sábado, 1 de outubro de 2016

Crítica: "Horizonte Profundo: Desastre no Golfo"

Horizonte Profundo: Desastre no Golfo
(Deepwater Horizon)
Data de Estreia no Brasil: 10/11/2016
Direção: Peter Berg
Distribuição: Paris FIlmes


       Hollywood adora uma tragédia. Os chamados "filmes de desastre" tem praticamente um gênero só seu dentro da indústria do cinema e costumam fazer muito sucesso com o público. O lado positivo dessa ampla produção é que há uma gama muito variada de filmes que exploram a temática, indo desde desastres apocalípticos (como por exemplo "O Dia Depois de Amanhã" (2004)) até representações de acontecimentos reais. "Horizonte Profundo" se encaixa neste último grupo, mostrando a perspectiva do engenheiro Mike Williams sobre as últimas horas que antecederam o maior acidente já registrado em uma petrolífera, a explosão da Deepwater Horizon no mar do Golfo em abril de 2010, responsável por causar um gigantesco derramamento de petróleo e um dos maiores desastres ecológicos recentes.
         O grande trunfo de "Horizonte Profundo" é funcionar muito bem tanto como um filme de ação quanto como um drama. Ao optar por começar a história com Williams (Mark Wahlberg) o filme consegue dar um necessário peso dramático para a história, uma vez que é praticamente impossível fazer um bom filme de desastre sem que o público se importe com as vidas em risco. Nessa construção de empatia é fundamental a presença de atores carismáticos e conhecidos do público, como por exemplo Wahlberg, Kate Hudson, Kurt Russel e John Malkovich. O elenco do filme é todo muito competente e há um bom trabalho por parte do roteiro em conferir um peso dramático muito presente à todas as situações de risco envolvendo seus personagens.
            O segundo aspecto fundamental de "Horizonte Profundo" é também extremamente bem executado. As cenas de ação conseguem criar um sentimento de urgência e realismo que são raros nesse tipo de filme (principalmente os dirigidos por Roland Emerich). Peter Berg demonstra ser um diretor muito capaz, escolhendo de maneira precisa seus enquadramentos de câmera de modo a criar uma sensação de claustrofobia e temor compartilhada entre público e personagens. Gosto muito de algumas cenas em que a câmera leva o público ao submarino, explorando a parte de perfuração da máquina petrolífera e mostrando o cimento que mantém toda a estrutura prestes a ceder. Esta simples escolha do diretor cria um efeito muito competente, uma vez que o fato de o público saber mais do que os personagens sobre o destino que os aguarda gera um sentimento de apreensão pela tragédia anunciada ignorada por todos a bordo.
        O roteiro e a montagem do filme são também muito inteligentes ao "girar" a narrativa utilizando-se bem de seus vários personagens coadjuvantes para transmitir a impressão de um ambiente "vivo", que equilibra muito bem o drama com a ação. Senti falta, porém, de um peso maior dedicado ao lado de fora da petrolífera, às pessoas que esperavam apreensivamente notícias sobre seus amigos e parentes (principalmente a personagem de Kate Hudson, que já havia aparecido com ênfase no começo do filme). Faltou também de um tom mais crítico. O filme até ensaia alguns julgamentos com relação à ganância dos responsáveis pela gerência da petrolífera, mas as críticas são um pouco rasas e ausentes dada à magnitude do desastre.
        Por outro lado, algo que me agradou muito no filme foi a ausência de uma glorificação dos atos de heroísmo por parte de alguns dos envolvidos no desastre. Não que "Horizonte Profundo" deixe de mostrar algumas das ações altruístas de membros da tripulação, mas o faz na maior parte do tempo de maneira bastante discreta e natural. O interessante é que não há nenhuma trilha sonora exagerada ou planos que destaquem a figura de Mike Williams como um herói. Isso é raro no cinema e combina muito com o filme, respeitando as perdas dos 11 membros da tripulação mortos naquele dia. Respeitoso, muito bem planejado e executado, "Horizonte Profunto" vai além de fazer jus ao desastre que se propõe a narrar: é também uma grande fonte de entretenimento.









Ótimo

Por Obi-Wan

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