Por André Arruda Nascimento
Durante
boa parte da minha vida meu relacionamento com a música e com o cinema se
desenvolveu de forma paralela. Embora eu sempre nutrisse profundo amor por
ambas as artes, poucos momentos me fizeram relacionar diretamente o meu
sentimento pelas duas. Claro, cinebiografias, documentários e musicais estão
sempre aí para garantir relações intensas entre a música, cinema e o
espectador, mas aquele sentimento direto que simplesmente entra em nossa mente
e deixa marcada para sempre aquele momento com uma cena e a música unidas como
um todo é raro.
Canto
That Thing You Do! e me sinto parte dos
Wonders (ou Oneders, como preferir), canto Tiny Dancer com todos os integrantes
do Steelwater no ônibus e me sinto parte daquele momento mágico de reunião,
mas acima de tudo, até hoje se ouço Johnny B. Good, não penso em Chuck Berry
(calma, não me odeie) mas penso em Marty McFly.
Hoje,
21 de outubro de 2015, se tornou obrigatório falar de “De Volta Para o Futuro”.
Porém, enquanto tantos apontaram as diferenças e semelhanças entre o “presente”
proposto pelo filme e o presente que vivemos, só consegui pensar na relação
intima que possuo com o clássico de 85. Tive a oportunidade de ver o primeiro
filme no cinema, uma experiência fantástica numa sessão lotada, e ainda assim a
cena que mais me impactou não foi o grandioso terceiro ato, mas sim o show de
Mcfly no baile.
Automaticamente
aquele momento genial me remeteu ao momento que ganhei minha primeira guitarra,
quando aprendi minha primeira música, quando escrevi minha primeira canção e
não mostrei pra ninguém por medo de ser julgado (sim, a insegurança de um
Mcfly) e me lembrei de ver essa cena pela primeira vez e praticar incessantemente
a abertura da música. Sim, uma música sensacional, mas que ganha outros
contornos quando a toco: não sou mais eu, não sou Chuck Berry, sou Marty Mcfly
e sempre que termino a música me imagino dizendo “Acho que vocês não estão
prontos para isso, mas seus filhos vão adorar!”
Eis
um dos porquês eu amo o cinema!
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