(Sicario)
Ação/Crime/Drama
Data de Estreia no Brasil: 22/10/2015
Direção: Denis Villeneuve
Distribuição: Lionsgate
Quando me perguntaram sobre a trama do filme que estava indo assistir hoje, confesso que, mesmo tendo assistido os trailers, tive dificuldades para explicá-la. Mesmo, após sair do cinema, falar brevemente sobre as linhas gerais da trama de "Sicario" é algo desafiador. Isso de maneira alguma quer dizer que o plot do filme é raso ou esquecível. Pelo contrário, "Sicario" é uma raridade no cinema hollywoodiano atual: um filme que explica pouquíssimo de sua história em diálogos exposicionais. A sensação de desorientação ao assistir o filme é proposital. Assim como a protagonista, Kate Macer, o espectador é levado a sentir-se intimidado frente ao intrincado e complexo mundo dos cartéis de drogas na fronteira entre o México e os Estados Unidos. O material de divulgação transmite (provavelmente de maneira intencional) a equívoca impressão de estarmos prestes a assistir um filme de ação sobre os cartéis, com Macer como a agente badass americana que chega para derrubar todo o esquema.
O que temos ao acompanhar "Sicario" é algo muito diferente dessa proposta mais tradicional descrita acima. Com uma interessantíssima mistura entre o tom seco e catastrófico de "O Abutre" e a desorientação total enfrentada pelo protagonista de "Dia de Treinamento" ao ser jogado dentro de um esquema do qual pouco conhecia, "Sicario" explora o mundo dos cartéis de uma maneira nova que busca fugir dos maniqueísmos característicos de filmes de ação que exploram o tema. Ao invés de sermos levados a entender panoramas mais gerais, o filme explora experiências e relações pessoais, voltando sempre ao tema "família", muito comum em filmes de máfia.
A ótica pela qual enxergamos o filme é a da personagem de Emily Blunt (Kate Macer), uma competente agente do FBI que tem a função de "limpar a sujeira" deixada pelo interminável conflito entre os órgãos governamentais e os cartéis. A atriz consegue transmitir com perfeição o misto de resignação e perturbação enfrentado a todo o momento por Macer. Sim, ela é extremamente competente no que faz, mas não tem o preparo necessário para lidar com a pressão psicológica de ser atirada no "mundo de lobos" produzido pela interminável guerra em Juaréz. Blunt talvez consiga uma merecida indicação ao Oscar de 2016, mas "Sicario" não é o tipo de filme em que um ator carrega sozinho o peso de protagonizar o filme.
Isso se dá porque, apesar do que o filme dá a entender em seus minutos iniciais, Blunt não é a protagonista absoluta do filme, pois este também dedica muito de seu tempo de tela aos personagens de Josh Brolin e Benicio Del Toro, cada um a sua maneira extremamente representativos do mundo que o filme constrói. Ambos os atores dão excelentes performances e arrisco dizer que pelo menos um deles aparecerá na categoria de coadjuvante (provavelmente Del Toro). Outro grande destaque de "Sicario" é o belíssimo trabalho de direção feito por Dennis Villenueve, diretor extremamente versátil que consegue entender de maneira impecável as exigências da trama de cada um de seus filmes, construindo toda uma estética e um ritmo que contam perfeitamente a história que o roteiro se pretende a transmitir.
A fotografia e cinematografia de "Sicario" são também impecáveis, trabalhando junto com o restante dos elementos para construir cenas memoráveis, principalmente mais para o fim do filme. A única falha que consigo ver no filme neste momento é sua duração, que parece um pouco longas devido a algumas cenas e sub-tramas que se estendem por um tempo demasiadamente longo no segundo ato. 1h45 seria o tempo de duração ideal para "Sicario", que tem algo em torno de 2h. Juntando-se isso ao pesado tema narrado, o filme pode parecer um tanto quanto cansativo em determinados momentos. Nada disso altera minha impressão final de que "Sicario" é um filme extremamente bem polido em todos os seus aspectos, trazendo uma visão fresca e interessante a um tema que já estava se tornando repetitivo.
Excelente
Por Obi-Wan
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