sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Crítica: "Jogos Vorazes: A Esperança - O Final"

Jogos Vorazes: A Esperança - O Final
Mockingjay - Part 2
Ação - 2015 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil: 18/11/2015
Direção: Francis Lawrence
Distribuidora: Paris Filmes

“Desde o momento em que se anunciou que o terceiro livro seria dividido em duas partes me senti incomodado com a ideia, pois a motivação real de tudo isso era financeira e não artística. Me agrada muito ver que, pelo menos nessa primeira parte, a decisão se mostrou justificada pelo desenvolvimento de seu contexto político e de seus personagens. Só me resta agora ler os livros (pois, sim, os dois últimos filmes despertaram esta vontade) enquanto aguardo agora um final digno para a saga.”
Ao retornar à minha crítica escrita sobre “JogosVorazes: A Esperança – Parte 1”, encontrei neste trecho final do texto como extremamente pertinente para a minha abordagem de sua “Parte 2”. Pois ao mesmo tempo em que mostra a empolgação e expectativa criada por aquele filme (e eu realmente li os livros em um mês) também me dá espaço para concluir que se o primeiro filme mostrava poder justificar a divisão da história em duas, este novo longa é a prova absoluta de que aquilo foi um erro.
Partindo exatamente do fim do capitulo anterior, o filme parte da obsessão de Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) em matar o presidente Snow (Donald Sutherland), enquanto vê o deslanchar da guerra “pela liberdade dos distritos” transformar-se em disputas políticas onde cada vez mais a morte de nossa heroína (?) representará um elemento propagandístico tanto para a capital quanto para os rebeldes liderados por Alma Coin (Juliane Moore).
Se você estranhou o ponto de interrogação no parágrafo acima, saiba que este é um dos pontos mais interessantes da série e que ganha novas proporções com este filme final. Por mais que Everdeen seja uma pessoa que visa proteger a todos e entende a sua figura “heróica” de sobrevivente como um estímulo para os rebeldes, é inegável que o filme jamais a trata como uma figura plana, deixando que a garota questione, debata, aceite e tenha atitudes que são no mínimo antiéticas.
A verdade é que a série “Jogos Vorazes” sempre representou um passatempo blockcbuster que trabalha elementos que são sempre deixados de lado em filmes com este mesmo público alvo. Enquanto diversas obras de Hollywood proporcionariam o escapismo fácil, “A Esperança – Parte 2” conta com cenas importantes, na maioria dos casos (já volto neste item), que pretendem trabalhar a dinâmica ética de seus personagens. Como numa cena brilhante na qual Gale (Liam Hemsworth) e Katniss (postados um de frente para o outro, salientando suas posições contrárias) discutem o caráter de massacre de certas estratégias rebeldes, enquanto ao fundo soldados comemoram a “derrota” do inimigo como se observassem mais uma edição dos Jogos.
Essa mise-en-scène perfeita é um dos pontos altos da direção de Francis Lawrence que chega a dar uma aula de tensão em muitos filmes de terror a partir apenas do elemento sugestivo de sua câmera bem como o uso absolutamente genial do silêncio, fazendo com que até mesmo Jumpscares funcionem de maneira satisfatória, não caindo no clichê atual da câmera tremida para despertar a inquietação do espectador. Mas mesmo assim, o 3D continua sendo uma pedra no sapato no cinema hollywoodiano e completamente dispensável neste filme.
Porém, não é só de méritos que vive este longa. Na verdade, (e acho que é a primeira vez que direi isso) o fato de o filme se manter tão fiel ao livro no decorrer de sua história é que o prejudica. Acaba que por diversas cenas o filme fica “inchado” de certa forma, indo além do necessário, com diálogos que aparentemente só estão ali porque precisavam de mais de duas horas de projeção que justificassem a divisão do livro. Num filme de ação/aventura fica extremamente cansativo e frustrante perceber que as cenas de ação são raras, mesmo que estas sejam excelentes.
Mas acima de tudo (E NÃO LEIA ESTE PARÁGRAFO CASO NÃO TENHA VISTO O FILME) por que em nome de deus o roteiro manteve todas as ações e estruturas do livro se o final o muda consideravelmente em seu tom? Sim, todos os elementos do final aparentemente feliz estão lá, mas o brilhantismo da história de Suzane Colins estava justamente em colocar estes personagens lidando com uma realidade quebrada na qual a felicidade era uma imposição construída por suas vidas destruídas. Peeta e Katniss se amam, mas também são obrigados a conviverem juntos pelo resto da vida, já que não há mais ninguém em quem confiar sendo que o psicológico deles já está destruído.
Seja como for, “A Esperança – Parte 2” representa muitos méritos em suas cenas de ação grandiosas e envolventes, além de seus temas maduros e extremamente raros no cinema, é mesmo uma pena que este não seja um final tão satisfatório quanto o seu antecessor nos fez acreditar que seria (ainda que possua muito mais méritos do que deméritos). Um ótimo filme no cinema de uma forma geral, mas como filme de ação nos faz sentir falta desta.
Ótimo








Por Han Solo

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