quinta-feira, 9 de julho de 2015

Crítica: "Divertida Mente"

Divertida Mente
(Inside Out)
Animação/Aventura- 2015 (Estados Unidos)
Data de Estreia no Brasil: 18/06/2015
Direção: Pete Docter, Ronaldo Del Carmen
Distribuidora: Walt Disney Studios Motion Pictures



          Depois do lançamento de "Divertida Mente" o comentário mais recorrente que se fez sobre o filme foi: "a Pixar voltou a ser a Pixar". Isso é prova da enorme qualidade e importância do novo filme do famoso estúdio, responsável pela produção de várias pérolas do cinema contemporâneo, como a trilogia Toy Story. No final dos anos 1990 e início dos anos 2000, cada novo lançamento da Pixar era celebrado tanto pelo público quanto pela crítica especializada como uma obra-prima. Com a compra do estúdio pela Disney, o que antes parecia uma inesgotável fonte de ideias geniais, pareceu secar. Com exceção de "Toy Story 3", uma sequência, os lançamentos da Pixar a partir do mediano "Carros" não chegavam nem perto daquele antigo brilho. Todos ansiávamos pelo momento que veríamos o desenrolar de uma nova grande ideia depois daquela famosa abertura com o logo do estúdio . É exatamente isso que presenciei ao assistir "Divertida Mente".

          Como todo grande clássico da Pixar, "Divertida Mente" tem o interessantíssimo trunfo de conseguir agradar todos os públicos. Crianças certamente vão amar o filme, pois ele é engraçado, divertido e contém em si uma grande aventura. Porém, a camada mais interessante do filme é uma que vai além dessa superfície de diversão, que o público mais maduro ficará extremamente satisfeito em encontrar, pois o conceito do filme contém elementos psicológicos extremamente profundos. É impressionante a complexidade do estudo da mente humana que os realizadores do filme conseguem atingir, se utilizando de elementos extremamente simples e de fácil entendimento, como os 5 sentimentos principais que se revezam no painel de controle dentro da mente de Riley: Alegria, Tristeza, Medo Raiva e Nojo. Com esse esquema, os produtores conseguem fazer com que crianças entendam sentimentos extremamente conflitivos e multifacetados, que mesmo adultos tem uma enorme dificuldade em compreender.
         Examinando o interior da mente de Riley, uma criança de 12 anos, "Divertida Mente" consegue explicar em tela facetas extremamente complicadas da personalidade humana. A trama do filme se desenvolve em volta de uma idade crucial na vida de qualquer pessoa, quando boa parte dos traços de nossas personalidades são definidos. No caso de Riley, tudo fica ainda mais complicado quando sua família se muda da cidade onde moravam para uma nova casa em São Francisco. Assim, as mudanças dentro da mente de Riley se tornam muito mais bruscas, uma vez que ela se vê desligada das referências que tinha, como por exemplo sua melhor amiga, os lugares que frequentava com sua família, suas atividades de lazer preferidas. Essa forte mudança leva a menina a se sentir confusa, sozinha e com saudades de casa, algo extremamente difícil de entender, mas que é maravilhosamente demonstrado a partir da perda da Alegria e da Tristeza, que vão em busca das memórias mais fundamentais de Riley, aquelas mais diretamente responsáveis pela formação de seu eu interior, que haviam sido sugadas para o interior de sua mente, portanto, perdidas.
          Pelo que pude ler em críticas, aparentemente a escolha das vozes para a dublagem de cada um dos 5 sentimentos na versão original foi muito bem feita pela Pixar. Infelizmente, não há em Curitiba nenhuma cópia legendada do filme sendo exibida, portanto, posso analisar apenas a versão brasileira, no quesito das atuações. Confesso que não tenho muita familiaridade com as vozes selecionadas, o que provavelmente ajudou no quanto os atores conseguiram me convencer em suas interpretações. Gostei até do título que foi escolhido para o filme aqui no Brasil, o que raramente acontece. Tendo em mãos um título extremamente difícil de traduzir para o português, Inside Out, os responsáveis pela adaptação conseguiram encontrar um simples trocadilho, que expõe de maneira satisfatória a principal temática do filme, muito melhor do "Vice-Versa", título utilizado em Portugal.
          Por fim, todo o desenvolvimento da trama de "Divertida Mente", e mais especialmente a conclusão, trazem vários interessantes ensinamentos para seu principal público alvo, o infantil. Isso se expressa muito bem na maneira como o roteiro trata a Tristeza, que apesar de nos trazer sensações desagradáveis, jamais poderá ser completamente deixada de lado, ocupando, juntamente com as outras 3 sensações, cada vez mais o lugar onde antes predominava a Alegria. "Divertida Mente" é mais uma obra-prima para entrar na extensa galeria da Pixar, constituída por filmes amados por crianças e extremamente admirados por qualquer cinéfilo.






Excelente

Por Obi-Wan



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