Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1
(Mockingjay - Part 1)
Ação - 2014 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil: 20/11/2014
Direção: Francis Lawrence
Distribuidora: Paris Filmes
Uma Katniss desorientada, que precisa
de um momento de solidão e que não consegue dormir. Finnick Odair concluindo
que após os últimos acontecimentos retratados no filme anterior a morte seria
a melhor saída para todos. Este é o tom de desespero que permeia Jogos Vorazes:
A Esperança – Parte 1, um tom que justifica e desenvolve os acontecimentos deste
novo capitulo da saga de Katniss Everdeen.
Neste novo exemplar da saga Jogos
Vorazes, Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) se vê na oportunidade de ajudar a
revolta contra a capital sendo o Tordo, o pássaro símbolo de luta, amparada pela
Presidente do distrito treze, Alma Coin (Juliane Moore), e pelo conselheiro
publicitário Plutarco Heavensbee
(Philip Seymour-Hoffman) para combater a propaganda enganosa, feita pela
capital contra a rebelião, ancorada nos discursos do Presidente Snow (Donald
Sutherland) e de Peeta Mellark (Josh Hutcherson).
Se mostrando bem mais contemplativo do
que os anteriores, neste filme somos levados a entender os jogos políticos e
propagandísticos de ambos os lados na guerra civil que se aproxima
gradualmente. Nesse aspecto, (e devo alertar que não li os livros de Suzanne
Collins, desta forma não posso afirmar se o que presenciei no cinema
corresponde realmente às obras da autora) diversos caminhos tomados pela
história se mostram justificados no contexto político da Panem. Katniss e Peeta
são assim mostrados praticamente como objetos de propaganda política que
desempenham agora seu papel não somente no campo de batalha, mas sim como
rostos e mensageiros de ambos os lados, sendo este fato um resultado mais do
que qualificado para os acontecimentos dos filmes anteriores, como
provavelmente também justificara a eclosão de acontecimentos violentos nos
próximos filmes (estamos falando de uma série de aventura afinal de contas).
Contudo, estas idéias políticas nada
funcionariam se não fosse pelo elenco extremamente eficiente que consegue fazer
com que as cenas ganhem em urgência, compaixão, comédia e ironia em seus
determinados momentos. Juliane Moore integra o elenco como a Presidente Alma Coin, numa interpretação
forte de uma verdadeira líder que sabe a necessidade de um incentivo para uma
revolta geral contra a capital ao mesmo tempo em que adota um tom de voz
contido e calmo. Tal característica é dividida com o presidente da capital,
Presidente Snow, interpretado por Sutherland como um homem cruel, que se mostra
no controle da situação com um olhar penetrante e um sorriso que gera tensão em
qualquer um, e que, mesmo mantendo a aparentemente calma com os atos rebeldes,
se mostra temível. Algo ilustrado brilhantemente em uma cena na qual uma empregada que o barbeia acaba ferindo-lhe o rosto, mesmo sem dizer nada direto sobre o
acontecimento sentimos a tensão tomar conta do ambiente.
O resto
do elenco funciona muito bem, desde Sam Claflin e seu angustiado Finick, até Josh Hutcherson representando o todo o sofrimento de Peeta Mellark, mesmo que com pouco tempo na tela. Além disso, contamos com mais um desempenho maravilhoso de Philip Seymour-Hoffman
que demonstra toda a experiência e os sentimentos que movem este personagem,
que poderia ser um mero coadjuvante quando composto por outro ator, com simples
gestos que fazem com que a mensagem final do filme que o homenageia seja dolorosa para qualquer cinéfilo.
Mas o
filme é mesmo de Jennifer Lawrence que com talento ressalta a angustia de
Katniss em relação à Peeta ao mesmo tempo em que demonstra todo o desconforto
da garota ao ter que fazer um discurso motivador ensaiado, algo que funciona
muito em contraste ao discurso “espontâneo” feito pela heroína ao se deparar
com um ataque da capital. O filme ainda encontra tempo para desenvolver mais
ainda o afeto de Katniss pela irmã (o motivo dela ter ido para os jogos em
primeiro lugar) e emociona com uma cena em um hospital que se mostra tocante tanto
pela atuação de Lawrence como também pela direção de seu chara Francis
Lawrence. O diretor transforma este momento em algo memorável desde a apresentação de
diversos mortos e feridos, passando pela reação horrorizada de Katniss até o
momento em que todos realizam o "sinal da rebelião". A direção de Francis
Lawrence se mostra assim bastante eficiente ao longo de toda a projeção.
Desde o
momento em que se anunciou que o terceiro livro seria dividido em duas partes
me senti incomodado com a ideia, pois a motivação real de tudo isso era financeira
e não artística. Me agrada muito ver que, pelo menos nessa primeira parte, a
decisão se mostrou justificada pelo desenvolvimento de seu contexto político e
de seus personagens. Só me resta agora ler os livros (pois, sim, os dois
últimos filmes despertaram esta vontade) enquanto aguardo agora um final digno
para a saga.
Nota: Excelente
Por: Han Solo
I shot first!!!
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