Ação/ Ficção Científica
Direção: Justin Kurzel
Data de Estreia no Brasil: 12/01/2017
Distribuição: Fox Film do Brasil
Desde que foi anunciada sua produção, “Assassin’s
Creed” fez os cinéfilos do mundo se agitarem em medo e esperança, afinal, todos
já estamos cansados de sofrer (e sim o termo é sofrimento neste caso) com todas
as obras cinematográficas baseadas em vídeo games que bombardearam o cinema ao
longo dos anos. Este era o momento em que muitos diziam que filmes com tais
premissas estavam a beira da morte e caso “Assassin’ Creed” não funcionasse já estaria na hora de abandonar o barco...
E temo que as minhas notícias não são nem um pouco
boas...
Infelizmente, este novo longa de Justin Kurzel com
Michael Fassbender e Marion Cotillard (sim, o mesmo time que integrou o ótimo “MacBeth”)
possui uma falta de lógica em suas sequencias de ação e na construção de seus
personagens, é falho (pra dizer o mínimo) em sua estrutura narrativa e possui
uma estória pouco compreensível: Cal Lynch (Fassbender) é um prisioneiro condenado a
morte e que após ser executado é reanimado pela Dra. Sophie Rikkin (Cotillard). Esta tem um plano de enviar o indivíduo ao século XV através de uma máquina que permite
revisitar as memórias de seu Ancestral, Aguilar, para que ele possa descobrir onde
se encontra um determinado objeto intitulado "Maçã do Éden", o qual seria de
extrema importância para varrer a violência do mapa – já que o filme parte do
pressuposto de que este é um mal genético.
O primeiro erro do longa é revelar ao espectador
que o ancestral de Aguilar possuía o objeto procurado no passado (a tal "Maçã"), fazendo com que todas as incursões do personagem ao anos 1400 soem pouco
urgentes, já que sabemos que qualquer dificuldade enfrentada por Aguilar será
superada enquanto o indivíduo não estiver em posse da “Maçã”. Tal erro de
estrutura ainda se reflete na forma prolixa com a qual o filme resolve
apresentar a intersecção do passado com o presente: sempre que algo realmente
empolgante acontecerá no século XV somos subitamente retirados do período, por
alguma justificativa rasa do roteiro, para que voltemos ao tempo presente,
ficando claro que o único motivo para tal decisão é adiar ao máximo o climax do
filme, sendo que as cenas de ação no passado são tão escassas.
Ainda assim, não é só no papel que tais sequencias falham, pois a abordagem visual de Kurzel é uma bagunça
inacreditável, não lembrando em nada as composições detalhadas que este
comandou em seu longa anterior. Confundindo energia com incompreensão, o
cineasta corta de maneira frenética todas as sequencias de ação, sendo que um
único soco pode ser mostrado em 3 ou 4 posições de câmera diferentes. Porém,
nada é mais embaraçoso do que a forma com que os realizadores resolveram cortar
entre as linhas temporais, tentando mostrar como tudo o que Aguilar realiza
no passado é reconstituído por Cal no presente. Isso amplia o número de cortes
da cena, pois se já tínhamos que ver o mesmo golpe por 4 ângulos diferentes,
ainda é adicionada a equação imagens de Fassbender (como Cal Lynch) socando e
chutando o nada, enquanto cabe a Dra. Rikkin somente narrar frases
motivacionais ás atitudes do rapaz.
E se estes esforços soam como uma ridicularizarão
dos atores envolvidos, acredite, acompanhá-los é uma verdadeira vergonha alheia. A questão é que estes
astros não possuem qualquer material para fazer um trabalho minimamente
interessante, com todos os envolvidos vivendo versões familiares de seus papéis
mais comuns (Jeremy Irons vive uma versão mais calada de sua persona imponente, inclusive). O que
acaba tornando ainda mais triste é ver como realmente há um certo engajamento
dos atores, que se submetem (por rios de dinheiro, vale apontar) a tais
práticas que não fazem jus ao talento deles, com diálogos risíveis sendo
... O que? Achou estranho eu parar minha frase no meio?
Pois é mais ou menos como o filme se comporta, adotando uma narrativa enfadonha em que nada de interessante acontece durante uma hora de projeção, dando indícios
de uma inserida de ação e seguimentos interessantes na estória em seus minutos
finais, para então fechar o filme de forma anticlimática e numa propensão clara à caça-níqueis
que os filmes desta franquia se transformarão, preferindo indicar a existência
de sequencias posteriores do que qualquer elemento meramente relevante para
transformar as suas quase duas horas de duração (que parecem três) em um tempo
perdido com o mínimo de relevância.
Com uma fotografia escurecida e sem vida, o longa
ainda se agrava em qualidade ao utilizar do 3D de maneira absurda somente em planos
gerais sempre (SEMPRE!!!) acompanhados de uma maldita águia que, se funciona
como referência ao jogo em seus minutos iniciais, depois de um tempo se
transforma em uma repetição irritante e pouco eficaz, utilizada somente para que
Kurzel empregue do 3D em vôos entre colinas e prédios – E o fato de essa ser a
perspectiva escolhida pelos realizadores ao utilizar tal tecnologia só mostra o
quão falha é a produção, já que o 3D, dessa maneira, lembra uma atração de
shopping.
Utilizando dos piores elementos da estória dos
jogos (como a já apontada genética da violência), “Assasin’s Creed” começa
levemente promissor em seus 10 minutos iniciais, se torna maçante em sua
primeira hora e completamente insuportável em sua hora final. Em outras
palavras: é um filme de ação raso e chato. E se você pretende ver o longa por seu
“salto de fé” saiba que o destino inevitável é dar com a cara no chão.
Por Han Solo
Ruim
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