The Wrestler
Direção: Darren Aronofsky
Disponibilidade: Netflix/Download/Online
Por: Obi-Wan
"O Lutador" é um daqueles grandes filmes que infelizmente não recebem a atenção que merecem. Para quem o assiste, resta se perguntar o porquê de um filme tão bom passar tão despercebido, e tentar de alguma forma fazer com que um maior número de pessoas o encontre. É pensando nisso que me dedico a escrever sobre o filme. Assim como todo excelente filme que parte do esporte como premissa, "O Lutador" se utiliza da profissão de seu personagem principal, o wrestling, para realizar um excelente estudo de personalidade. Sem a glória de um "Rocky" (1976) ou o estilo biográfico de "Touro Indomável" (1980), o filme de Darren Aronofsky aposta na simplicidade para dar a sua trama um interessantíssimo ar de corriqueiro, como se o arco geral que enfrenta seu personagem principal, Randy "The Ram" Robinson, pudesse ser aplicado a várias outras situações, que nada tem a ver com o wrestling.
Apesar dessa capacidade empática do arco de Randy, o wrestling desempenha no filme um importantíssimo papel simbólico. O estilo de luta é sempre questionado pelo fato de que, como muito bem demonstrado no filme, os movimentos realizados entre os dois lutadores são combinados previamente para entreter o público. Essa discussão sobre a linha entre o que é real e o que é falso é completamente observável na trajetória do personagem principal durante todo o filme. Randy tem nos momentos de adrenalina em que entra no ringue os únicos motivos para continuar vivendo, o que é brilhantemente demonstrado na cena em que se vê obrigado a trabalhar nos finais de semana em um supermercado e entretém os clientes como se fossem sua plateia. O que o leva a sempre questionar qual é o valor de sua "vida real", pois claramente o que mais importa para ele é a ilusão do entretenimento que provoca quando entra no ringue.
Incapacitado de lutar por problemas de saúde, Randy encara sua situação com enorme sinceridade, a mesma que o filme tenta manter ao analisá-lo. Randy até tenta se reaproximar de sua filha, e de Pam, uma stripper que conhece há muito tempo e com a qual tem uma interessante relação de cumplicidade. A personagem consegue fugir do estereótipo graças a uma excelente performance de Marisa Tomei. No entanto, o maior destaque do elenco é mesmo Mickey Rourke, interpretando Randy com uma invejável naturalidade, sabendo se utilizar muito bem de seus movimentos corporais para transmitir na tela todos os aspectos da personalidade de Randy que o filme se propõe a explorar. A direção de Aronofsky é bastante contida visualmente, deixando muito espaço para os atores explorarem seus personagens, coisa que o diretor é conhecido por capacitar muito bem. A edição do filme contribui muito para criar um aspecto de cotidiano essencial para o desenrolar da trama. Tudo isso culmina na inesquecível cena em que Randy sobe novamente ao ringue para lutar contra o rival do auge de sua carreira e entrega um grande monólogo a seus fãs. O final aberto é extremamente fiel ao que vinha sendo apresentado antes, pois comprova: não há nenhum momento de glória em "O Lutador", apenas uma tela escura.
Han e Obi-Wan Recomendam!
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