(Don't Breathe)
Data de Estreia no Brasil: 08/09/2016
Direção: Fede Alvarez
Distribuição: Screen Gems
"O Homem nas Trevas" é um filme extremamente direto. Com uma curta duração (apenas 88 minutos) o filme segue a cartilha de boa parte dos filmes de terror: jogar o público direto em meio a trama, apostando na desorientação inicial para auxiliar a gerar tensão. Rocky, Alex e Money são jovens de Detroit que realizam pequenos roubos na cidade utilizando as chaves às quais o pai de Alex, gerente de uma empresa de segurança, tem acesso. Os 3 jovens tem a pretensão de deixar sua cidade natal e com este objetivo em mente planejam um roubo à casa de um aposentado veterano de guerra, que ao que tudo indica teria recebido uma polpuda indenização quando sua filha foi atropelada e morta alguns anos antes. A descoberta de que o homem é cego parece tornar tudo ainda mais simples. Parece.
"O Homem nas Trevas" tem pouquíssimos personagens, mas os utiliza de maneira muito consistente. Seu desenvolvimento e caracterização são feitos de maneira muito sutil ao longo do filme, que o faz de maneira integral à trama, evitando a utilização de um tempo exclusivo desenvolvendo-os (com a exceção de uma cena envolvendo a mãe de Rocky que julgo desnecessária e um pouco redundante). O único destaque do trio de protagonistas no quesito atuação é Jane Levy, capaz de criar uma personagem extremamente verossímil, que equilibra bem o tipo mulher badass de filmes de terror com uma fragilidade decorrente de situações desesperadoras. Dylan Minnette (Alex) e Daniel Zovatto (Money), por sua vez, apenas cumprem seu papel de maneira mediana, com uma enorme inexpressividade e monotonia que incomodam um pouco, mas não chegam a prejudicar.
O verdadeiro destaque de "O Homem nas Trevas", no entanto, fica por conta do personagem sem nome que tem sua casa invadida pelos jovens. O roteiro do filme sabe usar de maneira magistral a cegueira do personagem, gerando uma tensão palpável e construindo momentos verdadeiramente aterrorizadores com um elemento extremamente efetivo, apesar de subestimado por boa parte dos filmes: o silêncio. A composição de um personagem amedrontador que ao mesmo tempo tem um enorme ponto fraco serve para incrementar ainda mais a imprevisibilidade da narrativa e a ansiedade que isso gera no público. As cenas do segundo ato do filme são incríveis, utilizando de maneira quase perfeita todos os elementos propostos pelo primeiro ato.
Isso só é possível porque "O Homem nas Trevas" é um primor técnico. Fede Alvarez demonstra aqui uma enorme capacidade de timing para estruturar os principais sustos e momentos tensos do filme. O diretor controla a câmera de maneira muito eficiente e ao mesmo tempo contida, com um excelente plano sequência em determinado momento e uma grande sacada ao mostrar todos os elementos que serão importantes mais à frente no filme (algo que eu já tinha comentado sobre "O Iluminado" (1980)). De maneira semelhante, há uma linda sequência de tomada aérea que abre o filme e aparentemente entrega seu final. Assim como em "Beleza Americana" (1999) a cena é extremamente competente em dar uma sensação muito perturbadora ao público, que aparentemente sabe o que acontecerá no filme, mas a todo momento questiona-se se o roteiro não o está tentando enganar de alguma forma, se aquele é realmente o final ou se terá algo depois.
Falando sobre este final, o terceiro ato de "O Homem nas Trevas" é com certeza seu pior momento. O filme passa a tomar decisões extremamente equivocas em relação ao homem cego (principalmente fazê-lo falar, utilizando diálogos péssimos ainda por cima) que chegam muito perto de comprometer o filme em sua totalidade. Felizmente, porém, "O Homem nas Trevas" consegue se recuperar no último momento, levando a um dos melhores filmes de terror do ano. Ao contrário do que acontece na maioria dos casos, gosto mais do filme a cada vez que penso sobre ele, e certamente recomendo a experiência de assisti-lo no ambiente escuro de uma sala de cinema.
Ótimo
Por Obi-Wan
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