faço propaganda sem ressalvas é este.
Linklater
já é famoso por seus filmes sensíveis e extremamente “humanos”, mas aqui ele se
superou. A trilogia “before” foi um marco para os filmes românticos de
Hollywood, tratava seus personagens sem estereótipos e com muita delicadeza,
agora Boyhood dá uma aula a certas superproduções de que às vezes a vida é a
melhor história pra contar.
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