terça-feira, 26 de julho de 2016

Crítica: "Jason Bourne"

Jason Bourne
Data de Estreia no Brasil: 28/07/2016
Direção: Paul Greengrass
Distribuição: Universal Pictures


       Lançado há 14 anos atrás, "A Identidade Bourne" (2002) foi um enorme divisor de águas em se tratando do gênero de filmes de espionagem. Este que, desde os clássicos filmes de James Bond dos anos 1960, sempre havia sido marcado pela elegância e carisma do personagem principal e história imersa em um forte subtexto de Guerra Fria, mudou completamente a partir de Bourne. A polêmica escalação de Matt Damon como protagonista já dava indícios de que este seria um filme completamente diferente. Com um protagonista muito mais sisudo e uma ação que apostava em brutalidade e realismo em detrimento do estilo, a trilogia Bourne cativou o público com sequências incrivelmente bem filmadas e coreografadas, um interessante mistério envolvendo a origem e identidade do protagonista e, principalmente, o senso de originalidade latente que trazia para o gênero. É exatamente isso o que falta para o filme sobre o qual falo agora.
        A trilogia de filmes de Jason Bourne foi concluída de maneira perfeita pelo excelente "O Ultimato Bourne", que respondia algumas das dúvidas geradas pelos filmes anteriores, mas ao mesmo tempo deixava várias outras em aberto, incluindo o futuro do personagem. A franquia Bourne deveria ter ficado assim. Já em 2012 havia sido lançado um fraco spin-off da franquia, "O Legado Bourne", estrelado por Jeremy Renner. O filme não rendeu o dinheiro esperado pelo estúdio, que passou a buscar a volta de Matt Damon e Paul Greengrass para um novo filme. Isso gerou grande expectativa entre os fãs da franquia, que esperavam a volta da qualidade e originalidade dos filmes anteriores, algo que infelizmente não aconteceu. "Jason Bourne" é muito mais semelhante a "O Legado Bourne" do que aos demais filmes estrelados por Matt Damon, por um simples motivo: total falta de inspiração. 
           Claramente não há aqui nenhum forte motivo que justifique a volta do personagem ao cinema. Em grande parte, o que fez da trilogia Bourne tão envolvente foi sua maneira extremamente capaz de contar a história de um personagem misterioso. O que mais prende o público (além das cenas de ação, obviamente) é a vontade de ir aos poucos montando as várias peças do quebra-cabeça do passado de Jason Bourne como agente da CIA. Com grande parte do mistério resolvido após o filme de 2007, "Jason Bourne" não consegue encontrar uma nova maneira de explorar seu personagem principal e fazer com que o público se envolva com sua história, apostando em novas revelações envolvendo a natureza da decisão de Bourne de entrar para o programa Treadstone que simplesmente não funcionam e tampouco são interessantes e significativas o suficiente para justificar a retomada da história do personagem. 
             Além da presença do ótimo Matt Damon, "Jason Bourne" conta com um excelente elenco de atores coadjuvantes: Tommy Lee Jones, Vincent Cassel e Riz Ahmed se esforçam para conferir personalidades interessantes a seus personagens. O problema é que o roteiro não oferece uma boa matéria-prima para nenhum dos atores, desenvolvendo muito mal as motivações de seus personagens, que por conta disso acabam sendo completamente simplistas e unidimensionais. O único destaque fica por conta de Alicia Vikander, que interpreta de maneira muito competente uma jovem agente da CIA que busca subir dentro da hierarquia da agência. Sua personagem e a do próprio Bourne são responsáveis por conferir alguns dos melhores momentos do filme, mas mesmo estes acabam empalidecendo enormemente se comparados com o restante da franquia.
            Dessa forma, o real destaque de "Jason Bourne" fica mesmo por conta de suas cenas de ação, todas extremamente bem coreografadas e executadas, em particular uma perseguição que acontece no fim do terceiro ato do filme. Paul Greengrass é extremamente competente em capturar cada momento da ação, com sua câmera segurada na mão e um pouco tremida que ajuda a dar um senso de realidade e imersão necessárias para sua perfeita execução. Interessante também é a forma como o filme vilaniza as medidas implacáveis tomadas pela agência, sempre em nome de um abstrato e propositalmente maleável conceito de "segurança nacional". No entanto, isso acaba sendo muito pouco para um filme que gerou tanta expectativa entre os fãs do gênero de ação e do ícone que se tornou Jason Bourne. Assim como o mais recente filme de James Bond, "Jason Bourne" não é em nenhum aspecto um filme ruim, mas certamente não empolga e não consegue fazer jus ao personagem e a franquia da qual faz parte.







Bom

Por Obi-Wan

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