segunda-feira, 18 de julho de 2016

Crítica: "Life - Um Retrato de James Dean"

Life - Um Retrato de James Dean
(Life)
Drama
Data de Estreia no Brasil: 21/07/2016
Direção: Anton Corbijn
Distribuição: Paris Filmes



James Dean é um dos maiores ícones da história do cinema. Com apenas três filmes em seu currículo como protagonista (três clássicos: Vidas Amargas, Juventude Transviada e Assim Caminha a Humanidade), Dean se tornou a personificação das angustias rebeldes de uma geração inteira não só por seus papeis e atuações memoráveis, mas também por ter estabelecido a sua imagem melancólica e desordeira tão características no ensaio fotográfico que fez com Dennis Stock para a revista Life de 1955. Este turbilhão emocional icônico, de uma personalidade complexa, é o centro desta obra "Life - Um Retrato de James Dean", a qual foca-se justamente no trabalho árduo de Stock para para criar o retrato emblemático de um talentoso artista com um fim trágico e prematuro.
Desde já é importante ressaltar que, apensar de seus graves problemas de ritmo, "Life" representa um estudo interessante de personagem por dar complexidade não só ao famoso astro do cinema, como também ao artista que criou as famosas fotos. Assim, o roteiro pinta um quadro complexo que sempre deixa claro as motivações e os medos de seus personagens, dando a oportunidade para que Robert Pattinson e Dane DeHaan (Stock e Dean, respectivamente) possam criar indivíduos que não se prendem a caricatura, mas possuem suas próprias questões e frustrações internas. Pattinson ganha destaque por conseguir transpor um personagem protagonista que possui características de coadjuvante para uma figura com emoções palpáveis, sendo sabotado pelo roteiro quando, para movimentar a narrativa, este decide apostar na indecisão do personagem se vale a pena ou não tirar aquelas fotos, criando uma dinâmica de que este pode ir embora a qualquer momento - um erro ainda maior já que já sabemos qual o resultado relativo às fotos.
Da mesma forma, se DeHaan tropeça ao tentar recriar os trejeitos e o sotaque de Dean (beirando a caricatura), o ator demonstra incrível talento para projetar a melancolia, intensidade e inquietude de seu personagem, algo importantíssimo para compreendermos ainda mais a visão de Stock sobre como o ator se tornaria um marco de sua geração. Dehaan consegue ainda dar leves tons de homoerotismo (presentes em fofocas quanto ao astro há décadas), salientando ainda a preocupação do astro quanto ao rumo que sua carreira tomaria. Entretanto, novamente o roteiro entra em jogo para desestabilizar a narrativa, criando uma estrutura formada apenas por pequenos segmentos de acontecimentos e diálogos que ocorrem de maneira fragmentada, prejudicando e muito o ritmo do longa que aparenta ter duas horas e meia quando não tem nem 120 minutos de duração.
Dirigido por Anton Corbijn (diretor de uma das melhores cinebiografias que já vi, "Control: A História e Ian Curtis"), o filme representa uma tremenda decepção nesse quesito não pelo diretor fazer um trabalho ruim, mas por se mostrar uma abordagem burocrática a qual não lembra em nadas diversos planos magníficos e memoráveis de Control, sendo um trabalho apenas correto. Tal aspecto pode ser dito também quanto a fotografia de Charlotte Bruus Christensen, a qual aposta numa abordagem ordinária sem qualquer inspiração que ressalte mais o melancólico fim de James Dean, ou o ar de ansiedade deste ao longo da narrativa. Ainda, um verdadeiro desastre técnico é a incisão da trilha sonora de Owen Pallett o qual, embora componha uma música coesa e interessante ao ritmo de Jazz improvisado, tem seu trabalho utilizado de maneira completamente arbitrária e incongruente, já que diversos trechos musicais que dão tom de suspense são utilizados em sequencias do filme onde não há qualquer sinal desta atmosfera.
Com um uso terrível de Green Screen (a reconstituição de Nova York da década de 50 é mais que risível, é vergonhosa), mas um domínio de maquiagem, penteado e figurino que dão vida a época que o filme retrata, "Life" termina com um saldo positivo por conseguir emocionar ao retratar bem não só o que James Dean se tornou para a cultura pop, como também por deixar claro que poderia ter feito muito mais com seu talento e com sua vida - mesmo que para isso o filme utilize de uma estrutura de roteiro cansativa que dilui e muito seu efeito. 






Bom

Por Han Solo

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