Joy - O Nome do Sucesso
(Joy)
Data de Estreia: 21/01/2016
Direção: Davi O. Russell
Distribuidora: Fox
David
O. Russel parece cada vez mais fascinado em estudar núcleos familiares
problemáticos que em certo ponto parecem entrar em colapso mesmo que não haja
uma separação total de seus membros psicologicamente quebrados. Foi assim com
“O Vencedor”, “O Lado Bom da Vida”, “Trapaça” e é assim com seu novo trabalho,
“Joy: O Nome do Sucesso”, que o trás novamente contando uma história real, mas
que em muitos pontos a magia do cinema se faz escancarada aos nossos olhos.
Se
existe um mérito a ser destacado a cima de tudo no filme de O. Russel é o fato
de que uma premissa tão simples é executada de maneira interessante e com
bastante energia. Joy Mangano é uma mulher com um talento criativo que um dia
decide patentear uma invenção sua (um tipo de esfregão mais prático e higiênico
para a limpeza), tornando-se mais tarde uma das maiores personalidades
empreendedoras dos Estados Unidos.
Como
pode-se observar, a narrativa é basicamente a jornada da pessoa comum, aquela
com uma idéia na cabeça e que com muito suor e sangue acaba por batalhar por
seus sonhos, e se tal história não soa banal e entediante, muito se deve a atuação
de Jennifer Lawrence que transparece uma infinidade de sentimentos a partir da
sutileza de sua composição. Sentimos medo e afeto pela personagem que se
demonstra a “fragilidade” necessária para que nos importemos de verdade com os
problemas que esta enfrenta, ao mesmo tempo em que nem por um segundo
desacreditamos na capacidade da protagonista de superar até as próprias
expectativas. É uma atuação contida e segura, que não aposta em maneirismos e
faz transparecer o talento da jovem atriz.
Ainda
assim, “Joy” conta ainda com um elenco que parece ter encontrado em um todo um
tom homogêneo que beneficia a narrativa ainda que seus papeis se mostrem pouco
complexos (já volto a este tema). Desde mais uma ressurreição de Robert de Niro
como o pai da personagem título, até mais uma participação de Bradley Cooper nos
filmes de O. Russel (sim, o diretor não mantém somente seus temas, mas sua
equipe também) as atuações valem um destaque. Principalmente a deste ultimo
numa sequencia passada dentro de um estúdio de TV no qual Cooper consegue não
somente convencer Joy de que este sabe o que está fazendo, como também o
expectador (e aqui a direção, edição e montagem do filme operam de maneira
perfeita).
Edição
e montagem que por vezes são aplicadas de formas desconexas e muito estranhas,
bastando uma olhada mais atenta no filme para perceber como determinadas falas
foram remanejadas ao longo de cenas na pós-produção do filme (não que isto seja
algo anormal, mas a forma com que o filme realiza é totalmente disfuncional). Além
disso, a justaposição dos dramas dos personagens no tom adotado pelo filme, que
se mune da edição e montagem no percurso, soa drasticamente novelesco. Mas não
se engane, o filme nunca atinge tal aspecto num sentido “Almodóvar”, não há
complexidade o suficiente para chegar perto de tal façanha.
O
que nos leva a aquele que é o grande problema do filme: seu roteiro.
Estabelecendo claramente todos os passos de uma cinebiografia que já apontei em
Steve Jobs, o roteiro (escrito pelo próprio diretor e por Annie Mumolo) utiliza
ainda de um narração em off de Diane Ladd – que vive a avó de Joy - que
desaparece por boa parte do filme sendo utilizada quando somente conveniente e
nunca de forma orgânica, sendo um elemento descartável. Relegando ainda seus
personagens secundários um subdesenvolvimento somente a partir de seus embates
e discussões com Joy, sendo um desperdício reconhecer tantas boas atuações
presas a figuras planas (algo que está a anos luz de distância da complexidade
de personagens em filmes como “O Vencedor” e “O Lado Bom da Vida”, por exemplo).
Além
disso, é impossível não observar como as coincidências narrativas soam como
meras formalidades para se criar drama e prender o expectador na poltrona, já
que o roteiro adota uma estrutura calcada em apresentar um obstáculo para a
cena seguinte ser a superação deste (e isto fragiliza até mesmo seu clímax). Se
por um lado possuímos potencial de momentos divertidos, intensos e dramáticos
com todos os acontecimentos na família Mangano, por outro a todo o momento
somos lembrados de estarmos vendo um filme... Ou melhor, um capítulo de uma
novela estadunidense de duas horas de duração.
Fato
este ainda mais concretizado pela referência estranha (aquilo de forma alguma
pode ser acidental) ao clássico “O Poderoso Chefão”, destoando completamente do
restante do filme, num ponto no qual a direção do cineasta desanda quase que
por completo. O que é mesmo uma pena já que segundos antes este roda um plano
sequencia interessante para a narrativa, além de criar planos muito belos (como
no início do filme com Joy e sua avó conversando contra luz), sem contar em um
uso de uma trilha sonora invejável.
Não sendo um desastre nem tão pouco uma obra prima, “Joy: O Nome do Sucesso” merece aplausos por nos entreter moderadamente, ainda que num vácuo enorme de inventividade e sutileza, algo que é irônico já que o filme retrata de forma medíocre uma mulher om ideias e invenções acima da média.
Não sendo um desastre nem tão pouco uma obra prima, “Joy: O Nome do Sucesso” merece aplausos por nos entreter moderadamente, ainda que num vácuo enorme de inventividade e sutileza, algo que é irônico já que o filme retrata de forma medíocre uma mulher om ideias e invenções acima da média.
REGULAR
Por HAN SOLO
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