quarta-feira, 22 de junho de 2016

Crítica: "Independence Day: O Ressurgimento"

Independence Day: O Ressurgimento
(Independence Day: Resurgence)
Ação
Data de Estreia no Brasil: 23/06/2016
Direção: Roland Emmerich
Distribuidora: Fox Filmes



Lançado em 1996, “Independence Day” era um filme catástrofe exageradamente ufanista que, sem se levar demasiadamente a sério, conseguia dar uma nova roupagem ao gênero contando com uma trama bem definida e divertida, que encontrava no carisma de seus três atores principais (Jeff Goldblum, Bill Pullman e principalmente Will Smith) um verdadeiro trunfo de personagens pouco complexos, mas bem caracterizados. Vinte anos depois somos apresentados neste novo longa a um 2016 alternativo do nosso planeta onde, graças a convergência da ciência alienígena e terráquea, os meios de transporte são mais velozes, viagens à lua são feitas em poucos minutos e todas as nações apresentam certa união em nome da terra (liderada, logicamente, pelos Estados Unidos), já que não estamos sozinhos no universo. Esta, contudo, parece ser a única influência que o filme sofreu com a passagem de tempo, já que esta sequencia parece acreditar que ainda vivemos nos anos 90.

Escrito por nada menos do que CINCO roteiristas (com um argumento gerado por QUATRO pessoas), é justamente no produto destes que “Independence Day 2” possui seus maiores defeitos. Calcado em uma quantidade absurda de personagens e sub-tramas desnecessárias, o filme falha justamente na tentativa de apresentar novos personagens enquanto dava ao público rostos já conhecidos, sendo impossível não sair da sala de projeção sem questionar a existência dos personagens interpretados por Travis Tope e Ryan Cartwright já que estes são completamente inúteis à trama. Ainda incompreensível é também todo o seguimento envolvendo Judd Hirs, faltando coerência ao roteiro que ainda tenta copiar a tensão criada no primeiro filme com o aparecimento gradual da ameaça alienígena, mas sempre fazendo de maneira equivocada (algo agravado pela edição e montagem) já que ao invés de mostrar o necessário para gerar curiosidade na platéia, o filme opta por mostrar mais do que devia e menos do que pode gerando apenas a frustração.
Com um senso de humor muito disfuncional (pouquíssimas piadas geram algum efeito), o filme abre espaço apenas para que seus atores vivam “tipos” de personagens ao invés de seres meramente interessantes. Se Goldblum é obrigado a apenas reviver David Levinson sem qualquer desenvolvimento do seu personagem, é Liam Hemsworth que ganha maior destaque com seu Jake Morrison que possui o “tipo” anacrônico de “machão, órfão, rebelde, mas talentoso”, tão já desgastado pelo cinema, contando com uma sub-trama sobre seu passado envolvendo Dylan Hiller (Jesse T. Usher) que em nada serve para o filme.
Aliás, já que citei Dylan Hiller (que é o filho de Steven Hiller, Will Smith no primeiro filme) é impressionante notar como todos os personagens de destaque na produção são homens, heterossexuais e brancos contando com uma presidenta que só toma decisões erradas e equivocadas (todos os acertos são tomados pelo líder militar homem), tendo ainda em seu clímax dois personagens representantes de minorias (um homem negro e uma mulher asiática) literalmente em segundo plano pilotando naves e com pouquíssimas falas (cabendo à mulher o papel de interesse romântico de um dos "heróis"), enquanto dois homens brancos lideram o ataque terráqueo.
Girando em torno de uma quantidade absurda de diálogos completamente expositivos, “O Ressurgimento” ao menos funciona moderadamente ao estabelecer o plano principal dos seres extraterrestres apostando numa sequencia de destruição que ao menos faz o espectador acreditar na fatalidade daqueles eventos - sendo mesmo irônico que as cenas de ação do filme empalideçam à seu antecessor de 20 anos atrás. O ataque global até demonstra certo potencial de eficiência, mas sendo sempre sabotado pelas multi-ações paralelas do roteiro, por uma montagem trôpega e por um 3D completamente dispensável.
Com um bom uso de CGI que sempre parece crível pelo espectador, falta (e muito) ao filme aspectos humanos verdadeiros. No centro da narrativa há sempre um contexto de pais e filhos (nova geração e velha geração) em suas despedidas e reencontros, mas os realizadores do longa parecem não estarem preocupados com tal dinâmica já que a perda de personagens importantes e queridos do primeiro filme nunca é feita de uma maneira com a qual sentimos qualquer impacto, soando meramente como uma burocracia do roteiro em retirar aqueles indivíduos do filme. Em tal perspectiva, a personagem de Charlotte Gainsbourg parece completamente deslocada e uma mera substituição de uma outra personagem; a dinâmica entre o presidente Whitmore e sua filha (Maika Monroe) ao menos soa plausível na preocupação da garota com seu pai quase senil; além da ausência de Will Smith que é muito sentida pelo espectador.
Não tenho dúvidas de que “Independence Day: O Ressurgimento” possa fazer dinheiro, mas será exclusivamente por seu título tomar pelo lado da nostalgia do público. Contando com uma quantidade infinita de personagens e diálogos sem-graça, este novo filme deveria ter tirado a lição do “Despertar da Força” que conseguiu com maestria equilibrar a nostalgia com o novo, agradando fãs antigos e conquistando novos. Mas no fim das contas este longa se apresenta somente como uma obra genérica financiada para gerar dinheiro e tentar reviver uma franquia (que surpresa), algo que não vingaria se não fosse pela memória nostálgica gerada pelo original de 1996.






Regular

Por Han Solo

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