Drama
Data de lançamento: 05/06/2015
Distribuição: Netflix
Produção: J. Michael Straczynski, Andy Wachowski, Lana Wachowski
A possibilidade de ter todos os episódios de uma série disponíveis de uma só vez é uma interessantíssima adição ao formato de exibição de uma série de TV. Em oposição ao tradicional "episódio da semana", a liberação de uma temporada inteira de uma só vez permite que cada um tenha a oportunidade de escolhar seu próprio ritmo para acompanhar uma história. Eu, por exemplo, assisti as primeiras temporadas de "Demolidor" e "Jessica Jones" em apenas dois dias. Já "Sense8"... confesso que foi um processo um pouco mais demorado. Se a série tivesse sido lançada no formato mais tradicional eu provavelmente a teria abandonado no primeiro episódio. Porém, com toda a história disponível, resolvi acompanhá-la até o fim. E certamente não me arrependo.
A premissa básica de "Sense8" é das mais originais e interessantes que já me deparei. Por meio de "habilidades" que são melhores desenvolvidas ao desenrolar da trama, oito pessoas que nunca se conheceram e vivem em diferentes partes do mundo começam a se "conectar". Assim, além de desenvolver os arcos individuais de cada um dos seus personagens principais, "Sense8" vai aos poucos explorando as ligações entre eles e criando narrativas interligadas.
Dada a complexidade da premissa e a grande quantidade de personagens a se introduzir e estabelecer, não é nenhuma surpresa que o primeiro episódio de "Sense8" seja absurdamente lento (e até um pouco entediante). Porém, ele consegue cumprir seu objetivo de colocar uma "pulga atrás de orelha" de quem assiste, uma inquietação e curiosidade enormes sobre a trama que aparentemente só podem ser solucionadas ao se acompanhar mais. O problema é que esse ritmo lento continua pelo menos até metade da primeira temporada. Se por um lado é compreensível que uma premissa tão complexa contada pelo ponto de vista de tantos personagens seja algo praticamente impossível de se desenvolver de maneira rápida, acredito que a grande dificuldade de "Sense8" para "engatar" a história tenha desmotivado muitos daqueles que assistiram a seus primeiros episódios.
Para os que conseguem resistir, a lentidão dos momentos iniciais de "Sense8" é recompensada pelo quanto os protagonistas estão bem estabelecidos quando a trama começa a ser aprofundada. Com histórias e motivações muito bem definidas nos primeiros episódios, fica muito mais fácil entender o que está acontecendo quando os personagens começam a interagir entre si, algo que se torna mais frequente a partir da metade da temporada. Paralelamente, as tramas de cada personagem vão ficando cada vez mais interessantes, incrementadas ainda pela presença indireta dos outros sensates do grupo.
A palavra chave que permeia a primeira temporada de "Sense8" é diversidade. Cada um dos indivíduos representados pela série vem de um cenário diferente, enfrenta dificuldades diferentes, possui motivações diferentes. Apesar da distância entre suas realidades e a nossa, chega em um ponto da trama que é impossível não se envolver com os personagens e se importar com eles. Cada um dos oito possuem características com as quais todos nós podemos nos identificar. A ideia principal é que por mais diferentes que sejam, cada um dos personagens são conectados por algo elemental, aquilo que os torna o que são. Por mais diferentes que sejam os contextos de suas vidas, os sentimentos provocados por elas são muitas vezes os mesmos. Esse aspecto bem desenvolvido do roteiro aliado a grandes atuações de todos os atores consegue estabelecer uma empatia, uma intimidade muito forte entre a história e quem a assiste. Este é o ponto mais forte da série.
Com a experiência de Straczynski ("Babylon 5") com televisão e a enorme criatividade de Lana e Andy Wachowski, as possibilidades fornecidas pela premissa básica de "Sense8" são inúmeras. Há aqui excelentes cenas de ação, dramas, romances, elementos de ficção-científica. Obedecendo à diversidade proposta pela premissa, "Sense8" transita entre vários gêneros para criar um produto único e original. As dificuldades de produzir uma série filmada em 9 cidades diferentes com um enorme elenco transparecem no cuidado empregado à trama, que vai aos poucos se transformando em algo maior e mais claro.
Ao final dos doze episódios fica a clara sensação de que valeu a pena ter enfrentado o tédio dos momentos iniciais da trama, pois o nível de empatia criado entre a história, os personagens e o público é algo que raramente se encontra. Duvido que haja alguém que tenha assistido a primeira temporada e não se sinta ansioso pelas possibilidades oferecidas para a continuação da história, que tem estréia marcada para 2017. Torço tanto para que a próxima temporada chegue logo quanto torci para que o primeiro episódio acabasse. Algo tão incrível e inexplicável quanto a própria série.
Ótimo
Ótimo
Por Obi-Wan
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