segunda-feira, 7 de março de 2016

Crítica: "House Of Cards" (4ª Temporada)

House Of Cards
Drama
Data de Lançamento: 04/03/2016
Distribuição: Netflix
Produção: Beau Willimson, Dana Brunetti, David Fincher, Robin Wright, Kevin Spacey, Melissa Gibson, Michael Dobbs, John Mankiewicz, Eric Roth, Joshua Donen

Desde a sua estréia em fevereiro de 2013, “House Of Cards” parece empenhada em utilizar de alegorias óbvias de crítica ao governo estadunidense em meio a mais pura dramatização de eventos que por vezes soam como absurdos, mas que ganham força justamente na sobreposição dos dois para traçar um estudo eficaz da ambição e do poder políticos. A quarta temporada da série chega estruturada de maneira para salientar o brilhante (e agora óbvio) trocadilho criado com o título da série: da mesma maneira que a escalada ao poder se deu de forma minuciosa e paciente, como quem constrói um “castelo de cartas”, a fragilidade de tal “edificação” é inexorável pelos rastros deixado pelo nosso protagonista, Frank Underwood, sendo um sopro de vento capaz de tombar a obra de corrupção do presidente.

Começando diretamente dos eventos do fim da terceira temporada, na atual temos a divisão clara entre dois blocos narrativos que se dão entre as duas metades do quarto capítulo da série, mas que funcionam sempre a partir de três elementos básicos: disputas entre uma figura de oposição política direta que tenta tirar o poder do nosso protagonista; Uma questão envolvendo política externa; E a dinâmica delicada e perigosa (ainda mais depois dos eventos do fim da ultima temporada) entre Francis e Claire Underwood. Porém, o mais interessante é que tanto na primeira parte da temporada quanto na segunda estes elementos se intercalam no foco dramático e relacionam-se impulsionando a narrativa.
Assim, fica a clara impressão de que não há pontas soltas no roteiro de “House Of Cards” ao longo de seus treze episódios. Os eventos que surgem na tela (sempre intercalando realidade e o “absurdo” que se torna verossímil) dão um ritmo alucinante para a história, já que sempre há um elemento novo para desenvolver a partir da interação dos três pontos que citei acima. Temas como a espionagem, a “Guerra ao Terror”, atentados e demais conspirações são utilizados para desenvolver todos os personagens nesta temporada, sendo esta uma das que mais dá espaço para conhecermos melhor Claire Underwood.
Tão obstinada pelo poder e seu espaço próprio no cenário político quanto seu marido, Sra. Underwood é mais uma vez interpretada maravilhosamente bem por Robin Wright (que também dirigiu alguns dos melhores episódios desta quarta parte da série), possuindo ótimos momentos dramáticos a partir da relação da personagem com sua mãe, Elizabeth Hale, interpretada pela sempre impecável Ellen Burstyn. Dominando pelo menos dois episódios inteiros sozinha, a personagem prova que nesta parte da série são as relações pessoais que estão no foco dos maiores problemas do presidente e da primeira dama.
A série faz assim um trabalho poderoso ao ainda inserir a figura de Will Conway (Joel Kinnaman) para salientar o ciclo de corrupção dentro do ambiente político no qual se geram cada vez mais e mais pessoas que assumem qualquer preço para também assumirem o poder, sendo a figura do Governado Conway um personagem interessante por mostrar um adversário a altura de Frank Underwood em seu oportunismo perverso – E o fato de já termos presenciado um arco envolvendo a personagem de Molly Parker, Jack Sharp, como uma potencial “nova Frank” e todos os seus derradeiros problemas é algo que fomenta ainda mais a curiosidade do espectador.
E já que citei o nome do nosso querido protagonista, a fragilidade do personagem interpretado por Kevin Spacey é outra temática muito bem abordada nesta etapa da série. Desde os cabelos agora quase que inteiramente brancos, até mesmo certo ganho de peso, denotam um ar mais humano para o implacável Francis. Até mesmo uma reflexão sobre a autoconsciência dos seus atos é de certa forma abordada. Aliás, a procura da mídia pelos podres no passado do protagonista é outro tópico que se desenvolve aos poucos na série para ganhar maior importância ao final desta temporada, sendo mesmo ingênuo por parte dos realizadores (um dos poucos tropeços) montarem tal obstinação midiática como fruto da investigação e busca pela verdade de uma imprensa limpa que trabalha para o bem.
Dona de um ritmo e humor ácido que me fez assisti-la inteira em questão de um mês, “House of Cards” se mantém como uma das melhores e mais maduras séries da atualidade nesta temporada que é tão boa quanto (e, em alguns aspectos, até melhor) a primeira e a terceira temporada – Não sou particularmente fã da segunda, mas ainda assim era acima da média. Na quarta parte da série temos uma imersão ao extremo da obstinação dos Underwoods com uma sequencia final que arrepia por seu realismo e clara alusão à realidade. Se no começo deste texto salientei a fragilidade de um castelo de cartas frente até mesmo um mero sopro de vento, nos últimos instantes da série temos a certeza de que pelo menos Underwood fará de tudo (inclusive dará o sopro final) para que este não desabe do seu lado, mas no colo de seus inimigos. 







EXCELENTE
POR HAN SOLO

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