sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Crítica: "Spotlight - Segredos Revelados"

Spotlight - Segredos Revelados
(Spotlight)
Drama/Biografia
Data de Estreia no Brasil: 07/01/2015
Direção: Tom McCarthy
Distribuição: Sony pictures

"EXTRA! EXTRA! SPOTLIGHT É UM FILME SENSACIONAL! EXTRA! EXTRA!"
No dia 7 de janeiro de 2016, o filme “Spotlight – Segredos Revelados” estreou no Brasil com a temática pesada da investigação jornalística de uma equipe do Boston Globe sobre a corrupção institucional da igreja católica em seu esquema de proteção e omissão de membros do clero pedófilos. A matéria que venceu um prêmio Pulitzer é o centro narrativo desta obra cinematográfica que pode vir a ser um dos favoritos a vencer o Oscar. O História em 35mm estava lá para cobrir a projeção.
 Dirigido por Tom McCarthy (que também assina o roteiro ao lado de Josh Singer) o filme faz justiça ao comparativo que tanto se faz com obras como “Todos Os Homens do Presidente” e “Zodíaco”, não só por seu tom investigativo e jornalístico, mas principalmente em sua abordagem visual. Esta é fundamentada numa lógica visual brilhante de McCarthy que conduz a narrativa com fluidez seja por travellings que nos guiam pela redação do jornal, além de nos darem uma noção da geografia do local, ou mesmo na composição de seus quadros que, montados de maneira econômica, conseguem aproveitar todo o espaço de tela para que diversos personagens reajam de formas diferentes a qualquer informação nova. 

(A EQUIPE DO HISTÓRIA EM 35MM TENTOU FAZER CONTATO COM TOM MCCARTHY PARA SABER COMO ELE PÔDE DIRIGIR O HORRÍVEL "TROCANDO OS PÉS" COM ADAM SANDLER, MAS O DIRETOR NÃO QUIS DAR QUALQUER DECLARAÇÃO SOBRE O CASO).

Informações estas que a dupla de roteiristas sabe expor com cautela e sensibilidade para que o próprio expectador participe da montagem do quebra-cabeça. Sem soar didático demais ou mesmo vago, o filme caminha numa linha delicada numa abordagem magnífica dos assuntos, no mínimo, polêmicos, contando assim com uma edição e montagem sublime já que o corte das cenas é perfeito e a intercalação destas é magistral por expor diversas informações em situações que ocorrem paralelamente e que nem sempre se mostram diretamente ligadas à primeira vista. O filme é assim um deleite visual para qualquer expectador atento.

Perguntado sobre as qualidades da película, nosso colega de redação, Obi-Wan Kenobi, afirma: “O filme acerta em cheio em tudo o que se propõe a fazer, o tema é extremamente interessante e o filme nunca deixa de ser envolvente. o elenco faz um trabalho fenomenal...”. E realmente é notável o nível absurdamente competente de todas as atuações, se Rachel McAdams consegue recriar um misto de obstinação, culpa e dúvida, Mark Ruffalo (um dos melhores atores de sua geração) brilha com sua atuação magnética repleta de energia, dando espaço para que o restante do elenco faça um trabalho sublime em benefício somente do filme e não para chamar atenção para si.

Não que este seja um filme no qual haja uma simples visão romanceada do jornalismo, pois não é. Apresentando personagens extremamente complexos que erram e acertam a medida que o filme se desenrola, podemos observar ao longo da narrativa o embate entre os envolvidos nas investigações, sendo a frustração e a falta de convicção elementos constantes na narrativa que nunca dá ao expectador um minuto para respirar, pois há sempre uma nova informação, um novo objetivo, um novo impasse que movimenta a história de forma sempre interessante e nunca melodramática.

“... O ritmo e o tom do filme casam com perfeição com o roteiro e a direção inspirada e competente.” – Obi-Wan Kenobi.

Funcionando ainda como um comentário eficaz sobre a banalização do termo “notícia” (já que até a origem não cristã de um redator é colocada como relevante para uma matéria de jornal), "Spotlight" ainda se mostra realmente preocupado com o ato de se fazer o bom jornalismo e a própria corrupção moral e memória seletiva da sociedade, além de levantar temas sociais e a importância da religiosidade para pessoas em situações precárias. Não atacando de forma alguma a fé do indivíduo, mas sim a manipulação deste a partir de instituições calcadas no puro conservadorismo e tendências de proteção a seus aliados (e é mesmo uma pena que tal definição institucional funcione tanto para a Igreja católica quanto para a impressa moderna). O filme acaba abordando ainda não só o caráter sistêmico da pedofilia dentro da igreja, como também as repercussões psicológicas desses milhares de casos que muitas vezes ficam no anonimato, sendo com toda certeza um dos melhores e mais interessantes filmes de 2015.


Obs* Até o fechamento desta redação foi confirmado a indicação deste filme para 6 prêmios da academia. 



Excelente


Por Han Solo

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