Creed - Nascido Para Lutar
(Creed)
Drama
Data de Estreia no Brasil: 14/01/2016
Direção: Ryan Coogler
Distribuidora: Warner Bros.
Assim
como seu protagonista, “Creed – Nascido Pra Lutar” é um filme que tenta se
afastar da imagem de seu “pai”, a franquia “Rocky”, batalhando pro traçar seu
próprio caminho num meio brutal e competitivo. É claro, aqui e ali a nostalgia
de rever velhos rostos, contar velhas histórias e emocionar com o que nos é
conhecido se posta no centro do dilema e do desenvolvimento tanto de filme
quanto personagem.
Centrado
na figura de Adonis Creed, filho de Apolo Creed, o filme acompanha a história
do garoto briguento que, após largar seu emprego executivo, parte
definitivamente para a carreira de boxeador, sendo treinado por nada mais nada
menos que o “Garanhão Italiano”, Rocky Balboa. A partir da dinâmica certeira
entre estes dois personagens e os fantasmas de suas vidas é que o filme engrena
em uma luta intimista e delicada sobre a própria vida.
Estabelecendo
o velho espírito humanista no conflito da esperança com a própria desilusão,
que a franquia havia perdido a partir de Rocky III e resgatado em Rocky Balboa
(Rocky VI), o sétimo filme da série é muito bem construído em sua carga
dramática e brilhantemente arquitetado pelo diretor Ryan Coogler que, seja por
um plano detalhe de punhos serrados ou mesmo num belíssimo plano sequencia de
uma luta inteira, entrega um trabalho conciso e bem pensado em sua linguagem.
Linguagem essa que nunca deixa de referenciar (na medida
exata) o restante da icônica vida cinematográfica de Rocky Balboa, seja por
suas locações, personagens ou mesmo dilemas enfrentados por estes. Assim, a
trilha sonora (composta por Ludwig Göransson) brinca brilhantemente com as emoções do
expectador ao utilizar de partes da melodia clássica de “Gonna Fly Now” (composta
por Bill Conti) dentro de novos ritmos e estilos musicais. O clima nostálgico
dos aspectos técnicos conecta-se ao filme tanto quanto as figuras que passam
pela tela.
Aliás,
as atuações são um show a parte. Encarnando o protagonista com uma vivacidade,
violência e fragilidade dignas da complexidade do personagem, Michael B. Jordan
pode esquecer que participou de Quarteto Fantástico e colocar o desempenho neste
filme no topo de seu currículo, fazendo com que ainda fiquemos sensibilizados
com um protagonista tão “fechado” psicologicamente.
Mas
quem rouba a cena é mesmo Silvester Stalone que nos faz lembrar do jovem ator
que outrora fora chamado de “Novo Marlon Brando”. Note a fragilidade que o ator
consegue transparecer na tela com a forma com que modula seu tom de voz e
cadencia para dar informações dúbias (repare na resposta a pergunta feitaa por
Adonis dentro do restaurante do veterano boxeador que você perceberá o
brilhantismo) ou mesmo na sua respiração pesada que denota claramente a sua
idade avançada (o que contrasta com o fato de que este é o astro de uma
franquia de ação ainda que com 69 anos e com um vigor físico invejável).
Fazendo jus a indicação ao globo de ouro que este recebeu e sua também provável
no Oscar.
Sendo
com toda certeza não um filme sobre boxe, mas um drama que posta a violência e
frustração esportiva como reflexo das próprias batalhas internas do indivíduo,
assim como os mestres “Touro Indomável” e “Rocky” já haviam ensinado, “Creed” é
uma força da natureza que não rejeita seu passado por completo, mas o utiliza
como desenvolvimento das suas questões próprias. Na luta contra as expectativas
e desconfianças em torno de sua figura, o filme é uma exemplo de superação e um
verdadeiro nocaute.
Excelente
Por Han Solo
Por Han Solo
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