sexta-feira, 3 de junho de 2016

Não Viu? Eu Recomendo! - "Tiros em Columbine"

Tiros em Columbine
(Bowling for Columbine)
Documentário
Direção: Michael Moore

Por Han Solo

A vida tem dessas coisas, às vezes justamente quando nos deparamos com uma obra de arte ou algum texto interessante que nos leva ao debate, logo em seguida somos surpreendidos pela forma com que o tema destas obras nos é inserido por um acontecimento do cotidiano. Porém, tenho certeza de que nenhuma outra vez na minha vida isto havia acontecido da forma com que ocorreu ontem (02/06/2016), pois após ter visto o famoso documentário de Michael Moore "Tiros em Columbine", no dia primeiro, eis que me deparo com a notícia de um "homicido-suicida" na universidade de UCLA nos Estados Unidos. Mais do que isso: justamente numa época em que cada vez mais nos deparamos com pessoas defendendo o porte de arma para civis.
Basta uma única conferida no trabalho de Moore para percebermos que, mesmo datado de 2002, o documentário se mostra atual e relevante em seu estudo do porque o número de mortes por armas de fogo nos EUA é tão elevado. Sem cair numa abordagem panfletária, o diretor deixa claro a sua opinião pelo assunto, mas não o investiga para chegar a conclusões já pré estabelecidas. Pelo contrário, Moore parece fluir por todas as opiniões públicas e de especialistas - como membros de milícias, figuras pop e Charlton Heston o qual, astro absoluto de inúmeros clássico do cinema, é presidente da NRA (National Rifle Association), defendendo o porte livre de armas presentes na segunda emenda da constituição estadunidense. Assim, é mais do que didático acompanhar a linha de raciocínio do realizador, nós espectadores nos vemos em meio a sociedade norte-americana em sua indiscutível cultura do medo e da violência, que se pauta pelas ações de seus líderes políticos e membros da imprensa.
Com muito bom humor e sequências absolutamente geniais de montagens e recortes dinâmicos (vide o vídeo no final do texto com a animação feita pelos criadores de South Park), Michael Moore dá voz justamente àqueles que sobreviveram ao atentado o qual é o ponto de partida para o documentário, o massacre da escola Columbine ocorrido em 1999, ficando indiscutível a forma naturalizada com que a sociedade encara eventos tão catastróficos após certo tempo, sendo o cantor Marilyn Manson um dos nomes mais citados como influências para os assassinos no colégio (somente por ser... Marilyn Manson). Este documentário é a prova viva de que uma cultura de violência e naturalização desta são os elementos principais de tantas mortes por armas de fogo (cultura esta não exclusiva aos EUA, mas tristemente predominante), soando extremamente atual. E tenho certeza de que por mais genial que a obra seja, esta não é uma qualidade que alegra seus realizadores.




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