quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Crítica: "Assassin's Creed"

Assassin's Creed
Ação/ Ficção Científica
Direção: Justin Kurzel
Data de Estreia no Brasil: 12/01/2017
Distribuição: Fox Film do Brasil


Desde que foi anunciada sua produção, “Assassin’s Creed” fez os cinéfilos do mundo se agitarem em medo e esperança, afinal, todos já estamos cansados de sofrer (e sim o termo é sofrimento neste caso) com todas as obras cinematográficas baseadas em vídeo games que bombardearam o cinema ao longo dos anos. Este era o momento em que muitos diziam que filmes com tais premissas estavam a beira da morte e caso “Assassin’ Creed” não funcionasse já estaria na hora de abandonar o barco...
E temo que as minhas notícias não são nem um pouco boas...

Infelizmente, este novo longa de Justin Kurzel com Michael Fassbender e Marion Cotillard (sim, o mesmo time que integrou o ótimo “MacBeth”) possui uma falta de lógica em suas sequencias de ação e na construção de seus personagens, é falho (pra dizer o mínimo) em sua estrutura narrativa e possui uma estória pouco compreensível: Cal Lynch (Fassbender) é um prisioneiro condenado a morte e que após ser executado é reanimado pela Dra. Sophie Rikkin (Cotillard). Esta tem um plano de enviar o indivíduo ao século XV através de uma máquina que permite revisitar as memórias de seu Ancestral, Aguilar, para que ele possa descobrir onde se encontra um determinado objeto intitulado "Maçã do Éden", o qual seria de extrema importância para varrer a violência do mapa – já que o filme parte do pressuposto de que este é um mal genético.
O primeiro erro do longa é revelar ao espectador que o ancestral de Aguilar possuía o objeto procurado no passado (a tal "Maçã"), fazendo com que todas as incursões do personagem ao anos 1400 soem pouco urgentes, já que sabemos que qualquer dificuldade enfrentada por Aguilar será superada enquanto o indivíduo não estiver em posse da “Maçã”. Tal erro de estrutura ainda se reflete na forma prolixa com a qual o filme resolve apresentar a intersecção do passado com o presente: sempre que algo realmente empolgante acontecerá no século XV somos subitamente retirados do período, por alguma justificativa rasa do roteiro, para que voltemos ao tempo presente, ficando claro que o único motivo para tal decisão é adiar ao máximo o climax do filme, sendo que as cenas de ação no passado são tão escassas.
Ainda assim, não é só no papel que tais sequencias falham, pois a abordagem visual de Kurzel é uma bagunça inacreditável, não lembrando em nada as composições detalhadas que este comandou em seu longa anterior. Confundindo energia com incompreensão, o cineasta corta de maneira frenética todas as sequencias de ação, sendo que um único soco pode ser mostrado em 3 ou 4 posições de câmera diferentes. Porém, nada é mais embaraçoso do que a forma com que os realizadores resolveram cortar entre as linhas temporais, tentando mostrar como tudo o que Aguilar realiza no passado é reconstituído por Cal no presente. Isso amplia o número de cortes da cena, pois se já tínhamos que ver o mesmo golpe por 4 ângulos diferentes, ainda é adicionada a equação imagens de Fassbender (como Cal Lynch) socando e chutando o nada, enquanto cabe a Dra. Rikkin somente narrar frases motivacionais ás atitudes do rapaz.
E se estes esforços soam como uma ridicularizarão dos atores envolvidos, acredite, acompanhá-los é uma verdadeira vergonha alheia. A questão é que estes astros não possuem qualquer material para fazer um trabalho minimamente interessante, com todos os envolvidos vivendo versões familiares de seus papéis mais comuns (Jeremy Irons vive uma versão mais calada de sua persona imponente, inclusive). O que acaba tornando ainda mais triste é ver como realmente há um certo engajamento dos atores, que se submetem (por rios de dinheiro, vale apontar) a tais práticas que não fazem jus ao talento deles, com diálogos risíveis sendo



... O que? Achou estranho eu parar minha frase no meio? Pois é mais ou menos como o filme se comporta, adotando uma narrativa enfadonha em que nada de interessante acontece durante uma hora de projeção, dando indícios de uma inserida de ação e seguimentos interessantes na estória em seus minutos finais, para então fechar o filme de forma anticlimática e numa propensão clara à caça-níqueis que os filmes desta franquia se transformarão, preferindo indicar a existência de sequencias posteriores do que qualquer elemento meramente relevante para transformar as suas quase duas horas de duração (que parecem três) em um tempo perdido com o mínimo de relevância.
Com uma fotografia escurecida e sem vida, o longa ainda se agrava em qualidade ao utilizar do 3D de maneira absurda somente em planos gerais sempre (SEMPRE!!!) acompanhados de uma maldita águia que, se funciona como referência ao jogo em seus minutos iniciais, depois de um tempo se transforma em uma repetição irritante e pouco eficaz, utilizada somente para que Kurzel empregue do 3D em vôos entre colinas e prédios – E o fato de essa ser a perspectiva escolhida pelos realizadores ao utilizar tal tecnologia só mostra o quão falha é a produção, já que o 3D, dessa maneira, lembra uma atração de shopping.
Utilizando dos piores elementos da estória dos jogos (como a já apontada genética da violência), “Assasin’s Creed” começa levemente promissor em seus 10 minutos iniciais, se torna maçante em sua primeira hora e completamente insuportável em sua hora final. Em outras palavras: é um filme de ação raso e chato. E se você pretende ver o longa por seu “salto de fé” saiba que o destino inevitável é dar com a cara no chão.





Por Han Solo
Ruim

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