Por Obi-Wan
Por que vamos ao cinema? Faço essa pergunta não visando apenas o porquê de assistirmos filmes (o que em si já é um grande questionamento), mas também tentando entender o porquê de irmos até uma sala de cinema. Além do óbvio motivo de querermos assistir os lançamentos logo, uma vez que demora em torno de 3 meses para conseguimos acessá-los em locadoras, serviços de streaming e etc., nos dispomos a sair de nossas casas, ir até um shopping e muitas vezes enfrentar filas enormes e um preço salgado, por um único motivo: a experiência. Não somente a experiência proporcionada por aspectos materiais, como a poltrona confortável, a tela grande ou o potente sistema de som, mas também a experiência psicológica de estar em uma sala com várias outras pessoas acompanhando na tela o desenrolar de alguns minutos de pura arte. Seja sozinho em meio a desconhecidos, ou com a família, amigos ou namorado(a), temos a interessante sensação de acompanharmos juntos uma mais variada teia de sensações, idealizadas por produtores, cineastas e atores, e condensadas em um rolo de filme a ser exibido para o público.
O elemento mais interessante desse cenário é pensar que cada um de nós tem um entendimento e uma sensação diferente do que está sendo exibido em tela. Claro, quem produz o filme tem em mente os contornos gerais das sensações que pretende transmitir, porém, é impossível prever como cada um dos inúmeros espectadores irão recepcionar seu filme. Cada um de nós, com nossas experiências de vida e formas de pensamentos, temos uma visão diferente sobre o que é produzido por outra pessoa. É esse o principal objetivo e beleza da arte, a interseção entre a idealização do artista ao produzir uma obra e o sentimento do público ao observá-la. É essa empatia coletiva que nos leva a procurar tanto o cinema, seja qual for o meio de atingi-lo, do sofá de nossas casas ou na sala de cinema.
Pensando nessa infinitude de experiências que o cinema pode nos proporcionar, lançamos aqui no blog essa espécie de "coluna" ou "crônica" sobre o porquê nós amamos cinema. A ideia é que vocês leitores nos enviem contribuições falando sobre a relação de vocês com o cinema, seja uma experiência de ir até o cinema ou simplesmente a sensação particular que tem com um filme em específico. Estamos sempre falando sobre filmes aqui no blog, mas tentamos sempre empregar uma visão mais crítica e, dentro do possível mais técnica. Assim, a ideia é que essa sessão do blog seja voltada para experiências, sentimentos, não análises. Para isso, pedimos a colaboração de todos para que nos ajudem a divulgar esse post e nos mandem em texto um relato sobre sua experiência particular com qualquer filme e publicaremos o texto aqui no blog, identificando o autor ou anonimamente se assim a pessoa preferir. Podem nos contactar com comentários aqui no blog, na página do facebook, por nossos perfis pessoais ou por nosso e-mail (haneobiwan@gmail.com). Ficaremos certamente muito felizes de compartilhar na página o maior número possível de experiências cinematográficas que conseguirmos!
Iniciando os textos sobre "o porquê amamos cinema", deixo-os com um belíssimo texto escrito por uma leitora sobre "Divertida Mente", o mais novo lançamento da Pixar que, como sempre, nos deixa a todos com uma teimosa lágrima querendo sair de nossos olhos.
"Esse
filme, Divertida Mente, parece descrever exatamente como acontecem as coisas.
Não que eu acredite existirem pessoinhas na minha cabeça fazendo coisas e
decidindo o que devo fazer ou o que eu devo lembrar, mas ele mostra como uma
mudança radical pode ser prejudicial a uma criança, como um acontecimento
qualquer pode levar a tantas decisões precipitadas ou a tristezas que vamos
carregar para o resto da vida. A forma como lembranças tão boas podem mudar de
tom em um curto segundo, como uma coisa que te fazia muito feliz antigamente, hoje
pode te fazer sofrer.
Agora
me recordo de várias coisas que me traziam intensa alegria, como músicas ou
lugares, que compartilhei com pessoas importantes na minha vida, e que por
muito tempo não consegui ouvir falar sobre. A mais vaga lembrança doía tanto
que alguns segundos seriam suficientes para produzir intenso ódio. Porém, com
muito trabalho e esforço, consegui encarar de outra forma, passando a sentir
tudo de uma forma tão mista que agora tornou-se quase engraçado.
O
filme lembra a todo momento que as emoções nunca irão agir sozinhas, pois uma
acompanha a outra sempre, e, por mais que eu busque entende-las sei que é completamente
impossível. Minhas emoções não são coisas físicas, não posso pega-las com a mão,
perguntar o que aconteceu ou o por que elas estão em mim. Divertida Mente
mostra essa confusão de um modo tão bonito, tão querido, como se as coisas
todas, por um momento, se organizassem na minha cabeça e eu pudesse enxergar de
forma clara tudo o que um dia se passou comigo, como se o filme me dissesse
para ter calma, esperar, tentar de novo. Tudo o que vive em mim, jamais poderia
deixar morrer tão facilmente.
Existe
um mundo em mim e não posso esquece-lo num abismo, simplesmente por não
entender qual é a saída. Divertida Mente nos mostra que se estamos em um abismo
dentro de nós mesmos, é porque existe algo ainda maior que ele, e, apesar dos
sacrifícios que devemos nos submeter e as diversas mudanças que não deixaremos
nunca de passar, é possível ir além e nos redescobrir todos os dias. Agradeço a
quem quer que seja que surgiu com a ideia de cria-lo, pois o acalento que me
trouxe é, certamente, precioso."
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