domingo, 15 de março de 2015

Crítica: "Golpe Duplo"

Golpe Duplo
(Focus)
Ação/Romance/Comédia - 2015 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil:12/03/2015
Direção: Glenn Ficara e John Requa
Distribuidora: Waner Bros.



(Ahn? Ok então...)

Em Golpe Duplo eu pensei a frase acima tantas vezes que perdi a conta, pois cada nova situação criada pelo roteiro nos causa incredulidade, acabando por cair na maioria das vezes em um desfecho “aceitável” (?). Na verdade, este é um dos grandes problemas do filme, o fato com que este nos faz relevar os seus problemas e não nos importarmos muito com as suas qualidades. Este é o tipo de filme seguro do que quer fazer, com uma direção estilizada, um elenco eficiente e que representa um passatempo divertido. Podendo ser resumido de uma maneira: um passatempo bem feito, porém em sua maior parte esquecível.

No centro deste longa está o clássico argumento dos trapaceiros, um mais experiente e outro jovem com potencial, e o seu envolvimento afetivo que culmina com um grande golpe. Esta velha formula se mostra divertida como sempre, o fato de ser um clichê do gênero não interfere no envolvimento do espectador, podendo expandir o seu desenvolvimento a partir da figura claramente dúbia de seus personagens carismáticos, porém de moral duvidosa. Algo que se fortalece por um Will Smith que constrói Nicky com uma confiança invejável (mesmo que não faça grandes esforços na composição do personagem) e uma Margot Robbie que embora caia no estereótipo da mulher aprendiz e bonita consegue vender bem a imagem de vigarista de Jess Barrett.

Ainda que Rodrigo Santoro não comprometa em sua participação, deixando de lado, é claro, uma cena de explosão de raiva que deveria causar medo e que gera o riso, e o fato de Adrian Martinez representar um estereótipo de “gordinho engraçado”, sendo o alivio cômico do filme que vive só de um humor grosseiro, Golpe Duplo trás uma galeria de atores que se encaixa bem em cada papel, sem grandes problemas de seus interpretes de passarem bem para a atuação o roteiro “bem mais ou menos” que lhes foi entregue.

O roteiro, vale observar, funciona em uma estrutura estranha de dois atos divididos em dois golpes por um lapso de tempo, sendo a primeira parte, na qual estão as cenas de ensinamentos e apresentação da dinâmica dos personagens e daquele mundo, extremamente promissora e de um ritmo sensacional, enquanto a segunda parte fica relegada a momentos muito menos interessantes, além de obter um anticlímax frustrante que gera o maior de todos “Ahn? Ok então...”. Mesmo que exagere sempre na conclusão de seus golpes o filme não se leva a sério e não pede, quase nunca, que o levemos a sério. Existe a plena consciência de que este é um mero passatempo sem qualquer noção de realidade.

E se isto funciona é justamente pela direção energética e inventiva dos também roteiristas Glenn Ficara e John Requa, que imprimem um bom ritmo em sua narrativa fazendo passagens extremamente memoráveis por seus cortes rápidos e planos detalhes nas explicações dos golpes, além de movimentos de câmera elegantes que se sobressaem em dois belos planos sequencias excelentes. Construindo ainda quadros que utilizam das cores para dar o tom da cena (como o vermelho que traz o sentimento de paixão no vicio do personagem e tensão numa cena no final da primeira parte do longa, além do amarelo que posicionado em uma cena de sexo remete a luz, vida e inspiração daquele relacionamento) o único elemento realmente memorável deste filme reside na direção dessa dupla.

Por mais que o filme acredite que faz uma reviravolta espetacular e digna do “primeiro ato”, qualquer pessoa que veja o filme se espantará com a conclusão do ultimo golpe (a chamada recompensa nos filmes) até que venham aqueles momentos característicos de diálogos expositivos que explicam o funcionamento do golpe gerando a incredulidade do espectador que simplesmente aceitará o desfecho sem qualquer convicção:



(Ahn? Ok então...)










Bom

Por: Han Solo

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