segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Crítica: "Pets - A Vida Secreta dos Bichos"

Pets - A Vida Secreta dos Bichos
(The Secret Life of Pets)
Animação
Data de Estreia no Brasil: 25/08/2016
Direção: Yarrow Cheney e Chris Renaud
Distribuidora: Universal Pictures

É realmente uma tarefa difícil escrever sobre "Pets - A Vida Secreta dos Bichos", já que o filme é um passatempo eficiente em sua premissa, mas completamente esquecível e previsível. "Pets" não será uma animação que daqui alguns anos ainda estaremos relembrando passagens e torcendo para uma sequência, na verdade, tenho a certeza de que ao final do ano, com diversas premiações se aproximando, o longa animado será completamente ignorado (ou talvez não, já que 2016 vem se mostrando cada vez mais um ano frustrante para o cinema com a eterna celebração da mediocridade, mas divago...). O filme cumpre bem suas intenções ao desenvolver de maneira correta seus arcos dramáticos, apostando ainda em uma estrutura que remete a "Procurando Dory" (com a divisão entre dois blocos de personagens principais e coadjuvantes) e tramas tiradas diretamente de filmes como Toy Story e Garfield - um péssimo sinal, visto que somente o longa protagonizado pelos brinquedos é uma obra digna de nota.
Contando a história de Max, um cachorro que possui uma relação de amor perfeita com sua dona até que a chegada de um novo canino chamado Duke abala seu cotidiano de mimos, o roteiro conta com tal argumento para desenvolver um arco previsível de amizade entre os dois cachorros, enquanto, aqui e ali, uma extensa galeria de personagens coadjuvantes animalescos aparece na tela para ou desconstruir esteriótipos de tipos de animais e seus donos, ou justamente se utilizar destes quando conveniente para amarrar as pontas da história (o poodle que ouve Heavy Metal e o gato que só come e dorme são exemplos claros para cada uma destas abordagens, respectivamente). Assim, possuímos uma obra que contem um bom nível de coerência, sendo moderadamente divertido.
Contudo, o grau de entretenimento nunca sai do absolutamente comum, arrancando sorrisinhos do espectador de vez em quando, e soando uma obra apenas correta em sua construção visual. Se por um lado é interessante observar como cada animal possui em sua composição algo que trás personalidade (e a construção de Burke remetendo ao Chewbacca é a minha favorita, trazendo os traços da persona fiel, porém robusta e capaz de ferir, do querido personagem de Star Wars), por outro, o mundo em que "Pets" se passa é de uma falta de imaginação gritante, soando meramente uma reprodução estética de Nova York, com tudo sendo construído de forma pouco notável para o público adulto tanto quanto parece pouco impressionante para o público infantil.
Tal construção de mundo mediana reflete o próprio resultado da direção de Cheney e Renaud que, por mais que conduzam a narrativa com fluidez em sua proposta, sofrem da mesma falta de imaginação que o resto do longa apresenta, aparentando dirigir a trama como se esta fosse um live action, não em questão de uma busca por um tom "naturalista", mas numa falta de inventividade com uma abordagem burocrática. Oras, se a animação apresenta uma vantagem em relação a Live Actions isso diz respeito a possibilidades de composição de planos e sequencias impossíveis de se criar com atores reais - e o único momento que o filme parece romper essa barreira de criatividade acontece mais para o final de seu terceiro ato com uma luta construída como se fosse num longo take.
Além disso, devo fazer uma ressalva quanto a dublagem brasileira da animação: quanto a técnica dos dubladores envolvidos não posso reclamar pois nosso país, quando não aposta em dublagens de pseudo celebridades, é um excelente expoente no ramo (ainda que eu possua uma curiosidade para saber como ficou o trabalho de Louis C. K. e Albert Brooks no original). O problema reside mesmo na mixagem de som que acaba saindo gravemente danificada com a pós-produção de dublagem brasileira. Certos recortes musicais e barulhos do cotidiano podem ser ouvidos de forma abafada e estruturados de maneira desleixada, algo que boa parte dos espectadores pode ignorar ou julgar um mero detalhe, mas que é inegavelmente um grande desrespeito à obra original.
Não me cabe muito o que falar de "Pets" (em partes porque o filme não fez muito, em partes porque já estou esquecendo detalhes da trama), mas me sinto na obrigação de dizer que ao menos o filme caminha num grau de melhora enquanto o tempo de projeção passa, já que a apresentação inicial dos personagens soa desordenada e simplista, ganhando um certo grau de coerência que, ainda assim, não consegue ofuscar o quão problemático é possuir tantos personagens com tão pouco desenvolvimento. Na verdade, o filme já melhora consideravelmente a partir do termino do curta envolvendo os "Minions" que é apresentado no começo da projeção, sendo insuportável para aqueles que, como eu, detestam os pequeninos amarelos. Aliás, contrastado com tal curta, "Pets" parece o novo Toy Story que queria ser e não só a outra obra regular de 2016 que realmente é.






Regular
Por Han Solo

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