sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Crítica: "Brooklyn"

Brooklyn
Data de Estréia no Brasil: 11/02/2016
Direção: John Crowley
Distribuição: Fox Searchlight Pictures

Não é muito comum eu escolher um filme aleatoriamente para assistir sem que saiba minimamente qual a sinopse do filme. Porém, quando decidi ver “Brooklyn” não sabia nada do filme além de que estava entre os indicados à melhor filme no Oscar deste ano. E foi uma agradável surpresa.
Eillis Lacey (Saoirse Ronan) é uma jovem irlandesa cujos sonhos e expectativas não se encaixam na pequena cidade que vive. Assim decide tentar a vida longe da família, mudando-se para a terra das oportunidades, os EUA. Logo no início ela descobre que a vida sozinha e sem a família por perto não será tão fácil. O ambiente se mostra bem mais hostil do que ela esperava. Aos poucos Eillis consegue se adaptar à vida em Brooklyn, e é nesse momento que conhece Tony (Emory Cohen) com que inicia um relacionamento. Contudo após uma noticia vinda da Irlanda ela é obrigada a voltar, alterando seus planos nos EUA.

A realidade que encontra em seu retorno é completamente diferente daquela que fez com que Ellis deixasse a Irlanda. É esse novo cenário reestrutura a narrativa mostrada até então, se antes o rumo certo era retornar à sua vida em Brooklyn agora Eillis fica dividida entre duas vidas, a que se iniciava nos EUA e a que se desenha na Irlanda.
O filme não possui pretensões grandiosas e sua história é bastante simples, nada que já não tenhamos visto no cinema. Não há nele um grande desenvolvimento dos personagens coadjuvantes, todos eles orbitam em torno de Eillis e trabalham para o desenvolvimento da sua história. Porém a maneira como o filme é conduzido envolve completamente o espectador, fazendo com que nos importemos com o desfecho final da personagem principal. A menina que deixou para trás sua família para tentar viver sua própria vida e que enfrentou situações complicadas completamente sozinha, pela primeira vez tendo que agir como uma adulta. A identificação com a personagem se torna algo natural.
A qualidade do trabalho de Soairse Ronan sustenta muito bem o longa, talvez uma atriz de menor talento fizesse com que o filme fosse bem menos cativante. É muito pela sua atuação que a personagem tenha tanta empatia.
Algo que me incomodou, mas não prejudica em nada a narrativa, foram alguns efeitos necessários para ambientação nos anos cinqüenta, que deixam “Brooklyn” com um aspecto de filme para a TV de não tão boa qualidade. Sendo um filme mais independente faltam certos recursos que corrijam essas imperfeições.

            Ainda que hoje me interesse por gêneros variados de filme, evitando um ou outro que realmente não se encaixa comigo, histórias como a de “Brooklyn” sempre acabam me chamando atenção, ainda mais quando são tão bem contadas. Na maioria das vezes tudo que queremos em um filme é simplesmente aproveitar sem a necessidade de refletir ou nos incomodarmos com o que vemos nele. Portanto, se você está procurando um filme sem muitas complicações, que conte uma história simples, envolvente e personagens com cativantes, “Brooklyn” é uma excelente escolha.


Ótimo
Por Naiara Busulo

2 comentários:

  1. Eu acho que Brooklyn pode ter essa ideia de filme despretensioso no início, mas eu vejo uma discussão de fundo muito interessante e relevante, principalmente pro ano de 2015, que é a questão da imigração. Por mais que não seja algo tão intenso, é problematizado. Eu acho que esse filme, amorzinho e bonitinho, veio pra incomodar, por mais que sutilmente. Não dá pra deixar de pensar em todos os caminhos que estão sendo feitos pelos imigrantes do Oriente Médio na Europa, por exemplo. Ou, ainda, nos latinos que tentam, diariamente, entrar o território estadunidense, e não têm sua cultura e existência tão bem recebida.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O interessante é que o filme consegue discutir todos estes temas complexos envolvendo imigração a partir de uma trama simples e que também funciona como um bom romance

      Excluir