O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino
(Crouching Tiger, Hidden dragon: Sword of Destiny)
Data de Estreia no Brasil: 26/02/2016
Direção: Woo-Ping Yuen
Distribuição: Netflix
A
partir de uma história com premissa simples que dava vazão para cenas de ação
coreografadas com perfeição e que se mostravam extremamente divertidas por
serem construídas de forma alógica para os princípios da física (com
personagens que podiam praticamente voar entre os edifícios), “O Tigre e o
Dragão” se tornou um fenômeno de crítica e público, destacando para o mundo o
brilhantismo do diretor talentoso, e hoje muito premiado, Ang Lee. 16 anos
depois, a Netflix (que será responsável pela dominação do cinema ao lado de
Fassbender e Oscar Isaac) lança esta sequencia que frustra ainda mais quando em
comparativo com a obra de 2000.
Ambientado
20 anos após os acontecimentos de seu predecessor, este “A Espada do Destino” utiliza
dos fatos ocorridos para tentar desenvolver a psicologia dos seus personagens
ao mesmo tempo em que nos apresenta novos e seus passados revelados aos poucos.
O expectador reencontra a mestre Yu Shu-Lien (a ótima Michelle Yeoh) passando
por um luto em memória do seu amado Li Um Bai, ao mesmo tempo em que decide
treinar a jovem Snow Vase (Natasha Liu Bordizzo). Quando o jovem Tie-Fang
(Harry Shun Jr.) tenta roubar a Espada do Destino para seu mestre Hades Dai
(Jason Scott Lee), é que o passado de Lien retorna na figura do Lobo Silencioso
(Donnie Yen) e o filme se desenvolve... Ou ao menos tenta.
Ao
tentar juntar diversos personagens em dinâmicas diferentes e com passados que
se cruzam (ou mesmo seus futuros), além de subtramas românticas e um vilão sem
qualquer motivação palpável e totalmente caricato, o roteiro de Du Lu Wang e
John Fusco soa sempre vazio e sem vida, com os problemas dos personagens soando
mais como exigências dramáticas dentro de um filme do que características psicológicas
de indivíduos que por acaso um habitam um universo ficcional. Os roteiristas
partem para abordagens clichês na dinâmica entre os seus personagens utilizando
ainda de momentos absurdamente expositivos para fazer revelações importantes
para a trama – Ou ao menos para a idéia de trama que Wang e Fusco tinham em
mente.
Não
que o original fosse perfeito em seu desenvolvimento de personagem. A exposição
e certos diálogos soavam por vezes artificiais demais, porém era incrivelmente difícil
de ater-se a estes pecadilhos quando as cenas de ação montadas por Ang Lee e o
coreógrafo de luta, Lee Wu-Ping, eram encenadas com uma perfeição e energia que
prendiam o espectador que era brindado com diversos momentos de puro
brilhantismo. Indo na contramão, Woo-Ping Yuen faz um trabalho repetitivo e completamente
sem imaginação, utilizando de forma exagerada a câmera lenta e o plano plongée
(quando a câmera fica posicionada acima do cenário e personagens).
Dessa
forma, até mesmo cenas com potencial para serem um espetáculo visual acabam por
perder o impacto que tais técnicas de filmagem poderiam gerar - A sequencia no
gelo é um exemplo. Além disso, a fotografia e o uso excessivo de CGI representam
um tremendo problema de incompatibilidade: se o “Green screen” já se mostra
óbvio desde a primeira cena em que aparece, a fotografia que altera entre tons
fortes e filtros saturados só faz realçar o problemático uso da tecnologia
digital. Em pleno 2016, logo após Star Wars e Mad Max brilharem com efeitos
práticos, é revoltante perceber o quão descuidada certas cenas foram produzidas
– E sim, entendo que os dois filmes que citei são de orçamentos bem maiores,
mas é impossível não comentar tal aspecto quando se é usado planos panorâmicos
de uma cidade que parece saída de um jogo de Playstation 2.
Ainda
assim, não posso dizer que o filme tenha me entediado ou que seja meramente
confuso com suas cenas de ação, já que, contrariando a “escola Michal Bay”, os
realizadores conseguem sempre deixar clara a disposição geográfica dos combates.
Não se tornando uma obra desinteressante, apenas medíocre e óbvia, “O Tigre e o
Dragão: A Espada do Destino” certamente será esquecido e deixado de lado como
um filme que poderia alçar vôo, mas que nunca superou suas ambições terrestres.
REGULAR
POR HAN SOLO
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