quarta-feira, 2 de março de 2016

Crítica: "O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino"

O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino
(Crouching Tiger, Hidden dragon: Sword of Destiny)
Data de Estreia no Brasil: 26/02/2016
Direção: Woo-Ping Yuen
Distribuição: Netflix

A partir de uma história com premissa simples que dava vazão para cenas de ação coreografadas com perfeição e que se mostravam extremamente divertidas por serem construídas de forma alógica para os princípios da física (com personagens que podiam praticamente voar entre os edifícios), “O Tigre e o Dragão” se tornou um fenômeno de crítica e público, destacando para o mundo o brilhantismo do diretor talentoso, e hoje muito premiado, Ang Lee. 16 anos depois, a Netflix (que será responsável pela dominação do cinema ao lado de Fassbender e Oscar Isaac) lança esta sequencia que frustra ainda mais quando em comparativo com a obra de 2000.

Ambientado 20 anos após os acontecimentos de seu predecessor, este “A Espada do Destino” utiliza dos fatos ocorridos para tentar desenvolver a psicologia dos seus personagens ao mesmo tempo em que nos apresenta novos e seus passados revelados aos poucos. O expectador reencontra a mestre Yu Shu-Lien (a ótima Michelle Yeoh) passando por um luto em memória do seu amado Li Um Bai, ao mesmo tempo em que decide treinar a jovem Snow Vase (Natasha Liu Bordizzo). Quando o jovem Tie-Fang (Harry Shun Jr.) tenta roubar a Espada do Destino para seu mestre Hades Dai (Jason Scott Lee), é que o passado de Lien retorna na figura do Lobo Silencioso (Donnie Yen) e o filme se desenvolve... Ou ao menos tenta.
Ao tentar juntar diversos personagens em dinâmicas diferentes e com passados que se cruzam (ou mesmo seus futuros), além de subtramas românticas e um vilão sem qualquer motivação palpável e totalmente caricato, o roteiro de Du Lu Wang e John Fusco soa sempre vazio e sem vida, com os problemas dos personagens soando mais como exigências dramáticas dentro de um filme do que características psicológicas de indivíduos que por acaso um habitam um universo ficcional. Os roteiristas partem para abordagens clichês na dinâmica entre os seus personagens utilizando ainda de momentos absurdamente expositivos para fazer revelações importantes para a trama – Ou ao menos para a idéia de trama que Wang e Fusco tinham em mente.
Não que o original fosse perfeito em seu desenvolvimento de personagem. A exposição e certos diálogos soavam por vezes artificiais demais, porém era incrivelmente difícil de ater-se a estes pecadilhos quando as cenas de ação montadas por Ang Lee e o coreógrafo de luta, Lee Wu-Ping, eram encenadas com uma perfeição e energia que prendiam o espectador que era brindado com diversos momentos de puro brilhantismo. Indo na contramão, Woo-Ping Yuen faz um trabalho repetitivo e completamente sem imaginação, utilizando de forma exagerada a câmera lenta e o plano plongée (quando a câmera fica posicionada acima do cenário e personagens).
Dessa forma, até mesmo cenas com potencial para serem um espetáculo visual acabam por perder o impacto que tais técnicas de filmagem poderiam gerar - A sequencia no gelo é um exemplo. Além disso, a fotografia e o uso excessivo de CGI representam um tremendo problema de incompatibilidade: se o “Green screen” já se mostra óbvio desde a primeira cena em que aparece, a fotografia que altera entre tons fortes e filtros saturados só faz realçar o problemático uso da tecnologia digital. Em pleno 2016, logo após Star Wars e Mad Max brilharem com efeitos práticos, é revoltante perceber o quão descuidada certas cenas foram produzidas – E sim, entendo que os dois filmes que citei são de orçamentos bem maiores, mas é impossível não comentar tal aspecto quando se é usado planos panorâmicos de uma cidade que parece saída de um jogo de Playstation 2.
Ainda assim, não posso dizer que o filme tenha me entediado ou que seja meramente confuso com suas cenas de ação, já que, contrariando a “escola Michal Bay”, os realizadores conseguem sempre deixar clara a disposição geográfica dos combates. Não se tornando uma obra desinteressante, apenas medíocre e óbvia, “O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino” certamente será esquecido e deixado de lado como um filme que poderia alçar vôo, mas que nunca superou suas ambições terrestres.







REGULAR
POR HAN SOLO

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