(The Legend of Tarzan)
Data de Estreia no Brasil: 21/07/2016
Direção: David Yates
Distribuição: Warner Bros.
Baseado na clássica história de Edgar Rice Burroughs, "A Lenda de Tarzan" é um filme em live action que tenta se distanciar da clássica animação da Disney, buscando por uma visão mais "realista" sobre a história do personagem. A trama acompanha um Tarzan vivendo no castelo de sua família em Londres, sob o nome aristocrático John Clayton III. Tarzan é convencido por George Washington Williams, um americano enviado em missão diplomática à Inglaterra, a viajar até o Congo para investigar denúncias de escravização da população local por parte dos belgas à serviço do Rei Leopoldo, proclamado desde 1884 protetor da região. Dessa forma, 8 anos depois de partirem em direção a Inglaterra, Jane e Tarzan retornam à África, onde caem em meio a tramas de conspiração envolvendo o rei belga e seu emissário, Leon Rom.
"Tarzan" (1999) é um dos primeiros filmes dos quais tenho memória, motivo pelo qual mantive desde cedo uma ligação de afeto com o filme. Porém, não há como negar que sua trama excêntrica só funcionou em um filme moderno por se tratar de uma animação dos estúdios Disney, onde animais falantes sempre foram a regra. Entretanto, tentar lançar um filme "adulto" que reconta a lenda de Tarzan em pleno ano de 2016 é um tiro no pé. O filme até se esforça para dar um senso de credibilidade para a história que pretende contar, mas com isso consegue apenas piorar ainda mais a situação, gerando uma série de momentos verdadeiramente patéticos. Ver homens adultos gerados por computação gráfica se balançando em cipós que não parecem ter fim é uma das coisas que quebram completamente o envolvimento do público com o filme.
"A Lenda de Tarzan" nunca chega a ser verdadeiramente um filme ruim ou insuportavelmente chato, mas em nenhum momento durante todos os seus 110 minutos de duração senti que haveria ali a possibilidade para se construir um filme que fosse alguma coisa além de medíocre. A premissa é simplesmente datada demais para que se tentasse extrair dali um filme com algum peso dramático. O real problema de "A Lenda de Tarzan" é a incapacidade demonstrada por seus produtores de perceber essa imutável incongruência da trama com a realidade do século XXI, produzindo um roteiro que tenta se levar a sério demais para conseguir gerar o filme de entretenimento sem cérebro que deveria ter sido. Ao invés disso, a narrativa devota tempo demais na tentativa de desenvolver personagens que não poderiam jamais ser mais do que caricaturas e estereótipos produzidos há mais de um século atrás.
O filme nunca se permite ser divertido, apostando em um tom pesado ao estilo "Homem de Aço". Porém, a mistura com o cenário histórico da região do Congo do fim do século XIX faz com que esta tentativa seja fadada ao fracasso desde o início. Os atores até se esforçam, mas o roteiro lhes dá personagens unidimensionais demais para que conseguissem fazer algo acima da média estabelecida. Alexander Skarsgard é inexpressivo demais para alguém que passou a infância e adolescência inteiras sem o uso da fala para se comunicar. Cristoph Waltz, por sua vez, não faz nada além de ser Cristoph Waltz. O único personagem realmente carismático e com algum tipo de destaque é o Williams de Samuel L. Jackson. O resto é absolutamente esquecível, incluindo no pacote a direção de David Yates que apenas cumpre tabela e a pouco inspirada fotografia de Henry Braham, que exploram mal o cenário fornecido pelo filme, criando um visual água-com-açúcar que infelizmente é perfeitamente compatível com a qualidade do roteiro.
O reino animal é praticamente esquecido por "A Lenda de Tarzan", que na busca por algo mais realista introduz um elemento novo em relação à história clássica: uma maior participação de grupos nativos da região do Congo na história de Tarzan. Posso ter deixado algo passar ou simplesmente estar enganado, mas não vi nada de drasticamente problemático ou racista na retratação destes grupos. Por outro lado, eles em nenhum momento deixam de ser mais do que meros coadjuvantes que o roteiro utiliza quando lhe convém. Tivessem mais protagonismo, talvez a história do filme pudesse ser mais interessante. "A Lenda de Tarzan", no entanto, não consegue escapar do beco sem saída criado por sua premissa extremamente datada, criando um filme que, se por um lado não chega a ser um desastre, tampouco dá alguma demonstração de querer sair da mediocridade.
Regular
Por Obi-Wan
Nenhum comentário:
Postar um comentário