quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Não Viu? Eu Recomendo! - "O Homem Elefante"

O Homem Elefante
(The Elephant Man)
Direção: David Lynch
Disponibilidade: Dowload/Online

Por Han Solo


“Eu não sou um elefante! Eu não sou um animal! Eu sou um ser humano!"


Quando esta frase é dita pelo protagonista à seus agressores curiosos que o encurralam, retiram seu capuz e o julgam por sua aparência deformada por uma doença rara, a frase também atinge o espectador que, de curioso e chocado pela figura do jovem cruelmente apelidado de “Homem Elefante”, passa ao longo do filme para sensibilizado e envolto de empatia por um ser humano que poucas vezes conheceu o exercício da palavra “carinho” em sua vida. O poder de chocar e sensibilizar está no centro narrativo desta maravilhosa obra de David Lynch, desde a pesada maquiagem que compõe o personagem título, até as lágrimas que escorrem dos olhos deste.

Baseado nos inscritos médicos do Dr. Treves (brilhantemente interpretado por Antony Hopkins), o filme conta a trágica história de John Merrick que, com 21 anos de idade, havia passado a vida como atração de “feira de monstros” (Freak show), conhecendo apenas os maus tratos, acabando por morar num hospital no qual ainda é muitas vezes tratado como figura de estudo e espanto para os médicos. Ao longo do filme a sua auto-percepção como indivíduo se altera enquanto a sociedade ainda tenta observá-lo com curiosidade.
Mais do que uma biografia emocionante, “O Homem Elefante” é um retrato humanista brilhante não só das dores e emoções de um homem tratado como monstro, mas também do ser humano que tem a capacidade de ser monstruoso em sua crueldade e repugnância pelo “diferente”. Recheado de cenas que proporcionam o mais sublime dos momentos sentimentais, o clássico de 1980 se estabelece como um filme sólido e bem estruturado em sua sensibilidade. Contando ainda com uma atuação fabulosa de John Hurt, que transcende a maquiagem em seu tom de voz, movimentos duros e construindo delicadeza onde só há dor.
A direção de David Lynch muito mais contida do que de costume (mesmo que conte com uma sequencia de abertura na qual o subjetivo do expectador ultrapassa o objetivo da obra) caminha pelas imagens preto e branco de uma Londres Vitoriana dividida entre a beleza e o horror. “O Homem Elefante” ainda se fecha com uma cena que demonstra toda a complexidade dos sentimentos humanos nas menores decisões e atitudes que podemos exercer no dia-a-dia. O filme exemplifica muito bem toda a força e dor do ser humano maravilhoso e complexo que era John Merrick.


Han e Obi-Wan recomendam!

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