(The Danish Girl)
Data de estréia no Brasil: 11/02/2016
Direção: Tom Hooper
Distribuição: Focus Features
"A Garota Dinamarquesa" conta a impressionante história de Einar Wegener, um pintor dinamarquês nascido no final do século XIX que progride ao longo da década de 1920 em um conflito interno entre duas personalidades: a de seu corpo biológico (Einar) e a que sempre esteve em sua mente (Lili), escondida, mas que acaba aos poucos revelando-se em seu comportamento. O roteiro escrito por Lucinda Coxon é baseado no livro de David Ebershoff, lançado em 2002. Ambos remontam a biografia de Lili através dos escritos de seu diário, que foram compilados e lançados em 1933 sob o título de Man into Woman: The First Sex Change, que indica que a operação feita em Lili teria sido a primeira tentativa de mudança de sexo da história. Tal fascinante história real merece ser contada, tanto para servir de inspiração para transexuais que lutam por seus direitos quanto para nos fazer refletir sobre tal realidade.
Outra personagem fundamental para o desenvolvimento da história é Gerda Wegener. Esposa de Einar, é ela quem está sempre junto a personagem, reagindo de diversas formas possíveis a difícil situação que recai sobre ela. A interpretação de Alicia Vikander beira à perfeição, correspondendo a todas as demandas da complexa personagem, em uma interpretação extremamente sutil que consegue transmitir todas as sensações ao público em olhares e gestos. Se Lili é a personagem que o filme se propõe a "estudar", Gerda é uma espécie de conexão entre Lili é o público. Assim, muito da complexidade de emoções causadas pelos acontecimentos narrados do filme fica sob a responsabilidade de Vikander, fazendo com que sua personagem e sua atuação sejam na maioria das vezes tão protagonistas quanto a Lili de Eddie Redmayne.
A trama de "A Garota Dinamarquesa" é muito capaz de emocionar e envolver o público de uma maneira muito profunda. Porém, em alguns momentos o roteiro falha em explorar as diversas camadas psicológicas dos personagens, resultando na simplificação de alguns sentimentos extremamente complexos. As ótimas atuações dos protagonistas ajudam a amenizar o problema, mas ele não deixa de existir. Entretanto, o verdadeiro problema de "A Garota Dinamarquesa" se encontra em outro lugar: o aspecto visual. Tom Hooper é um diretor no máximo medíocre. Sua direção pouco inspirada é daquelas que muito ajudam quando não atrapalham. Porém, para uma história que se desenvolve em tantas camadas, a monotonia visual é extremamente prejudicial para a obra. Os planos de Hooper são completamente desinteressantes e repetitivos, prejudicando em muito a experiência do filme.
Todos nós assistimos a um filme de duas maneiras: uma consciente e uma inconsciente. A segunda forma é completamente subjetiva e depende de boas soluções visuais para que sintamos e percebamos o filme tanto quanto o entendemos. É nesse ponto que "A Garota Dinamarquesa" é extremamente falho. Além da direção que não tem nada a dizer e da fotografia que pouco ajuda, o filme também não se dá ao trabalho de utilizar cores e outros simbolismos para ajudar a contar a história. Isso é de grande prejuízo à envolvente e bem escrita história do filme, que acaba decepcionando por não receber o tratamento cinematográfico adequado. Em mãos mais talentosas, "A Garota Dinamarquesa" tinha potencial para ser junto com "Carol" um dos melhores filmes de 2015. Porém, a grandeza do filme não conseguiu sair do papel em que o roteiro foi escrito.
Bom
Por Obi-Wan
Nenhum comentário:
Postar um comentário