quinta-feira, 2 de julho de 2015

Clássicos Cinemark - Semana 06: "O Exterminador do Futuro"

O Exterminador do Futuro
The Terminator

Ficção-científica/Ação - 1984 (Estados Unidos)
Estréia no Brasil: 25/03/1985
Direção: James Cameron
Distribuição: Orion Pictures



            "O Exterminador do Futuro" é o produto final de uma enorme mistura de elementos. Lançado em 1984, o filme de James Cameron foi produzido na interseção entre duas grandes eras do cinema hollywodiano. No fim da década de 1970, Star Wars havia revolucionado os filmes de ficção-científica e de aventura, misturando os dois gêneros e provocando uma avalanche de ótimos lançamentos até o início dos anos 1980. Por sua vez, essa década ficou marcada pelos grandiosos filmes de ação, protagonizados por grandes ícones do cinema, como Sylvester Stallon e Arnold Schwarzenegger. Por sua vez, o poster deste "filho bastardo" do cinema americano estrela a imponente figura de Schwarzenegger, cercado por elementos clássicos da ficção-científica da época, como o fundo preto com lasers e o óculos com LEDs futuristas. Porém, não há nada mais facilmente identificável da ficção-científica do que o texto que começa com: "No ano de xxxx...".

           É assim que começa a famosíssima premissa de "O Exterminador do Futuro". O roteiro parte de uma projeção extremamente comum para a época, a de um desastre nuclear que teria destruído o mundo, e adiciona a tomada de poder das tão temidas inteligências artificiais. Está assim desenhado um cenário de total destruição, onde a humanidade se agarra desesperadamente à sua sobrevivência, lutando contra as máquinas que a querem destruir. Como disse anteriormente, temos aqui uma enorme mistura de elementos que culmina em algo extremamente genial. É muito marcante a influência do curta-metragem francês "La Jetèe" (1962), com sua premissa de viagem no tempo para "consertar" o passado. O grande trunfo do filme de James Cameron é inverter essa situação, fazendo com que quem volte ao passado o faça para destruir qualquer chance de resistência humana, não salvá-la. Nasce assim o Exterminador, um dos melhores personagens já criados, que consegue ainda trazer para a trama marcantes elementos de ação e de terror.
       Essencial para que todo o filme dê certo é a escalação de Arnold Schwarzenegger. Parece que o ator austríaco nasceu para ser o Exterminador, com sua natural inexpressividade e imponência física. Até mesmo a dificuldade do ator em pronunciar o inglês cai como uma luva para o personagem, que o torna absolutamente verossímil como uma máquina feita para matar enviada do passado. A cena em que vai até um quarto para "consertar" seu corpo é uma das melhores e mais icônicas do filme (mesmo com aquele ridículo boneco de borracha). A capacidade do ator de assustar apenas com sua rígida expressão facial é uma das maiores responsáveis pela construção de uma das cenas mais aterrorizantes já vista em filmes de ficção-científica. Ela transmite muito bem a sensação de que nada pode impedir o exterminador de cumprir sua missão. Os inúmeros tiros que leva e a perda de um olho é não passam de contratempos.
          A trilha sonora do filme ajuda muito a construir o senso futurístico que envolve as missões do Exterminador e de Reese, com aquele clássico toque eletrônico dos filmes de ficção-científica, como em "TRON" (1982). Outro grande destaque do filme é a excelente direção de James Cameron, que sabe exatamente que sensações precisa transmitir a cada vez que filma seu personagem principal, sabendo como usá-lo de diversas maneiras durante todo o filme. Além disso, os outros dois personagens principais Kyle Reese e Sarah Connor tem uma excelente dinâmica entre si e em relação ao ciborgue. O roteiro dá tempo suficiente para que cada um deles tenha seu devido desenvolvimento, não apressando nada entre uma cena de ação e outra, que aliás, só se tornam constantes no final do filme, e são todas muito bem coreografadas e filmadas por Cameron. O clímax é extremamente bem conduzido e o ritmo de todo o filme funciona muito bem para culminar na sequência final de perseguição do Exterminador. Parecendo um verdadeiro monstro dos filmes do gênero e tirando uma grande inspiração de "Alien, O Oitavo Passageiro" (1979), o Exterminador é aquele vilão praticamente impossível de fugir, quanto mais eliminar. Portanto, todas as cenas em que persegue os protagonistas são envolvidas por um forte senso de inevitabilidade, como se pouco importasse as circunstâncias, o cenário final sempre se concretizaria com ele completando sua missão.
        Como em todo filme que envolvem a temática da viagem no tempo, há em "O Exterminador do Furturo" grandes paradoxos e furos de roteiro, como o porquê de tamanha dificuldade da Skynet em vencer a guerra contra alguns poucos humanos ou o porquê de não terem enviado mais de um exterminador para uma missão tão importante, ou ainda... Quanto mais vezes assisto o filme, mais falhas acho em sua narrativa, mas isso acaba sendo irrelevante diante da maneira brilhante que o roteiro encontra para nos conduzir em um território tão espinhoso quanto a viagem no tempo. Afirmo sem medo de exagerar que "O Exterminador do Futuro" é o melhor filme da franquia Terminator, sendo ainda um dos meus favoritos de todos os tempos. Enfim, apesar de parecer um pouco datado hoje em dia e de a maioria considerar sua sequência superior, "O Exterminador do Futuro" é uma obra-prima do cinema dos anos 1980 e um clássico atemporal que não me canso de assistir.


 



Excelente

Por Obi-Wan

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