(Me Casé Con un Boludo)
Comédia/Romance
Data de Estreia no Brasil: 26/05/2016
Diretor: Juan Taratuto
Distribuidora: Paris Filmes
O
argumento é interessante: após contracenarem juntos, Brandon (um astro do
cinema argentino) e Flor (uma inexperiente atriz) se apaixonam e decidem
rapidamente se casar, porém esta percebe que na verdade havia se apaixonado
pelo personagem interpretado por seu marido, sendo este um ator imaturo e
egocêntrico. É aí que Brandon resolve voltar a interpretar diariamente o
personagem pelo qual sua mulher se apaixonou, tentando manter seu casamento...
Com tal premissa é evidente o potencial do filme para se tornar um “Woody Allen
argentino”, com diálogos e senso de humor memoráveis, brincando ainda com a
metalinguagem (pense em “A Rosa Púrpura do Cairo”). Porém, a única comparação
que resta ao filme em relação ao diretor nova-iorquino é com a preguiça e
previsibilidade de seus projetos atuais, já que “Roteiro de Casamento” se joga
a todo o momento a clichês e soluções fáceis de roteiro.
Um
agravante a isso tudo é o fato de que o filme implora para que compreendamos as
motivações e atitudes de Brandon sendo que este é intitulado por sua própria
esposa como um “machista, egocêntrico e homofóbico”. Independente de qualquer
arco dramático envolvendo as atitudes do personagem, este possui uma péssima
índole e não merece ficar com Flor, mesmo que abertamente ele afirme que suas
atitudes sejam por amor. O que suaviza o personagem é mesmo a interpretação
carismática de Adrian Suar o qual, se emparelhando com o tom farsesco da
narrativa, tenta fazer o espectador não levar o personagem a sério demais – mas
nem se o próprio Marlon Brando interpreta-se o personagem eu poderia torcer por
tal.
Mas
este não é um mérito apenas de Suar, já que o elenco homogeneamente parece
viver num mundo da comédia caricatural, algo que traz leveza ao filme. Contudo,
o roteiro não se preocupa em desenvolver mais além qualquer personagem, já que estes
entram e saem da história sem qualquer motivação para suas atitudes: a mudança
abrupta de atitude do diretor na estréia do filme, a motivação de o amigo que
se passa por psicólogo para não seguir o que se havia combinado e o motivo de o
roteirista ter aceitado ajudar Brandon, todas estas atitudes (e outra absurda que
ocorre ao final da projeção) acabam jamais sendo justificadas, ou meramente
abordadas pelo roteiro.
Pois
a verdade é que “Roteiro de Casamento” possui uma abordagem moderadamente
interessante de seu diretor Juan Taratuto - contando com um belo plano seqüência
em uma cena estabelecida em uma festa, além de até utilizar pulos no eixo para
gerar humor com os enquadramentos - mas também possui uma falta tremenda de
imaginação para desenvolver a narrativa, já que está se desenrola da forma mais
previsível possível. Contando ainda com um momento “doença ex machina”, o
roteiro do próprio diretor e de Pablo Solarz ainda peca por se estender demais
no terceiro ato, com idas e vindas de personagens que soam repetitivas.
Acertando
num design de produção eficiente que parece dar dimensão que o roteiro não dá
aos personagens (como na jaqueta de couro de Brandon com inscritos brilhantes
nas costas ou mesmo o próprio crescimento de mobílias na casa do ator ao longo
da história), o roteiro ao menos acerta nas piadas envolvendo o ego do ator e
suas histórias falsas quanto seu “amigo” Brad Pitt e sua experiência no famoso
Actors Studios, gerando bons momentos, mas que poderiam ser mais bem
explorados. Assim, “Roteiro de Casamento” não é uma obra chata de assistir, mas
é inofensiva e esquecível e se tratando do argumento com potencial era de se
esperar um comentário ácido ao estilo “O Jogador”, uma análise divertida da
indústria como em “Noite Americana” ou mesmo um exercício de metalinguagem como
em “Adaptação” (ou no próprio “A Rosa Púrpura do Cairo”), mas não. O ponto de
partida é relegado pelo roteiro a um único fim: um desenvolvimento
medíocre.
Regular
Por Han Solo
Nenhum comentário:
Postar um comentário