(Focus)
Ação/Romance/Comédia - 2015 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil:12/03/2015
Direção: Glenn Ficara e John Requa
Distribuidora: Waner Bros.
(Ahn? Ok então...)
Em Golpe Duplo eu pensei a frase
acima tantas vezes que perdi a conta, pois cada nova situação criada pelo
roteiro nos causa incredulidade, acabando por cair na maioria das vezes em um
desfecho “aceitável” (?). Na verdade, este é um dos grandes problemas do filme,
o fato com que este nos faz relevar os seus problemas e não nos importarmos
muito com as suas qualidades. Este é o tipo de filme seguro do que quer fazer, com
uma direção estilizada, um elenco eficiente e que representa um passatempo
divertido. Podendo ser resumido de uma maneira: um passatempo bem feito, porém em
sua maior parte esquecível.
No centro deste longa está o
clássico argumento dos trapaceiros, um mais experiente e outro jovem com
potencial, e o seu envolvimento afetivo que culmina com um grande golpe. Esta
velha formula se mostra divertida como sempre, o fato de ser um clichê do
gênero não interfere no envolvimento do espectador, podendo expandir o seu
desenvolvimento a partir da figura claramente dúbia de seus personagens
carismáticos, porém de moral duvidosa. Algo que se fortalece por um Will Smith que
constrói Nicky com uma confiança invejável (mesmo que não faça grandes esforços
na composição do personagem) e uma Margot Robbie que embora caia no estereótipo
da mulher aprendiz e bonita consegue vender bem a imagem de vigarista de Jess
Barrett.
Ainda que Rodrigo Santoro não
comprometa em sua participação, deixando de lado, é claro, uma cena de explosão
de raiva que deveria causar medo e que gera o riso, e o fato de Adrian Martinez
representar um estereótipo de “gordinho engraçado”, sendo o alivio cômico do
filme que vive só de um humor grosseiro, Golpe Duplo trás uma galeria de atores
que se encaixa bem em cada papel, sem grandes problemas de seus interpretes de
passarem bem para a atuação o roteiro “bem mais ou menos” que lhes foi entregue.
O roteiro, vale observar,
funciona em uma estrutura estranha de dois atos divididos em dois golpes por um
lapso de tempo, sendo a primeira parte, na qual estão as cenas de ensinamentos
e apresentação da dinâmica dos personagens e daquele mundo, extremamente
promissora e de um ritmo sensacional, enquanto a segunda parte fica relegada a
momentos muito menos interessantes, além
de obter um anticlímax frustrante que gera o maior de todos “Ahn? Ok então...”.
Mesmo que exagere sempre na conclusão de seus golpes o filme não se leva a
sério e não pede, quase nunca, que o levemos a sério. Existe a plena
consciência de que este é um mero passatempo sem qualquer noção de realidade.
E se isto funciona é justamente
pela direção energética e inventiva dos também roteiristas Glenn Ficara e John
Requa, que imprimem um bom ritmo em sua narrativa fazendo passagens
extremamente memoráveis por seus cortes rápidos e planos detalhes nas
explicações dos golpes, além de movimentos de câmera elegantes que se
sobressaem em dois belos planos sequencias excelentes. Construindo ainda
quadros que utilizam das cores para dar o tom da cena (como o vermelho que
traz o sentimento de paixão no vicio do personagem e tensão numa cena no final
da primeira parte do longa, além do amarelo que posicionado em uma cena de sexo
remete a luz, vida e inspiração daquele relacionamento) o único elemento
realmente memorável deste filme reside na direção dessa dupla.
Por mais que o filme acredite que
faz uma reviravolta espetacular e digna do “primeiro ato”, qualquer pessoa que
veja o filme se espantará com a conclusão do ultimo golpe (a chamada recompensa
nos filmes) até que venham aqueles momentos característicos de diálogos
expositivos que explicam o funcionamento do golpe gerando a incredulidade do
espectador que simplesmente aceitará o desfecho sem qualquer convicção:
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